Todas as Ditaduras se parecem – ainda que disfarçadas de Republica ou Democracia, por Sergio Medeiros

Todas as Ditaduras se parecem – ainda que disfarçadas de Republica ou Democracia

por Sergio Medeiros

E, nelas, todos poderes, igualmente se curvam a interesses pessoais, moldando uma caricatura de Estado, um arremedo de nação.

Em Brasília, o Congresso Nacional,  a Casa do Povo, é cercado por grades para que o povo não possa adentrar em seu recinto e, policiais armados, tem ordens expressas para atirar, acaso eventuais transgressores do povo, queiram entrar em sua casa.

Como sói acontecer, nas ditaduras – frutos da força bruta transformada em poder de coerção – estas não prescindem de grades e repressão, único modo de não serem alcançadas pela sua adversária maior, a democracia, que, legítima,  somente em nome do povo é passível de ser exercida.

Por isso, as grades e a repressão, o povo, é fundamental mantê-lo longe, para que não ocupe seu lugar de direito, isso em qualquer sociedade que se pretenda minimamente civilizada.

Estes são os fatos, não são diferentes de tantos outros regimes de exceção, e tem a mesma roupagem, sempre violência, sempre arbítrio e  força e, completa  ausência de povo – tudo isso circundado por um intenso silêncio de toda imprensa, que já não pode ostentar tal denominação, pois esta se define na liberdade e, na ausência desta, revela-se a figura do carrasco, cujas mãos se tingem de sangue a cada vil assassinato.

Enquanto isso, nesse período totalitário, lá dentro, no Congresso Nacional, protegidos pelas armas e pela força bruta, parlamentares, que tomaram o poder através de um golpe jurídico midiático, dedicam-se, incansavelmente, a retirar direitos seculares, direitos imemoriais, civilizatórios, humanizadores, históricos como as lutas que precederam tais conquistas, em suma, prestam-se aos piores papeis, retiram direitos do Povo, de todo o povo,  ao qual se impede o acesso, ao qual impedem exerça sua legítima e necessária defesa.

E, assim, atrás de grades e armas, estes parlamentares  retiram garantias do povo, uma a uma, suprimem direitos, um a um, como se estes direitos e garantias não fossem o pilar que sustenta todo este ordenamento, cláusulas pétreas, que uma vez suprimidas tem o condão de desfazer o que um dia se chamou nação brasileira.

Agem, em sua sanha destrutiva, como mercadores no templo.

Talvez esqueçam que em outros tempos, outros mercadores foram expulsos, escorraçados por suas vilanias contra a fé popular.

A profanação de lugares sagrados em troca de obscuros desejos, conduz apenas a um desiderato, à perdição da alma, e, depois, nada mais resta senão um longo e amargo caminho, sem redenção, apenas trevas e solidão.

Em Curitiba, uma Vara que se pretendia ser um local onde se realiza Justiça, também se encontra cercada por grades, guarnecida por policiais, fortemente armados e com ordens para machucar, para bater, para infligir dor, para impedir que o povo possa, dentro de sua legitimidade, se manifestar contra a barbárie que se avizinha e esta tomando conta dos lugares, de todos lugares, até mesmo onde deveriam estar os guardiões deste pacto de convivência democrática e civilizada, chamado Constituição.

E, eis que a “justiça” não é mais o ultimo refúgio do cidadão, nela também se instala a repressão e o arbítrio, e não mais nos reconhecemos como seus destinatários, objetos de proteção contra a violência suprema.

E, a Constituição, que juraram defender, tornou-se algo a ser conquistado, moldado, reinterpretado, até nada mais restar senão a crueza e o totalitarismo de seus desejos e convicções, sem povo, sem interrogações, apenas obediência e conformidade, num admirável mundo novo, onde o livre arbítrio tem regras e a liberdade fora das estritas normas por eles postas se torna crime hediondo.

Em Brasília, tramam-se planos que primam por uma singularidade, dispensam a aprovação da população.

Diz-se, destes planos, que são necessários, e embutem sacrifícios a todos, pois só assim, mediante sacrifícios, muitos de sangue – de crianças, doentes, excluídos de todo gênero –  a serem realizados neste altar –  é que se haveriam de contentar, não propriamente deuses, mas algo mais prosaico, investidores.

E, assim, patrocinam reformas que reduzirão a maior parte da população à condição similar a escravidão.  

Neste espaço, todos os esforços, cargos políticos, benesses, verbas, são usados, como se fossem moeda de uso pessoal.

Somente nas ditaduras, há a livre disposição dos valores recolhidos para o Estado, até mesmo para usá-lo, contra quem deveria ser seu destinatário.

Somente nas ditaduras, as instituições do Estado, são de tal modo limitados em suas ações, que nenhum traço de autonomia subsiste, e , se acaso se manifesta, é imediatamente debelado, extirpado, como algo que atenta contra sua condição de usurpador.

Este é o cenário.

Do outro lado, temos um povo que luta, que se organiza, que pensa e age como um todo, e que, neste momento, num formidável gesto de solidariedade, se junta a Lula, para resgatar o país.

