Brasil: O Inferno Tropical, por Márcia Moussallem

A naturalização da violência é um inferno, a ausência de justiça é um inferno, o silêncio da sociedade é um inferno.

Agência Brasil – José Cruz

do Observatório do 3º Setor

Brasil: O Inferno Tropical

por Márcia Moussallem

Recentemente recebi uma mensagem de um jornalista criticando meus artigos, crônicas e poemas. Estava bem incomodado, afirmando que só via violência, dores, tristezas, angústias, sofrimentos e raiva em tudo que escrevia. Inclusive, me deu um conselho: “seja mais leve, escreva com leveza”.

No primeiro momento, senti raiva… pois estava diante de um “macho” que ainda pensa e imagina que uma mulher é um cordeirinho. Mas logo transformei essa crítica em mais um aprendizado colorido e rico para a minha alma feminina.

Acredito que necessitamos de leveza, de alegria, mas necessitamos olhar para a vida, para o mundo com dor, sofrimento, indignação e resistência. Sim, necessitamos ver a totalidade da vida real, com todas as suas contradições.

A naturalização da violência é um inferno, a ausência de justiça é um inferno, o silêncio da sociedade é um inferno.

Nesse inferno moram o preconceito, o racismo, a xenofobia, a homofobia, que são alimentados tanto na esfera pública como na esfera privada.

Cruzes e sangues espalhados no cemitério de vozes silenciadas, de homens e mulheres, como MOISE KABAMGABE, cidadão congolês, refugiado. Assassinado brutalmente no dia 24 de janeiro de 2022, no Rio de Janeiro.

São Marieles, Ricardos, Josés, Raimundos, Marias, Beneditas, que todos os dias são jogados no cemitério do inferno dos humanos lixos.

Justiça?! Justiça?! Justiça?! Uns gritam, continuam gritando com a voz rouca, cansada, e com o sangue no coração e força na alma. Outros, assistem no noticiário da TV, comendo pipoca, como um espetáculo de um filme de ação à la americano.

Sociedade que mata, sangue que jorra na pele do outro, sociedade que se mata, no sangue que não mais existe dos mortos vivos que nada sentem, nada são.

Inferno tropical? É aqui mesmo, ele existe, ele é real, ele queima, ele mata, ele tem injustiça, desigualdade… e ainda tem carnaval e festa em tempos de pandemia.

Ele tem nome: Brasil verdinho e amarelinho.

*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

6 Comentários

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  1. Vdd.esse é o país das falsas aparências e acredito que todo efeito provém da falta do conhecimento e do empobrecimento cultural largamente patrocinado por interesses de domínio político da elite capitalista. A Elite a qual me refiro é tipo um hospedeiro na naçao que apenas suga toda a seiva potencial do país mas vai gastar nossas reservas em países estrangeiros onde tb.educam os filhos não para acrecentar desenvolvimento à naçao de origem mas sim para que voltem apenas para continuar a saga colonialista…sugar sugar e sugar. Ignorantes sem alma eu diria.

  2. O texto é perfeito! Me remeteu em parte ao do Daniel, que fala que o PT, ou a esquerda, têm que ter um olhar real – pessimista! – sobre o que a direita é capaz de fazer. O triste é sabermos que mesmo antes desse Brasil “verdinho e amarelinho”, já éramos esse horror descrito pela autora. As coisas só ficaram mais descaradas, sem pudor.

  3. Alguém aqui é capaz de mencionar uma única pessoa que vocês conheçam, do grupo dos da “direita”, que já sofreu de alguma “crise de consciência”? Aposto que ninguém será capaz de apontar uma única que seja e a explicação é simples: só tem “crise de consciência” quem tem consciência…por isso que eles aceitam com naturalidade toda desigualdade, injustiça, violência, degradação do meio ambiente, etc…

  4. E não para por ai sabem porque ? Porque esse é o pais sem judiciário só existe na fantasia Constitucional como um dos três poderes da REPÚBLICA justamente o poder Mor responsável à proteção dessa Republica, do seu povo e de sua soberania por todas as suas riquezas naturais e que pela farsa do Golpe de 2016 extrapola o significado da VERGONHA POLÍTICA DE UM PAÍS.

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