Violência policial e autoritarismo, por Ilona Szabó de Carvalho

Taxa de mortos pela polícia do Rio de Janeiro representa 30,3% de todas as mortes violentas registradas no estado em 2019

Foto: Divulgação/PMERJ

Jornal GGN – Embora tenha se celebrado a queda de quase 20% no total de homicídios dolosos no estado do Rio de Janeiro, os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) não pode esconder um dado importante: a taxa de mortos pela polícia chegou a 10,5 para cada 100 mil habitantes no ano passado, o que representa 30,3% de todas as mortes violentas no estado.

“Ao contrário do que muitas pessoas podem acreditar, a violência policial coloca em xeque o uso legítimo da força, essência do Estado democrático de Direito”, explica Ilona Szabó de Carvalho, cientista política brasileira especialista em segurança pública e política de drogas, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo. “Pode também ser um lembrete de que o Estado perdeu o controle sobre sua responsabilidade básica de prover segurança pública para todos”.

A articulista ressalta que o fato de que três em cada dez mortes intencionais registradas no Rio de Janeiro tenham sido cometidas por policiais não pode ser considerado normal, principalmente quando se avalia o contexto histórico e nacional: os 1.810 casos registrados representam um aumento de 18% com relação a 2018 e o maior número de vítimas desde o início da série histórica, em 1998.

E esse aumento não é isolado: em São Paulo, o aumento de mortes praticadas por policiais civis e militares em serviço subiu 12% em 2019.

“A narrativa enganosa de que uma polícia que mata muito pode conter a violência é disseminada e, em alguns casos, promovida por autoridades que, não por acaso, costumam expressar simpatia por restrições às liberdades civis, à expansão da impunidade das forças de segurança e à redução de freios e contrapesos sobre a democracia”, ressalta Ilana.

Redação

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