Um povo que, mesmo atacado, mesmo cerceado em sua liberdade, em seus atos, carrega em suas mãos, em seus olhos, uma imensa força  que o move, e, mesmo sistematicamente atacado, reprimido, diminuído em sua dimensão solidária, persiste, tem algo que o diferencia dos que o atacam, carrega um sentimento genuíno de unidade, de preservação de todo traço humano, trazem em si,  um projeto de sociedade, a ser construída fraterna e cidadã.

O povo, nele esta a essência das sociedades, ele é o real soberano, e, ainda que demande algum tempo, fatalmente voltará a assumir seu verdadeiro lugar de direito, no país e, na história.

Redação

4 Comentários

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  1. Prezado Sérgio, é exatamente

    Prezado Sérgio, é exatamente isso que vemos; mais um pseudo-juíz que manda fechar um instituto dum ex-presidente que a maioria absoluta do judiciário odeia (e é apenas ódio ideológico, talvez o pior de todos), enquanto isso outro institudo de outro ex-presidente, que funciona no mesmo modus operandi, e que recebe ainda mais verbas de empresários, ninguém do judiciário ou do cioso ministério público, nunca se preocupou.

    Enquanto isso uma juíza que odeia o ex-presidente Lula, proibe o povo que lhe apoia de fazer qualquer manifestação de apoio ao mesmo.

    Enquanto isso entidades ou pessoas fascistas colocam dezenas de outdoors na rua incitando o ódio contra o ex-presidente Lula e o judiciário cuja parte está mais para justiceiros fascistas, nada faz. Ou seja: estamos dentro de um estado de ausencia de sinais democráticos e nenhum parlamentar progressista e legalista está fazendo gestos mais incisivos para denunciar isso ao mundo e a organismos democraticos mundo afora. (cadê greves de fomes ou protestos mais radicais?).

  2. 1964 voltou !

    1964 voltou ! … a mídia golpista e corrupta finge que não está acontecendo nada, … a PM e as Forças armadas estão matando índios e dissidentes às escondidas… o STF recebe, na moita e sem agenda, diretores de multinacionais…. São os receptadores que estão comprando o Brasil que foi roubado do seu povo, … querendo garantias de que vão receber tudo pelo que pagaram …

  3. Concordo e digo mais: A

    Concordo e digo mais: 

    A primeira coisa que um estudante de Direito aprende é que o poder só pode ter três fontes:

    1-     voto popular

    2-     divina

    3-     força bruta

    Michel Temer foi eleito vice-presidente numa chapa que tinha como programa de governo a preservação e, se possível, ampliação dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Ele traiu Dilma Rousseff para chegar ao poder através de um golpe de estado e começou a impor ao país um programa de governo diametralmente oposto àquele que o levou à vice-presidência.

    A princípio, o usurpador disse que tinha legitimidade popular. Todavia, ele foi eleito indiretamente pelo congresso mediante uma fraude (o impedimento da presidenta do Brasil) e não pelo povo brasileiro. Em razão de destruir programas sociais e de insistir em revogar direitos trabalhistas e previdenciários, a popularidade de Michel Temer é a menor na história republicana do Brasil.

    Para tentar se salvar, Temer tentou associar sua imagem ao do Papa. Mas o Papa recusou seu convite para vir ao Brasil. E a CNBB fechou questão contra as reformas do usurpador e passou a apoiar as manifestações contra seu regime ilegítimo.

    Sem legitimidade popular e não podendo se escorar na Igreja, Michel Temer passou a dizer que foi “ungido por deus” para comandar o Brasil e um de seus esbirros apresentou um projeto para impedir a realização de eleições em 2018. É evidente, portanto, que o usurpador considera revogado o princípio segundo o qual o poder tem origem no voto popular (art. 1º, da CF/88).

    A origem divina do poder de Michel Temer é duvidosa. Ele não pertence à família real brasileira. Além disto, as autoridades eclesiásticas e especialistas em Direito Canônico não legitimaram o mandato dele, tampouco reconheceram que ele tem uma relação especial com Deus.

    É obvio que Temer deve adorar algum deus. Impossível saber qual ele é resolvi fazer uma pesquisa no Twitter: https://twitter.com/FabioORibeiro/status/862277121443602433

    O poder que Michel Temer exerce não tem legitimidade popular e nem a CNBB nem o Papa secundaram sua alegação de que ele foi “ungido por deus” para governar nosso país. Resulta daí que o poder exercido pelo usurpador só pode ter uma origem: a força bruta. Portanto, já estamos vivendo numa nova ditadura. 

    https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/temer-e-seu-poder-originado-no-terror

     

  4. QUANDO FUI DORMI ONTEM, PENSEI EM VÁRIOS TÓPICOS DESSE POST.

    É interessante como muitas pessoas estão vendo a mesma coisa, mas não se engane, depois daquela fala do tal HELENO não de ATHENA o do HAITI, não resta dúvida que as forças armadas estão por trás dessa bandalheira toda, não é só a GLOBO. É um consórsio do mal para destruir e escravisar o povo brasileiro.

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