Protestos no Irã: primeira execução de manifestante é realizada

Johnny Negreiros
Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.
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Crise se arrasta há três meses e manifestações foram feitas até na Copa do Mundo

Protesto no Irã. Foto: Reprodução/Twitter

O Irã realizou a primeira execução de manifestante dos protestos que ocorrem no país há três meses. Mohsen Shekari foi condenado à morte por esfaquear policial persa, segundo o governo.

De acordo com as autoridades locais, o homem sofreu a pena após ter “ferido um membro da força de segurança islâmica com uma faca, bloqueado uma rua e criado terror em Teerã”. A prática é considerada crime de “guerra contra deus” e passível de morte, como aconteceu.

As investigações da ditadura apuraram que Shekari foi pago para cometer o crime. O agente passou por cirurgia e recebeu 13 pontos.

Masha Amini

Desde a Revolução Iraniana de 1979, a nação vive sob um regime teocrático com base em interpretação radical do islamismo.

Há três meses, Mahsa Amini apareceu sem vida após ser presa pela polícia da moralidade local, fundada em 2005. A moça de 22 anos foi detida por utilizar de forma inadequada o véu islâmico. O véu é obrigatório às mulheres no Irã.

Assim, os protestantes pedem igualdade de direitos à população feminina. Com a escalada dos protestos, os manifestantes pedem fim ao regime em vigência em Teerã.

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Segundo a ONG Iran Human Rights Watch, mais de 400 pessoas, incluindo crianças, já morreram na repressão do governo iraniano e 15 mil foram presas. Porém, de acordo o Conselho de Segurança do Irã, esse número é menor: “mais de 200 mortes”, divulgou o órgão.

Nesta semana, o procurador-geral do país persa anunciou o fim da polícia moral e a reavaliação da obrigatoriedade do véu islâmico. No entanto, segundo ativistas, a medida tem pouca efetividade na prática e serve “apenas para a desinformação”.

Copa também foi palco de protestos

Iranianos usaram a participação da seleção nacional na Copa do Mundo 2022, no Catar, para declararem apoio aos manifestantes.

Logo na estreia do Irã diante da Inglaterra, os jogadores e grande parte da comissão técnica não cantaram o hino nacional do país. Durante o ato, a TV estatal iraniana censurou a imagem dos atletas em silêncio.

Na véspera da partida, o capitão do time declarou apoio à revolta em seu país:

Estamos com eles. E os apoiamos. E nós simpatizamos com eles.

disse Ehsan Hajsafi, lateral esquerdo que joga no AEK Atenas, da Grécia

Segundo uma fonte que cuida da segurança das partidas, os atletas foram ameaçados pelas autoridades de Teerã. Após ficarem calados, eles foram convocados para reunião com Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) e foram informados que seus familiares sofreriam “violência e tortura” se continuassem com a postura. Nos dois jogos seguintes, antes da eliminação da fase de grupos, os futebolistas cantaram o hino.

João Castelo Branco é repórter brasileiro e correspondente internacional da ESPN

Além disso, uma torcedora resolveu exibir camisa da seleção árabe com o nome Masha Amini. Em seguida, ela foi acuada por seguranças. Ela estava acompanhada de um rapaz que empunhava bandeira do país com a mensagem: “Liberdade para as vidas femininas”.

Foto: Reprodução/Twitter

Durante a participação do Irã na Copa, repórteres presentes nos jogos relataram manifestações semelhantes nas arquibancadas.

Com informações de Mizan, agência iraniana de notícias

Johnny Negreiros

Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.

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