As trapalhadas de Matarazzo na saída do PSDB

Jornal GGN – Na semana passada, no dia 15 de março, uma matéria do Diário de S. Paulo denunciou que o vereador Andrea Matarazzo, do PSDB, estava negociando para trocar seu partido pelo PSD, de Gilberto Kassab. Seria só mais um caso de infidelidade partidária, se Matarazzo não estivesse em plena disputa das prévias do partido para a prefeitura de São Paulo com João Doria Júnior.

Em 17 de março, em sua página no Facebook, Matarazzo escreveu: 

“É inaceitável o tratamento que o ‘Diário de S.Paulo’ e o portal iG têm dado à cobertura das prévias que definirão o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo. O jornal e o site têm se confundido com panfletos produzidos pelo comitê de João Doria, talvez porque ele tenha o apoio do governador do Estado. 

Todas as notícias publicadas têm tratamento favorável a Doria e desfavorável à minha candidatura. O cúmulo foi o destaque dado pelo IG a dois artigos escritos no Diário pelos pré-candidatos, no último final de semana, a pedido do jornal. 

O tratamento desrespeitoso dado a mim e à minha pré-candidatura foi a gota d’água, que me fez romper a parceria com o jornal, onde colaborava na página de opinião havia cinco anos.

Jornalismo requer seriedade e isenção, atributos que estão ausentes na cobertura do Diário e do iG”.

Depois, em 18 de março, em seu site, Matarazzo anunciou que estava deixando o PSDB:

Andrea Matarazzo se desfilia do PSDB

Prezados,

Venho por meio desta reiterar minha indignação diante do descalabro ocorrido nas prévias para escolha do candidato do PSDB a Prefeitura de São Paulo.

Faço isso em respeito aos paulistanos, aos mais de 117 mil votos que obtive nas últimas eleições; em respeito aos meus pares, os vereadores do PSDB, representantes populares aguerridos, que fazem a justa oposição ao PT na cidade, e que me confiaram a liderança da maior bancada na Câmara Municipal; em respeito aos membros da Comissão Executiva Municipal do PSDB, da qual faço parte; e em respeito aos milhares de militantes do PSDB em nossa cidade.

Como líder da bancada de vereadores e representante da Executiva Municipal tenho o dever de multiplicar esforços para fortalecer a sigla – algo que sempre fiz e faço com dedicação e empenho – e a responsabilidade de denunciar procedimentos que denigrem o partido.

Como pré-candidato a prefeito de São Paulo, cidade onde nasci, cresci e me formei politicamente, dentro dos preceitos da  ética e da transparência, tenho a obrigação de exigir lisura nos procedimentos de escolha, que, longe de consagrar a democracia partidária, avilta não só os filiados, mas a própria democracia.

Aprendi com Mario Covas o significado da luta e do trabalho pela Social Democracia. Segui trilhando esse caminho ao lado de lideranças como Fernando Henrique Cardoso, Alberto Goldman, José Serra, Aloysio Nunes, Arnaldo Madeira, José Gregori e tantos outros.

São essas as raízes do PSDB. São essas as minhas raízes, que se frutificaram em mais de 25 anos de militância.

O PSDB veio à luz para oxigenar a vida política nacional. Para combater formas ossificadas de se fazer política, para dar vez e voz a militantes sufocados pelo caciquismo, pela subordinação da política a projetos pessoais e mandonistas. Para fazer frente aos que utilizavam a máquina do Estado para obter maioria, sufocando qualquer possibilidade de democracia interna.

Assim, ao me deparar com as barbáries ocorridas ao longo do processo das prévias percebi que ele se transformou na negação do que, desde a sua origem, o PSDB pregou.

É a isto que não me subordino.

Contra o que vi, acompanhado de valorosos companheiros, no dia do sufrágio: o intensivo uso da máquina do governo do Estado, bem como o ilegal abuso do poder econômico.

Ao longo do fatídico dia 28 de fevereiro assistimos perplexos a ostensiva e irregular publicidade eleitoral; a prática escancarada de boca de urna (definida como crime eleitoral); o transporte massivo de eleitores; a oferta de alimentação; a realização de festas com oferecimento de bebida alcoólica; a violência nos locais de votação; o impedimento dos fiscais exercerem suas funções; a afronta ao exercício do voto secreto; a intimidação física e moral de eleitores.

E a pior das afrontas: a compra de votos.

Tudo, absolutamente tudo, registrado por meio de fotos, vídeos, depoimentos e pela grande imprensa, que tornou público à sociedade aquilo que o PSDB mais condena em seus oponentes: o vale tudo eleitoral.

O processo, completamente contaminado pelo arranjo do pré-candidato João Dória Jr., foi definitivamente colocado sob suspeição a partir das próprias declarações do postulante, confessando à imprensa que faz pagamentos mensais a militantes tucanos para obter apoio nas prévias.

Isso é ilegal, imoral e indecente.

Destaca-se ainda o flagrante uso da máquina estatal para auxiliar em favor de uma candidatura. Mais grave: antecipando a campanha presidencial de 2018, com um cabo eleitoral passando ao largo dos interesses locais, das demandas e da vida do cidadão paulistano. Nada disse é irrelevante ou ridículo, como foi afirmado.

Estamos todos em risco. Dada a passividade com a qual o processo está sendo tratado, fundamentado em abuso de poder econômico e na falta de conduta moral de uma das candidaturas, todos nós seremos coniventes com o erro, com o “tudo pode”, com a ilegalidade.

