Carluxo e o software Pegasus, por Rogério Mattos

O Pavão Misterioso se utiliza, desde o início do governo, desse software israelense chamado Pegasus. Gustavo Bebiano foi demitido por causa das informações recolhidas por Carluxo em seu brinquedinho.

Os militares identificaram quem estava invadindo os celulares de membros do governo bem antes da prisão dos supostos hackers.

Carluxo e o software Pegasus, por Rogério Mattos

Olhando matéria de 8 de julho do DCM, se deduz de onde saíram as supostas invasões hackers. Tem que se lembrar que o governo começou a reclamar de estar sendo hackeado quase no mesmo período de divulgação das reportagens do The Intercept (não lembro se um pouco antes ou um pouco depois). Foi na mesma época que os milicos descobriram o artifício do 02. Dois dias antes da primeira reportagem, em 09 de junho, houve uma reunião entre os militares onde se provou a eficácia do software Pegasus, desenvolvida pela empresa israelita NSO Group – Cyber Intelligence for Global Security. Como diz a matéria do DCM citada acima:

Durante a reunião os generais ficaram perplexos quando o apresentador pediu apenas o número de um celular dos presentes para testar a capacidade da ferramenta. O resultado foi assustador e provocou algumas indagações pelo general Santos Cruz, ainda Ministro Chefe da Secretaria de Governo: “esse software é capaz de invadir celulares e computadores sem realmente deixar rastros? Respondeu o apresentador: “sim. E só existe dois no mundo, os dois são israelenses, sendo que o Pegasus deixa traço capaz de ser identificada a invasão. E mais! Peguem o aparelho do número testado e façam qualquer perícia em qualquer parte do mundo que o resultado será nulo para identificação da violação.

O Pavão Misterioso se utiliza, desde o início do governo, desse software israelense chamado Pegasus. Gustavo Bebiano foi demitido por causa das informações recolhidas por Carluxo em seu brinquedinho. Seu objetivo é criar um aparato de inteligência paralelo a ABIN. Fazendo a montagem dos fragmentos acima, fica fácil de saber de onde disparou a suposta invasão massiva de membros do governo, alardeando a todos que Greenwald seria o hacker ou se utilizaria de um para fazer suas matérias. Foi só adicionar os infames “outrossim” e o “eu hacker” para dar uma assinatura a violação. Essa é uma ponta da história. A outra está no único elemento de verdade que parece trabalhar agora a Polícia Federal, a da invasão do celular de Manuela D’Ávila. Como disse em outro post [aqui], alguém soube desse contato previamente ou o provocou e agora o usa como “prova”. Não haveria motivação para se pedir o telefone de Greenwald porque seu site tem uma plataforma exclusiva para a entrega de materiais sigilosos e, pior, para que invadir um celular e pedir um número de sua agenda eletrônica? As conexões de Sergio Moro com as agências de espionagens americanas podem ter fabricado a invasão a Manuela para se precaver de movimentações que estariam previamente atentos. Mais um capítulo do mundo de fumo e espelhos característico de quem trabalha com os subterrâneos da espionagem, agora com a presença insidiosa do Pavão Misterioso. Prova-se também que são duas iniciativas partidas de fontes diferentes: Carluxo e Moro atuam autonomamente. Acusado o golpe no governo pela ação do The Intercept, o primeiro a agir para defender os seus (com a suposta invasão dos membros do governo) foi o filho de número 02. Agindo por fora, Moro e os americanos trabalham para a consolidação da contra-narrativa criada para a defesa do núcleo duro do governo, em especial no caso Manuela. Veja também: “O método do The Intercept segundo seu editor” e “CIA, Manuela e Araraquara“.

Rogério Mattos: Professor e tradutor da revista Executive Intelligence Review. Formado em História (UERJ) e doutorando em Literatura Comparada (UFF). Mantém o site http://www.oabertinho.com.br, onde publica alguns de seus escritos.

Redação

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