Observatorio de Geopolitica
O Observatório de Geopolítica do GGN tem como propósito analisar, de uma perspectiva crítica, a conjuntura internacional e os principais movimentos do Sistemas Mundial Moderno. Partimos do entendimento que o Sistema Internacional passa por profundas transformações estruturais, de caráter secular. E à partir desta compreensão se direcionam nossas contribuições no campo das Relações Internacionais, da Economia Política Internacional e da Geopolítica.
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Ao pó retornarás, por Felipe Bueno

A próxima etapa da narrativa é previsível: o descontrole completo do ser, que deixou de ouvir a consciência e a voz de seu criador.

Salvador Dali

do Observatório de Geopolítica

Ao pó retornarás

por Felipe Bueno

Mentes visionárias de um sábio povo antigo criaram e perpetuaram um belo e trágico mito: o da criatura de barro que ganha vida, erguida para defender esse mesmo povo de violências sofridas historicamente.

Tal ser, inanimado, passaria a existir de verdade no momento em que, por mãos habilitadas para tal, recebesse determinada inscrição em sua fronte.

Assim se fez.

Os primeiros tempos foram de júbilo àquele povo. Sensação de segurança, de poder viver à luz do dia o que antes só era possível às escondidas, com medo.

A criatura, porém, gradativamente desenvolveu autonomia e juízo, ambos inversamente proporcionais e fundamentados em sua força descomunal.

A próxima etapa da narrativa é previsível: o descontrole completo do ser, que deixou de ouvir a consciência e a voz de seu criador.

Fábula tão sábia e terrível foi aproveitada posteriormente na arte, especialmente na literatura e no cinema, explorando a interminável capacidade humana de criar seus próprios monstros.

E perder, logo depois, o controle sobre eles.

Mito e arte não foram suficientes, porém, para alertar a humanidade: o fenômeno se repetiu na vida real; barro e sangue se misturaram e seguem sujando milhares de mãos, inclusive algumas alegadamente bem intencionadas.

Conversas à meia-luz e em baixo volume têm dado a entender que tal monstruosidade ainda existe. Dizem que, de tempos em tempos, violenta minorias, ameaça processar judicialmente vozes discordantes, deturpa discursos para retomar um papel de vítima.

Contam essas vozes que, ultimamente, se tal monstro pudesse, silenciaria todas as vozes da ONU e riscaria a África do Sul do mapa.

Felipe Bueno é jornalista desde 1995 com experiência em rádio, TV, jornal, agência de notícias, digital e podcast. Tem graduação em Jornalismo e História, com especializações em Política Contemporânea, Ética na Administração Pública, Introdução ao Orçamento Público, LAI, Marketing Digital, Relações Internacionais e História da Arte.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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