Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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A humanidade já perdeu. O capital vai ganhar!, por Francisco Celso Calmon

Se o presidente da Ucrânia tivesse uma formação militar e ou mais experiência política saberia que só lhe resta baixar as armas, antes que mais civis despreparados se tornem esquadrões kamikazes

A humanidade já perdeu.  O capital vai ganhar!

por Francisco Celso Calmon

Quando a guerra substitui a diplomacia, o fracasso é o da dialógica, sem a qual também não há democracia.

Da guerra de movimentos, no conflito na Ucrânia, as forças armadas da Rússia passaram ao estágio de guerra de posições, modalidade que exigirá mais das forças de ocupação, principalmente se não contarem com os grupos de oposição ao governo para administrar as cidades tomadas.

Como, pelas informações da mídia ocidental, não há guerra civil, é sinal de que a oposição ao governo Ucraniano não se envolveu até o presente no conflito.

Evidência de que não é uma luta de libertação dos discriminados e apartados do governo neonazista, mas, sobretudo, uma luta de geosegurança da Rússia.

Zelenski tem incentivado os civis a participarem da guerra, armados de coquetéis molotov e armas leves, como sinal de que as forças armadas do país, treinadas para a guerra, não são suficientes para a resistência, e os civis vão para o sacrifício, com ou sem adesão ao nacionalismo neonazista, exaltados por um presidente disposto a jogar a população do país para o morticínio de uma guerra perdida. Ao mesmo tempo que usa os números de civis mortos para levar à demonização do inimigo, mesmo sabendo que os grupos milicianos estão sabotando os esforços de trégua e de possíveis acordos.

Usa as vidas de civis como bucha no conflito armado e munição para a guerra de comunicação (informações e narrativas), ao mesmo tempo que apela ao humanitarismo internacional, é um paradoxo cruel.

Se o presidente da Ucrânia tivesse uma formação militar e ou mais experiência política saberia que só lhe resta baixar as armas, antes que mais civis despreparados se tornem esquadrões kamikazes, grupos suicidas de coquetel molotov.

Não há condições objetivas e subjetivas adequadas a uma resistência guerrilheira.

Zelenski imola o povo da Ucrânia não em defesa do país e sim de sua ideologia e salvação pessoal. 

Quando um líder perde o timing, o risco da violência aumenta como inevitável e multiplicada.

Sufocar economicamente o povo russo, levará a incrementar ainda mais a guerra global: armada, econômica, cibernética e de comunicação.

O maior erro de Putin, a meu juízo, foi de perder o timing, reagiu tardiamente e preparou mal o povo e a comunidade internacional para acompanhar os esforços diplomáticos perseguidos e fracassados e a inevitabilidade da opção armada para a segurança geopolítica do seu país. Embora o tempo possa ter-lhe permitido preparar a via militar e econômica melhor, só o desfecho dirá!

Gorbachev e Yeltsin foram líderes, no campo das relações internacionais, fracos, talvez os EUA/Otan tenham jugado o Putin também como um fraco; à medida que o diálogo com o “ocidente” foi resultando em nada, ele foi se preparando para a opção armada.

No xadrez do conflito, Putin joga partidas simultâneas nos jogos reais de guerra.

Quando declara que as sanções econômicas à Rússia são atos de guerra, está externando o óbvio, mas que a mídia ocidental finge não perceber.

O que tem a Rússia para além de sua cultura e história, que a faça temida pelos EUA/Otan? Não é a sua economia, certamente. É exatamente o seu poderio militar, o mais poderoso exército não terceirizado do mundo, e por ser a segunda potência nuclear do planeta.

Sendo essa a sua força e se se fica ameaçada a sua geosegurança, qual o único caminho pela frente, quando a diplomacia fracassou?

A Ucrânia vem sedo um peão no xadrez internacional, movido pelos EUA/Otan desde o desmonte da URSS, assim como os países outrora integrantes da União Soviética o foram.

Cercaram a Rússia, e não sendo uma potência econômica e os BRICS não tendo ainda alcançado um poder econômico que equilibrem o mundo, acabando de vez com o modelo moribundo unipolar, está cabendo, no campo econômico, a China enfrentar a hegemonia predatória dos EUA e a Rússia à hegemonia militar dos EUA/Otan.

Caso a crise econômica e sanitária não tivesse abalado os blocos regionais, bem como o BRICS, e se o Brasil, com o governo bolsonarista, não tivesse contribuído para esse esvaziamento, quero crer que o Brasil, com outro presidente, estaria articulando seus parceiros do BRICS para desempenhar protagonismos relevantes em busca da paz.

Talvez, no futuro, possamos ter um mundo multipolar e um novo concerto de nações com uma nova ONU.

Que as manifestações pela PAZ aumentem, sem tomar lado, porque isso as enfraqueceriam. Que lutem também contra a xenofobia, própria da ideologia nazifascista.

A humanidade já perdeu, ao fim e ao cabo o capital será novamente o vencedor, pois para reconstruir a Ucrânia, irá usufruir, como sempre, da mais valia dos trabalhadores.

Quanto mais se prolongar o conflito, mais demanda à indústria bélica, quanto maior a destruição, maior o lucro futuro das empresas que estrarão nessas licitações internacionais, geralmente de cartas marcadas, e a economia capitalista, após a queda imediata, será dinamizada, mas não salva.

Francisco Celso CalmonFrancisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e JustiçaFrancisco Celso Calmon

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

2 Comentários

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  1. muito bom o texto!
    O capital vencendo, girando e insuflando sua indústria mais perversa, a bélica, procurando dar sobrevida a um modelo energético sujo, que já poderia ter sido superado por energia limpa, tudo às custas de muito sangue, sofrimento, dor, miséria e suor dos mais pobres, dos trabalhadores.

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