Nem mesmo a apuração das gravíssimas denúncias encaminhadas por iminentes representantes do nosso partido, no dia do pleito, recebeu tratamento adequado. Primeiro, a relatoria ficou a cargo de um aliado confesso do pré-candidato denunciado, que protelou a análise, permitindo – e até incentivando – que os mesmos métodos inaceitáveis se repetissem no segundo turno.

Não bastasse, a Executiva do Diretório Estadual interveio no Diretório Municipal e, com mãos de ferro, cassou a decisão de adiamento da data do turno final, o que permitiria a apuração de denúncias e evitaria a consagração da ilegitimidade da disputa.

Jamais considerei a hipótese de ser submetido a tamanha ignomínia.

Nunca pude me imaginar em uma agremiação em que parte de seus membros são capazes de chancelar a compra de votos, o uso da máquina, o crime eleitoral. Jamais imaginei que um grupo no partido que ajudei a construir, que apoiei em vitórias e derrotas, decidisse rifar o futuro da maior cidade do país. E que viesse dar aval a um processo viciado e ilícito.

O PSDB ainda é um partido formado por uma parcela de pessoas dignas, militantes dedicados e batalhadores, lideranças inquestionáveis, mas que também foram atropeladas por essa forma arcaica, atrasada de se fazer política. Sou profundamente grato a essa militância tucana que não se dobrou à pressão e exerceu seu direito de votar livremente na disputa interna. Ela sempre terá o meu respeito.

Mas o caminho que a legenda tomou nessas prévias é inaceitável. Além de beneficiar uma candidatura, atropelou o princípio da isonomia na disputa interna e desconsiderou o mais importante: o destino dos milhões de paulistanos.

Diante de tudo isso, depois de 25 anos de dedicação e lealdade, não tenho mais condições de me manter no PSDB.

Tomo tal atitude depois de muito refletir, com dor no coração. Mas é o único caminho que me resta.

Pelo exposto, solicito minha desfiliação do Partido da Social Democracia Brasileira.

Em seguida, em 19 de março, o iG respondeu:

Do Último Segundo

Desmascarado pelo “Diário de S. Paulo”, Andrea Matarazzo se complica em nota

O vereador negociava com o PSD, de Gilberto Kassab, ao mesmo tempo que participava da prévia do PSDB para escolher o candidato que disputará a Prefeitura de São Paulo

Matarazzo deixou a disputa pela vaga tucana às eleições de São Paulo

No último dia 15 de março, o jornal “Diário de S. Paulo” denunciou que o então pré-candidato às prévias do PSDB negociava paralelamente trocar seu partido pelo PSD, de Gilberto Kassab – em plena campanha para a Prefeitura de São Paulo.

Acuado com a revelação sobre o jogo duplo, que mostrava sua infidelidade ao PSDB, Andrea Matarazzo tentou – sem sucesso e num gesto de desespero – atacar a imagem do “Diário de São Paulo”.

Para nossa surpresa, em sua última coluna no jornal (em 13 de março), Andrea se contraria novamente ao dizer que sairia da vida pública e se dedicaria à vida privada se perdesse as prévias do partido.

O portal iG repudia qualquer tentativa de intimidação à liberdade de imprensa. Vamos continuar levando à opinião pública os fatos como eles verdadeiramente ocorrem. Seremos sempre fiéis aos nossos leitores.

Consultamos a redação do “Diário de S. Paulo”, que nos informou que o comprometimento do jornal é com a verdade e jamais beneficiaria ou beneficiará um colunista em detrimento dos fatos.

Redação

11 Comentários

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  1. Quem diria…

    Jornalismo requer seriedade e isenção, atributos que estão ausentes na cobertura do Diário e do iG.

     

    Tucanos reclamando de “falta de isenção” da mídia.

    Pimenta no dos outros é refresco, né mesmo Andrea?

     

    Mas…. desde quando temos mídia isanta no Brasil?

    Sabia, não, bobão?

  2. Repito

    Já fiz antes este comentário, mas cabe aqui e continua atual.

     

    A denúncia de compra de votos já está feita. Agora usem o Tico e o Teco e construam uma investigação baseada na suposição de que os recursos provieram de corrupção (pode ser do escândalo das merendas, pode ser do Metrô, pode ser do Rodoanel. As possibilidades são infinitas). Grampeiem, conduzam coercitivamente e prendam temporaria e provisoriamente. Know-how vocês já demonstraram à saciedade que têm..

     

    Ah, sim: lembro que os líderes são muito elusivos. Assim, se necessário, apliquem a Teoria do Domínio do Fato.

  3. “Aprendi com Mario Covas o

    “Aprendi com Mario Covas o significado da luta e do trabalho pela Social Democracia. Segui trilhando esse caminho ao lado de lideranças como Fernando Henrique Cardoso, Alberto Goldman, José Serra, Aloysio Nunes, Arnaldo Madeira, José Gregori e tantos outros.” Pois bem, se o pessoal citado foi quem lhe ensinou, vemos que você aprendeu muito bem, haja vista o episódio Fernando x Ruth x Miriam; e mais não tenho a dizer …

  4. Quanto Mimi mimi do AM , não

    Quanto Mimi mimi do AM , não aguentou duas notícias negativas …. e ainda quer ser prefeito ? Já vai tarde …..

     Acho que Andrea M. Sentiu na pele o que é ser petisca. …

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