A parábola das árvores, por Roberto E. Zwetsch

Tem uma parábola especialmente interessante para o momento que vivemos no Brasil. Está lá no livro dos Juízes 9.7-15.

A parábola das árvores

por Roberto E. Zwetsch

Os textos da Bíblia servem para justificar muitas barbaridades. Por isso, temos necessidade de lê-la com cuidado, com olhos atentos e prontos a comparar texto com texto, história com história e tirar então a mensagem e a prática que ela nos sugere. Sim, SUGERE, pois a Bíblia não é um manual de como viver bem, mas uma inspiração pra nossas vidas e nossas relações com as pessoas e os povos.

Tem uma parábola especialmente interessante para o momento que vivemos no Brasil. Está lá no livro dos Juízes 9.7-15, da tradição do povo de Israel antes do reinado. Alguns tradutores do texto hebraico chamam a narrativa de A parábola das árvores.

Jotão, filho mais novo de Gideão, que escapou de ser assassinado pelos que queriam tomar o poder em Israel, foi ao encontro daquela gente violenta, gritou bem alto e contou a seguinte parábola:

Uma vez as árvores resolveram procurar um rei para elas. Então disseram à oliveira: “Seja o nosso rei”. E a oliveira respondeu: “Para governar vocês. Eu teria de parar de dar o meu azeite, usado para honrar os deuses e os seres humanos”. Aí as árvores pediram à figueira: “Venha a ser o nosso rei”. Mas a figueira respondeu: “Para governar vocês, eu teria de parar de dar a vocês os meus figos tão doces”. Então as árvores disseram à parreira (videira): “Venha a ser o nosso rei”. Mas a parreira respondeu: “Para governar vocês, eu teria de parar de dar o meu vinho, que alegra os deuses e os seres humanos”. Aí todas as árvores pediram ao espinheiro: “Venha a ser o nosso rei”. E o espinheiro respondeu: “Se vocês querem mesmo me fazer o seu rei, venham e fiquem debaixo da minha sombra. Se vocês não fizerem isso, sairá fogo do espinheiro e queimará os cedros do Líbano”.

Atualizando esta parábola para os nossos dias, parece claro que já basta de um espinheiro governar o nosso país. Ele cumpriu sua sina: trouxe fogo contra os cedros do nosso Líbano, a Amazônia, e fome, tristeza e morte para milhões de pessoas. É hora de escolhermos outro tipo de governante. Um governante que não exija que o povo fique debaixo de sua sombra, mas que trabalhe para que o povo seja livre e possa construir com seu trabalho e sua sede de justiça um país democrático, livre, criativo e soberano. Este novo governante terá como lema de governo a PAZ, a JUSTIÇA, a LIBERDADE, a DEMOCRACIA PLENA e o AMOR MÚTUO. Este governante terá respeito por todas as pessoas e jamais trairá sua gente.

Roberto E. Zwetsch (18/07.2022) – Pastor luterano, professor associado de Faculdades EST, membro da Coordenação Nacional da PPL

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Redação

1 Comentário

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  1. As árvores que têm algo de bom a contribuir para a sociedade, dificilmente vão deixar de fazer isso, para ocupar algum cargo no Estado. O espaço da política é ambicionado principalmente por espinheiros. Por isso, é tão importante avaliar bem, quem vamos eleger para gerir as políticas públicas no executivo e no legislativo. Estamos finalizando um período, em que aprendemos como não fazer. Depois de todo o fogo que saiu do espinheiro, consumiu grande parte da Amazônia e as milhares de vidas que poderiam ter sido poupadas, vamos eleger aqueles que já mostraram seu apreço pelo povo brasileiro, respeito à democracia e às instituições democráticas e pelo lugar digno do nosso Brasil entre as nações, sabendo que estamos saindo de bem abaixo do zero! Portanto, votamos para recompor as condições mínimas, para que possamos nos desenvolver com justiça social e paz!

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