Os riscos de uma crise no setor de petróleo

Enviado por Adir Tavares

Petróleo: o início da próxima crise?

Do Informação Incorrecta

A recente guerra dos preços do petróleo pode desencadear uma profunda crise financeira?
A dúvida existe mas a resposta parece ser: não de forma directa.

O que começou como uma estratégia para pôr em dificuldades alguns Países (Rússia em primeiro lugar) não tem a capacidade tornar-se algo parecido com a crise que despoletou a crise global em 2008.

Não de forma directa, como afirmado. Ao comparar as “bolhas” (aquela dos subprimes de 2008 e aquela do petróleo hoje) é possível observar como a primeira fosse 5 vezes maior.

No geral, os economistas pró-establishment baseiam-se nisso para negar o perigo; todavia, outros analistas indicam a existência de diferentes elementos que podem contribuir para um quadro de potencial contágio:

as perdas dos produtores de petróleo;

as perdas dos bancos expostos perante o mercado de petróleo, muito endividado;

as perdas no mercado dos derivativos da energia, o que equivale a 4.000 mil milhões de Dólares;

as perdas sobre os Credit Default Swaps (CDS) contra o risco de insolvência do mercado da energia;

a circulação de “produtos estruturados” que contêm estes CDS.

Como é possível observar, mais uma vez grande parte dos riscos provêm do sector da especulação financeira (derivativos, CDS, produtos estruturados…).

Mas há também a vertente económica. A primeira “vaga” já está a afectar os produtores norte-americanos que exploram o xisto e que precisam de um preço do barril (Brent) entre 80 e 120 Dólares para pagar as dívidas. Com um preço menor, a extracção deles não compensa e actualmente o barril fica abaixo dos 60 Dólares. Bem longe do valor mínimo que seria preciso.

Caso a guerra do petróleo não acabar, a indústria petrolífera irá recolher menos do que 400 biliões em receitas. Muito, sem dúvida, mas sempre menos do que a dívida que atinge um total de 1.600 biliões de Dólares.

Depois, como vimos, há o sector especulativo (financeiro), cujo derivativos apresentam uma exposição de 20.000 biliões. Muito, muito dinheiro: e é aqui que se joga o futuro da crise.

O analista Peter Lewis advertiu, numa carta ao Financial Times do passado dia 18 de Dezembro, que os actuais preços do petróleo podem provocar uma vaga de insolvência que atingiria um terço dos que têm dívidas com os bancos, com uma perda de 135 mil milhões de Dólares pelos bancos que venderam CDS.

135 biliões são um gota no meio do oceano dos derivativos; mas é bom lembrar que a americana AIG (seguros) afundou em 2007 por causa de onze biliões de perdas em CDS sobre títulos imobiliários subprimes, e teve de ser salva com 85 biliões da Federal Reserve e outros 150 biliões do governo.

Mas não é tudo: há também outros produtos, os tais “produtos estruturados”, títulos que contêm entre outros também vários CDS, incluindo aqueles sobre a energia.

Além disso, Lewis adverte:

O aumento da volatilidade dos derivativos sobre as commodities geralmente é transmitida a outras classes de valores mobiliários e provoca perdas nos derivativos sobre as taxas de juros (em que os bancos americanos estão expostos em 192 mil biliões de Dólares) e sobre os câmbios (31 mil biliões). As perdas num segmento de mercado podem tornar-se contagiosas por causa dos emaranhados financeiros.

É uma situação que obriga a reflectir: será que os Estados Unidos estão dispostos a precipitar numa nova crise apenas para pôr em dificuldades a Rússia? Pode esta ser vista como uma atitude desesperada por parte da Administração americana?

Provavelmente a resposta para ambas a perguntas é “não”: difícil pensar que os analistas perto do governo não tenham previsto por tempo as eventuais implicações. Difícil, portanto, que não haja um “Plano B” em caso de dificuldades. 

Entretanto, eis uma notícia para quem vive nos Estados Unidos: a  revogação da emenda à Lei Dodd-Frank Lincoln assegurou que agora os produtos derivativos serão protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos (FDIC). Isto significa que as perdas registada pelos derivativos da energia serão pagas pelos contribuintes.

Assim, tanto para começar bem o novo ano.

Ipse dixit.

