Polêmicas Vazias…, por Eduardo Ramos

Mais uma vez estamos "nas mãos de grupos e pessoas" muito mais poderosos, HOJE, do que a nossa capacidade REAL de articulação e luta em todas as frentes...

Polêmicas Vazias…, por Eduardo Ramos

Somos o país das polêmicas vazias!

Lembro da guerra quase física quando, o golpe de estado devorando o país e a esquerda se digladiando pelas bandeiras: “Volta Dilma” X “Eleição Já!”, ou coisa que o valha… Amizades foram desfeitas, gurus das redes sociais atacados ou defendidos com furor quase patético… E eu, pensando no meu canto: “a direita deve rir muito disso… Não vai haver uma coisa nem outra, os militares estão com Temer, a mídia está com Temer, o Judiciário está com Temer, o Congresso em sua maioria está com Temer, e nossas elites e classes médias, felizes como pinto no lixo, porque “a anta foi deposta e o molusco está pra ser preso a qualquer momento…” – o sonho e a fantasia doentios de onze em cada dez pessoas de nossas elites rasas……

E democratas e esquerdistas guerreando pela “bandeira mais justa” a ser levantada! Quando, na verdade, simplesmente não tínhamos o que fazer, como não temos agora, NÃO EXISTE MUDANÇA POLÍTICA SEM LUTA, SEM BRIGA, SEM CONFLITO, e nem falo de “luta armada”, que acho um caminho legítimo quando viável, o que não é o caso no Brasil de hoje, falo “apenas”, de tomarmos as ruas, gritarmos contra todo o horror, lutarmos em manifestações portentosas contra o fascismo, a falta de democracia, a falta de governo, as insanidades de Bolsonaro, a volta da miséria, a destruição da Amazônia….

“Ora, e isso é inviável?” perguntaria um tolo… E eu diria ao tolo: “Num país como o Brasil, em que as chamadas “massas populares” não têm um mínimo embasamento e educação políticos, e que a força e a voz das ruas ainda dependem das classes médias, SIM!, nesse país que ainda somos, com os atuais pensamentos/sentimentos dominantes em nossas classes médias e elites sociais, a luta nas ruas, se não chega a ser inviável, é, no mínimo, bastante improvável!”

A luta que nos resta é a voz das lideranças que tentam de modo quixotesco denunciar o fascismo, o horror, é um Lula, um Boulos, um Haddad, vozes esparsas, e com a pandemia, mesmo o PT, única força política que talvez pudesse “fazer algum agito nas ruas”, está impedido pela óbvia consciência de seus militantes que a ordem do dia é o isolamento social.

Então, dependemos na verdade, para que Bolsonaro caia, de um PACTO POLÍTICO entre os líderes no Congresso, os ministros do STF, barões da mídia e um “OK, concordo, não dá mais!…”, por parte dos militares, o “fiel da balança” nesse imbróglio trágico, absurdo, que embrulha o país numa situação dantesca e humilhante aos olhos de todo o mundo civilizado.

Aí, pessoas voltam a se digladiar sobre a “legitimidade” ou não do tal “somos 70%”. A mim, mais uma vez, pouco me importa quem aprova ou desaprova, quem acha útil “à luta pela democracia”, quem acha “burrice de esquerdista”…

Não é isso que vai mudar a realidade! Mais uma vez estamos “nas mãos de grupos e pessoas” muito mais poderosos, HOJE, do que a nossa capacidade REAL de articulação e luta em todas as frentes…

Particularmente, não participo desse movimento porque não tenho estômago para me juntar a Luciano Huck, deputada Joyce, FHC, o ex procurador da Lava Jato, o bestial Carlos Fernando Santos, e assemelhados…

A democracia que eles querem, não é a minha, a luta deles não é a minha, Lula está certo, por eles, “Bolsonaro cai, mas Guedes fica!” – sonho das oligarquias brasileiras…

No mais, sigo com o pouco de esperança e as montanhas de indignação e revolta que me movem a lutar! Como posso, escrevendo meus textos, trazendo às redes sociais posts que julgo honestos, lúcidos, dos blogs que leio, mas com os pés no chão, de que ainda não tenho um “agrupamento humano” disponível, para ir às ruas e lutar, talvez, “com o ímpeto que eu e muitos desejaríamos”…

Prefiro lutar como posso, e me afastar das polêmicas vazias!

Redação

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