Bispo da Paraíba é ofendido por bolsonaristas e Diocese repudia “fascismo”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Na dúvida, escolham os pobres", disse bispo, que foi depois atacado por bolsonaristas

Catedral de Nossa Senhora da Luz, em Guarabira (Foto: Divulgação)

Um bispo de Guarabira, no interior da Paraíba, foi agredido verbalmente e atacado com desrespeito por bolsonaristas, neste domingo (23), após homenagear os pobres, elogiar o governo Lula e rezar por uma eleição “de amor” e “dos abandonados”, durante a missa.

Entre os presentes, familiares de Wilsinho, presidente da Câmara Municipal, da cidade que fica a 98km de João Pessoa, hostilizaram o bispo Dom Aldemiro Sena dos Santos.

“‘Na dúvida, escolham os pobres’, nos diz Dom Pedro Casaldáliga. (…) Que nossa senhora da luz ilumine a todos nós diocesanos, para que façamos uma boa escolha, em vista do bem comum, em vista dos pobres”, disse o pároco da Igreja Catedral de Nossa Senhora da Luz.

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“Pensamos, então, ao senhor que nos ajude neste tempo de eleição a escolher aquele que possa verdadeiramente olhar pelo povo brasileiro, sobretudo os pobres. E aqui no Nordeste, nós damos um show de democracia e você pode continuar a fazer isso ainda hoje.”

Após as palavras, apoiadores de Jair Bolsonaro foram à sacristia questionar e atacar o bispo. Imediatamente após o fato, a Diocese de Guarabira emitiu uma nota repudiando os ataques, apontando serem “claramente motivados por tendências ideológicas fascistas e autoritaristas”.

A Diocese falou, ainda, em “perseguição ao cristianismo” que apoia “os mais pobres”, “desrespeito à fé” e “tentativas de silenciar a pregação do Evangelho” como “violação à liberdade religiosa”.

Violação à liberdade religiosa

“Atitudes de violência, como a que foi sofrida pelo Bispo de Guarabira, sinalizam a existência de perseguição ao cristianismo autêntico que tem sua opção pelos mais pobres (Lc 6,20), vulneráveis (Jo 8,11), estigmatizados e marginalizados (Mc 1,40-41). Não obstante, também desvelam aqueles que, de fato, desrespeitam a fé, maculam a religiosidade e profanam o templo ao modelo dos vendilhões expulsos por Nosso Senhor (Jo 2,13-16). Nesse sentido, concebemos que quaisquer tentativas de silenciar a pregação do Evangelho configura-se como uma violação à liberdade religiosa, direito assegurado constitucionalmente.”

A Diocese de Guarabira concluiu que “repudia-se não apenas o ataque fascista à pregação do Evangelho ocorrido na casa de Nossa Senhora da Luz, mas a toda e a qualquer forma de violência, de violação à liberdade religiosa, de perseguição e intolerância”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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