Girlboss e o impacto dos seriados Netflix na vida, por Matê da Luz

Girlboss e o impacto dos seriados Netflix na vida

por Matê da Luz

Girlboss é a nova série produzida pelo Netflx e, pra quem anda nas redes sociais, monotema da semana no Facebook. As opiniões sobre o conteúdo são divididas entre as pessoas que adoram o seriado e aquelas que se decepcionam profundamente. 

As razões para odiar giram em torno de críticas à personalidade da personagem principal, uma garota de seus 20 e tantos anos que resolve empreender no e-bay, revendendo peças de roupas reformadas de acordo com seu gosto fashion, passando pelas lacunas do empreendedorismo em si, já que mostra uma pessoa completamente despreparada para o mundo dos negócios dando passos maiores que as pernas e, de certa forma, tendo sucesso. “Girlboss cria a ilusão de que dá pra começar do zero, mas não é assim, estruturar uma empresa, mesmo que na internet, dá muito mais trabalho e exige maturidade” – li num desses posts. 

Sim, é verdade. Empreender, num mundo onde cada vez mais pessoas deseja ter o controle da sua vida, especialmente do seu tempo, exige algo mais do que bons relacionamentos e faro pro mercado onde irá atuar. Um tanto de organização e planejamento é fundamental, além de persistência, ajuste de rumos, conhecimento de novas tecnologias, administração de itens que ultrapassam as finanças e por aí vai… Neste ponto, vale a máxima de que cada um enxerga o que consegue ver e, então, a protagonista acaba por demonstrar que mais vale arriscar e investir com o que tem em mãos do que viver uma vida miserável e infeliz, pulando de emprego em emprego sem encontrar um sentido no trabalho como afazer. “Ah, que mimo” – nada disso, cara pálida: vale ressaltar que uma das coisas mais maravilhosas do empreendedorismo que dá certo é o desenvolvimento das habilidades que já possui somada ao crescimento de tarefas que nem sequer pensa que existem – como o cálculo de taxas, finanças e afins, no meu caso. Não é definitivamente uma vida de sonhos, mas quando existe maturidade para crescer e aparecer, a pessoa pode, pode sim, encontrar satisfação e lucro na mesma cajadada. 

Além do mais, passado o frisson de 13 Reasons Why, sobre a jovem suicida que deixa fitas gravadas explicando e responsabilizando uma turma pela sua morte, tema esre que foi seriamente explorado também nas redes e nas rodas terapêuticas Brasil afora, vale lembrar que a principal intenção de um seriado é entreter. Claro, vivemos num mundo onde o político, o social, o estrutural, enfim, todo o entrono pode e deve ser bem aproveitado para passar mensagens e ensinamentos, mas exigir que uma série desenvolvida por uma rede privada de diversão produxa somente conteúdo relevante é que é coisa de gente que não consegue desligar, isso é, deixar as cobranças de lado e ativar o modo “divertir” por alguns instantes. 

O livro, bestseller nos Estados Unidos, não entra na categoria empreendedorismo, mas sim “fashion fun”, perceba. 

Quem fala bem entende isso, e destaca o tom irônico-explosivo da personagem como muito mais real do que o de outras protagonistas por aí. A garota mimada que começou uma loja de sucesso porque não se dava por satisfeita com os empregos carrega problemas com o pai, um dos pontos abordados com mais frequência no seriado, em termos de relações interpessoais. Ora, quase todo mundo sabe que quando a gente não se relaciona bem com a gente mesmo, a lama explode pra todos os lados – especialmente pros ciclos Freudianos que nos rodeiam. Girlboss aparece como uma alfinetada que diz pra ter coragem de encarar quem somos e o que desejamos e, então, seguirmos firmes nesse caminho, mesmo que à princípio ele não satisfaça mais ninguém. Afinal, é disso que se trata a maturidade, não é mesmo? 

Mariana A. Nassif

6 Comentários

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  1. Interessante

    Não dá mais para disfarçar danos causados por Google e Facebook

    São todas empresas de tecnologia, e cada qual domina seu canto do mercado. O Google tem 88% de participação no mercado de publicidade vinculada a buscas, o Facebook (e suas subsidiárias Instagram, WhatsApp e Messenger) detém 77% do tráfego nas redes sociais, e a Amazon controla 74% do mercado de livros eletrônicos. Em termos econômicos clássicos, as três empresas são monopólios.

    É impossível negar que Facebook, Google e Amazon bloquearam a inovação em larga escala. Enquanto os lucros delas dispararam, o faturamento de negócios de mídia como jornais e música caíram em 70% de 2000 para cá. Mais de metade dos trabalhadores do setor de jornais foi demitida, entre 2001 e 2016.

    http://www1.folha.uol.com.br/tec/2017/04/1878274-nao-da-mais-para-disfarcar-danos-causados-por-google-e-facebook.shtml

  2. Desculpa “Amiga”! Mas Menos alienação é Necessário!

    Enquanto você vende o “peixe Neoliberal” da Precarização do trabalho de mais um Seriado “Enlatante” dos EUA, a BOSSWOMAN, a Senhora DIlma Roussef do seu país ainda continua desalojada do posto que recebeu dos 54 milhões de votos!

    Uma coisa precisa ser dita: Cortem a Globo e os Enlatados dos EUA neste momento! Eles servem para isso: Brasileiro se Alienar achando que os EUA são um modelo, enquanto os mesmos manejam a destruição da Petrobrás e do Brasil autonomo! 

    Isso que dá teses pós-modernas: EUA patrocina a Derruba da Presidente do Brasil com espionagens, cria seriado mostrando Precarização do Trabalh como bonito e Brasileiro acho tudo normal e lindo! 

    Isso é ANALFABETISMO VISUAL! Abraços! Mais Luz aí! MERMO! Quem ctria nosso alfabeto visual controla nossas perspectivas! Seja Paulo Freire!
     

    1. Sim, concordo contigo, mas

      Sim, concordo contigo, mas dado que a globo morre de medo do Google e da Netflix, então que venha matriz pra destruir a sucursal. Destruída a Globo, passemos ao passo seguinte.

    2. Sim, concordo contigo, mas

      Sim, concordo contigo, mas dado que a globo morre de medo do Google e da Netflix, então que venha matriz pra destruir a sucursal. Destruída a globo, passemos ao passo seguinte.

  3. Seriado – “Estirado ao Chão Pela Netflix”

     

    Devagar com o andor que o santo é de barro e nem tudo precisa significar algo. Taí doria, o prefeito Denorex, para comprovar a tese. 

    Teje lúcido por ora entretendo-se com: “vale lembrar que a principal intenção de um seriado é entreter”.

    Portanto, mãos à pipoca ou “salgadinho sem sal” e on na diversão, sem mêdo de dormir no meio, pois sabe-se que não se perderá nada que valha ou não valha, apenas, ver de novo.

    Não esqueçam do off e de escovarem os dentes, antes do próximo.

    “Livre pensar é só pensar”, dá para relaxar de vez em quando sem perder a lucidez e onde está o Norte.  

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