Vamos ser sinceros?, por Wilson Ramos Filho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Vamos ser sinceros?

por Wilson Ramos Filho

Só teremos direitos de novo para a classe trabalhadora se Lula (ou quem ele indicar caso a Direita Concursada o impeça de ser candidato) for eleito. E se fizermos uma grande bancada no Senado e na Câmara Federal.

Qualquer outra formulação cabotina será lida no futuro como traição aos operários e camponeses.

Certo, tem a questão da cláusula de barreira. É compreensível que o PSOL e o PCdoB lutem por obter 1,5% dos votos nas eleições proporcionais para não desaparecerem. Até em razão disso a candidatura do Boulos é coerente. Mas não faz sentido deixarem de votar nos candidatos de esquerda ao Senado que são eleitoralmente viáveis. A questão, além de ideológica, se apresenta como imperativo do bom-senso.

Para que tenhamos novamente políticas públicas voltadas aos setores mais vulneráveis a única alternativa é a esquerda voltar ao poder. Não existe outra para quem se considere socialista.

Mesmo para a pequena-burguesia a volta da esquerda ao governo interessa. Para esta quase-classe que sofre com o capitalismo e pensa como pensam as classes exploradoras a volta das políticas públicas e da distribuição de renda é a saída. Os índices nas pesquisas demonstram que o arrependimento é crescente.

Para os que vivem do pequeno comércio, da pequena indústria e da prestação de serviços a única alternativa é a distribuição de renda, que aquece as vendas, que amplia o mercado interno. Depois do golpe suas vendas despencaram, seus negócios derreteram. Só por extrema imbecilidade haveriam de discordar desta evidência fática.

Para a parcela da pequena-burguesia que vive de vencimentos ou bolsas de estudo, para o funcionalismo público em geral, parece óbvia a necessidade de revogação de todos os congelamentos impostos pelos golpistas aos orçamentos públicos. Ou seja, pelos motivos errados, não interessa ao funcionalismo público nenhuma das demais candidaturas à presidência da república. Só por masoquismo, ou por estultice, deixariam de votar no candidato do PT a presidente, e em candidatos de esquerda eleitoralmente viáveis ao Senado. A reconstrução da democracia precisa de uma “bancada Lula” para desfazer todas as maldades que decorreram do Golpe e para avançar na reconstrução do Direito do Trabalho e do Estado Social em nosso país.

Viveremos nos próximos 37 dias a luta-de-classes em toda a sua exuberância. As classes exploradoras tentarão eleger um Congresso Nacional ainda pior que o atual, mais venal, mais corrupto, mais fundamentalista e mais reacionário.

Os camponeses, o operários, a parcela lúcida da pequena-burguesia (funcionalismo e empreendedores em pequenos negócios), de outra parte, lutarão para eleger uma bancada de senadores de esquerda e uma expressiva maioria de deputados federais e estaduais, desenvolvimentista ou socialista, que nos permita a esperança de ser feliz de novo.

Esta minha fase “Xixo Sincero” me impede de tergiversar. Quem se fizer de bobo e não se posicionar abertamente nesta etapa eleitoral da luta-de-classes será cobrado pela história.

Wilson Ramos Filho é Doutor em Direito, presidente do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. o mesmo lenga-lenga que Wanderley G. dos Santos desanca

    de que não é pela internet 

    nem pela blogosferra outrora mais diversa, hoje repleta de fanatismos

    ou como diz o visitante Spinoza: “Parece aqueles debates que a Globo promove entre o economista da XP e o do Itaú”

  2. E se o PT perder ?

    Xixo, você não faz diferença entre o eleito [Lula ou sua sombra (como dizem os dirigentes do PT)].

    Se for Lula, ele retornará à Presidência com uma estupenda força política e muito mais comprometido com seus eleitores. Afinal, sua mulher foi vitimada pela LavaJato, seus filhos e netos foram perseguidos, ele foi enjaulado !!! Só pra citar o seu lado pessoal…

    Mas, se for o “sombra de Lula” (como dizem os dirigentes do PT), a autoridade política NÃO será a mesma.  Mesmo sendo uma pessoa digna e preparada como é Haddad. Será que os “coxinhas” irão à Av. Paulista, convocados pela Globo ?

    O enorme antipetismo NÃO é reconhecido pelos dirigentes do PT. Por isso, impediram a formação da Frente Democrática em que um não-petista seria o candidato a Presidente. Estamos correndo um risco enorme: golpistas legitimados !

     

  3. Não quero que aconteça, mas

    Não quero que aconteça, mas acho que Bolsonaro é inevitável à essa altura do campeonato.

    Motivos:

    1 – Lula e o PT serão impedidos de qualquer maneira.

    2 – Bolsonaro é o único candidato com visibilidade.

    Não temos que ir muito a fundo, 2 + 2 dá 4. Os eleitores, na falta de opção, vão de Bolsonaro, naquela ignorância de “mudar o sistema”.

    O desastre que esse animal vai causar à nação será lembrado por séculos… É triste admitir, mas o Brasil está ferrado por pelo menos uns 50 anos na mão dessa corja. E pior, com aval do povo. Que época para se estar vivo.

    Meu único alento é que o fascismo é como o capitalismo: quando eles vencem, eles perdem. Pena que não estarei vivo para ver sua derrota.

     

     

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