A visita de Dilma à Espanha

Por Dario Lenza

A manchete diz uma coisa e a reportagem, outra

Cádiz, na Espanha, espera Dilma sob protestos

Leonardo Cavalcanti, Do Estado de Minas

Uma manifestação rápida e silenciosa contra a crise europeia ocorreu ontem na cidade que receberá a presidente Dilma Rousseff a partir de sexta-feira durante a XXII Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo. A petista é considerada a estrela do evento por conta da atual importância brasileira no cenário internacional, que contrasta com a crise na Europa.

Mas, ao contrário dos protestos ruidosos em Madri e Barcelona, a manifestação em Cádiz, a 650km da capital espanhola, foi pacífica. Um ato com cerca de 7 mil pessoas, segundo a polícia local, ocorreu por menos de duas horas, ainda no início da tarde. Ao longo do dia, o comércio e os serviços fecharam e o transporte público e privado funcionou de forma mínima, o que deixou a cidade silenciosa.

O que se destacava eram os policiais, preparados para receber os chefes de Estado na conferência, a partir de amanhã, quando Dilma chegará e deverá se reunir com os chefes dos 22 países que participam da Cúpula Ibero-Americana. Apenas não confirmaram presença os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; da Venezuela, Hugo Chávez; de Cuba, Raúl Castro; e da Guatemala, Otto Pérez.

O destaque de Dilma na conferência aumenta ainda mais com a ausência de Cristina, que oficialmente alegou problemas de saúde. Nos bastidores do evento, entretanto, os próprios representantes argentinos admitem que ela não aparecerá por causa das críticas sobre a desapropriação de uma subsidiária da petroleira espanhola Repsol. A intervenção do governo argentino ocorreu no último mês de abril.

O debate mais frequente na Espanha hoje é o alto índice de desemprego. A média nacional é de 25%, mas a depender da faixa etária pode chegar a 50%. Em Cádiz, localizada no extremo sudoeste da Europa continental, a taxa média de desemprego é de 37%. A crise de crédito e o déficit público, entretanto, é o que mais preocupa o atual governo de direita espanhol, comandado por Mariano Rajoy, do PP.

Protestos

O dia de ontem foi marcado por fortes protestos contra as medidas de austeridade em Lisboa, Madri e Atenas. A greve geral convocada por diversos sindicatos em vários países europeus levou multidões às ruas, provocou conflitos com a polícia e atrasou voos em toda a Europa, especialmente na Espanha, onde o principal sindicato do serviço civil público não aderiu ao movimento.

Em Portugal, a greve paralisou os transportes públicos e reduziu as equipes de trabalho dos hospitais de todo o país. Estações de metrô de Lisboa foram fechadas e os ônibus circularam de forma limitada. Também houve cancelamentos de voos no principal aeroporto da capital portuguesa e serviços de ferry boat no Rio Tejo foram afetados. “As pessoas estão dando um basta na austeridade e na pobreza”, afirmou Armênio Carlos, diretor da CGTP, a maior confederação sindical de Portugal, com mais de 600 mil membros. Mas a greve no país também não é unânime, já que a segunda maior confederação sindical portuguesa, que representa mais de 500 mil trabalhadores, não quis apoiá-la.

Na Grécia também houve paralisação. Os dois maiores sindicatos do país – o GSEE, do setor privado, e o Adedy, do setor público – suspenderam os trabalhos ao meio-dia. (Com agências)

Luis Nassif

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