Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Entre sustos, paranoias, uma palavra de esperança. É Lula!, por Armando Coelho Neto

Não entender o que houve sempre limitou minha visão de presente. Ver Lula lá em cima nas pesquisas seria ensaio para balão furado?

Ricardo Stuckert

Entre sustos, paranoias, uma palavra de esperança. É Lula!

por Armando Coelho Neto

Em maio Bozo vira a eleição, disse um dos loucos do gabinete do ódio, logo depois do Carnaval, ao da divulgação das primeiras pesquisas eleitorais. De pronto, Lula reagiu, dizendo “não vai ser fácil”. Recomendou tirar o salto alto, muitos petistas tentaram tirar, mas de tão animadoras as projeções, deixaram-se levar pelo entusiasmo. Mas, minhas paranoias de tão minhas, preciso lidar com elas a meu modo. Um pé e na realidade, ou no sonho.

A afirmação do gabinete do ódio levava em conta todas as benesses de última hora que já estavam sendo urdidas na alcova do fascismo. O “povinho” (ou parte dele) que a Globo corrompeu e a Record acabou por reconfigurar para pior, em breve se tornaria frágil e venal, sensível à visão de última hora do Bozo generoso aliado à ressurreição do ódio ao PT.

Quem poderia dizer de última hora que a gasolina não baixou, que o dinheiro “dado” pelo Bozo não entrou na conta do trabalhador? Perguntas obvias que logo seriam associadas à enxurrada de dinheiro vivo (especialidade da familícia) que chegaria a tantos para comprar voto. Coisas que fazem parte das paranoias de que falo lá em cima.

Minhas paranoias nunca entenderam o que deu errado no golpe, e de repente fomos impulsionados a defender o STF omisso com Lula e Dilma, tecer loas a Alexandre Morais e outros, defender urnas eletrônicas e o blá-blá-blá de que as instituições estariam funcionando, enquanto as Forças Armadas, aliadas eternas das elites, davam pitacos políticos, ora pois!

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Não entender o que houve sempre limitou minha visão de presente. Ver Lula lá em cima nas pesquisas seria ensaio para balão furado? Joga o balão cheio lá em cima, fura e aos poucos vai desidratando trazendo junto o desencanto do “não vai dar certo”, enquanto as elites golpistas ensaiavam uma terceira via com o falso juiz, materializado no padre Fakeison.

Nas minhas noias passado, presente e futuro se confundem. Vi delegado da PF tentando me processar por eu ser contra o golpe, defender Lula e Dilma tomando por base textos por mim publicados neste GGN. De repente, o mesmo delegado surge apoiando o Lula e tudo isso é como algorítimo colorido na frente de uma criança educada pela Xuxa.

Nesse contexto, no mexer das placas tectônicas, um “Ele Não” poderia estar sendo reeditado. Mas com Lula tão lá em cima nas pesquisas, as paranoias entraram em conflito existencial. Falou-se muito em voto envergonhado no Lula que, de repente, foram para o genocida, para aquele que deixou morrer quase 700 mil pessoas, cuja familia, tal qual PCC, só lida com dinheiro vivo.

Hoje, minha paranoia sinaliza que fomos forçados a tecer loas à suposta segurança de urnas, de forma que num eventual trambique teremos que engolir e assinar embaixo, pois a ela demos selo de garantia. Isso significa redobrar as forças, pois a ameaça fascista se afigura bem maior. Se não consigo entender, o que dizer das mentes ingênuas corridas pela Globo.

Para quem não entendeu o faz-desfaz do golpe de 2016, onde congelei o pensamento, e considerando o tabuleiro internacional da extrema-direita, fica difícil opinar sobre o momento atual. É forte a ideia de que esquerda formal no mundo não passa de concessão da direita, para que ela, a direita, fique bem na fita. Mas se o voto esta aí é com ele que terei de lidar.

Passado o susto e a frustração de uma vitória no primeiro turno, pelo menos em relação a Lula as pesquisas acertaram. São Paulo e Rio em especial surpreenderam, claro. Mas, já não tem mais a chorar esse leite derramado, e, como dizem alguns analistas, tem que se trabalhar com a rejeição do inominável, se é que também aqui as pesquisas não erraram.

Num cálculo mínimo, a divisão dos votos de Ciro Gomes e Simone Tebet entre Lula e o candidato dos ricos seria suficiente para a vitória de Lula. Não vai ser fácil claro – a compra de votos via orçamento secreto corre no submundo. O gabinete do ódio, em nome do falso Deus, da falsa moral, continuará desinformando, alimentando o racismo, regionalismo…

Mas, do nosso lado munição não falta. No que sua vida melhorou durante o atual desgoverno, continua a ser uma pergunta sem reposta. No mais, as redes estão fartas de argumentos, entre eles mansão de 6 milhões do filho do atual desgoverno, os 107 imóveis de luxo, 51 dos quais em dinheiro vivo; cortes de verba para farmácia e aumento de salários para generais.

Desmatamento recorde da Amazônia; esfacelamento da Polícia Federal, Brasil isolado da comunidade internacional; volta ao mapa da fome. Enquanto o inominável finge comer leite condensado o pobre está na fila do osso. Privilégios para ricos e benesses de última hora de olho na reeleição. Entre sustos e paranoias, tentei um suspiro de esperança! É Lula, gente!

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

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