Redação

11 Comentários

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  1. 4.000 mil milhões de

    4.000 mil milhões de Dólares

     

    rsrsrs, é por estas e outras que o PT PT vai acabar extinto. Está cada vez mais próximo do Castelhano. Um dia serão anexados e pronto, acabou.

    1. Extinto?

      O PT será extinto como o sol também um dia será. O que não será extinto é a estupidez por que o que a diferencia da sabedoria é que a sabdoria tem limites.

  2. Enquanto os EUA…

    Os EUA são totalmente dependentes do Petróleo e seus derivados, enquanto for assim a crise do petróleo é apenas especulação. O povo americano possui grande participação nas ações do petróleo.

    Só não compro ação da Petrobrás porque minha situação financeira não permite.

    Quem vender sua ação da Petrobrás vai chorar… num tempo não muito distante.

     

      1. Consulte um expert da bolsa…

        Não sou esta pessoa, mas…

        Ações sempre se compra na baixa. Situação atual das ações da Petrobrás.

        Petróleo nunca foi negócio ruim. 

        Ações são para resgate futuro, a curto prazo não serve este tipo de investimento.

        Uma sugestão, deixe1/3 na poupança, coloque 1/3 nos fundos de renda fixa e os outros 1/3 compre ações da Petrobrás.

        Não invista no ouro ou dólar pois estão em alta.

         

  3. Mais especulação do que realidade.

    Os preços do Petróleo não comportam valores acima de US$120,00 o barril ou abaixo de US$70,00, simplesmente por alguns motivos. Acima de U$120,00 energias alternativas com algum subsídio tornam-se atrativas e a racionalização de seu uso (nos USA o consumo por doméstico habitante está caindo), por outro lado abaixo de US$70,00 não só os produtores de óleo e gás de folhelho param de perfurar novos poços e a produção real cai, além disto nos USA o preço baixo é transferido instantâneamente para as bombas de gasolina, tirando dos cidadãos a necessidade de economizar.

    Além de tudo isto há um segredo de polichinelo que não é transmitido para o grande público, a Arábia Saudita está com uma margem muito pequena para aumentos de produção, se o petróleo do Iraque e da Líbia, não fluir com desembaraço haverá diminuição ou limite na demanda, fazendo com que o preço suba.

    Ou seja, o que há é uma especulação de vários grupos interessados em transformar o mercado numa gangorra para quem tenha facilidade de diminuir ou aumentar a produção dentro de determinados limites lucre com isto.

    Agora uma coisa é certa, em uma situação em que a demanda não está aquecida e haja oscilações para cima e para baixo favorece as grandes petroleiras e as pequenas e mádias vão pagar o custo desta instabilidade do mercado.

    1.  
      O óleo do Iraque e Líbia

       

      O óleo do Iraque e Líbia está fluindo SÓ QUE  fora do sistema e por preço ABAIXO do mercado. O óleo está sendo roubado e este é um dos motivos do baixo preço.

      Produção quase de graça para alguns. 

      Isso é o que dizem por aí…

       

      Se vc for um Curdo, por quanto venderia o Petróleo? 30?  … qualquer coisa serve.

      1. esse sempre foi o motivo principal

        ou alguém aí acredita ainda nas armas de destruição em massa.

        trairagem foi terem ‘matado’ o osama, que possibilitou a eles todas essas invasões e roubos descarados!!

  4. Casa de Saud à frente

    Adir,

    O artigo, depois de elucidar as consequências diretas do petróleo com preço/barril abaixo de certo patamar, quem sabe abaixo de U$ 50,00, fica estragado ao sugerir que é Tio Sam quem está à frente das oscilações no mercado do crude, não é.

    Tio Sam resolveu interferir uinilateralmente naquele mercado, insuflando o shale gas ao seu bel prazer, em um determinado momento a Arábia Saudita resolveu dar um chega prá lá em BObama. Esta tentativa permanente de mostrar USA à frente disto tudo é bisonha, serão as empresas do shale e gas e respectivos forncedores que abalarão com o mercado financeiro americano, levando junto os sempre alavancados setores de especulação permanente. 

    Até o próximo mes de junho, quando será a realizada a próxima reunião da OPEP, o mundo fica de joelhos para a Arábia Saudita, na dependência da boa vontade da Casa de Saud, o resto é o resto.

    Hoje, o crude na NYMEX já furou os U$ 49,00.

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