No JN, Ciro Gomes propõe governo via plebiscito e renda mínima com imposto sobre fortunas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Em respostas a Bonner e Renata, Ciro direciona mais ataques a Lula do que a Bolsonaro e pede voto contra "polarização odienta"

O candidato Ciro Gomes, presidenciável do PDT nas eleições gerais de 2022, usou a entrevista de 40 minutos no Jornal Nacional, na noite de terça (23), para divulgar o carro-chefe de sua campanha: a renda-mínima de R$ 1 mil para as famílias mais pobres.

Sem explicar como pretende mudar, Ciro também criticou o modelo econômico praticado sucessivamente pelo governo federal desde a eleição de FHC; atacou o presidencialismo de coalização; repisou a prisão de Lula pela Lava Jato ao mesmo tempo em que evitou citar o nome de Jair Bolsonaro em suas respostas; tentou justificar seu isolamento e falta de alianças nas eleições, além de ter se colocado como opção moderada frente a “polarização odienta” entre Lula e Bolsonaro.

A questão do “isolamento”, passando pela estética das críticas de Ciro a Lula e Bolsonaro, e a “missão” de “unir o Brasil” polarizado, foram abordadas logo no início da entrevista.

Ciro, que está atrás de Lula e Bolsonaro nas pesquisas, evitou citar o nome dos adversários no começo, e até se comprometeu com Renata Vasconcelos a reavaliar sua postura. Porém, insistiu que “a corrupção é um flagelo” que precisa ser reiteradamente denunciado.

Renda mínima e taxação de fortunas

Na rodada com William Bonner, Ciro disse que seu objetivo é “unir o Brasil” em torno de um projeto nacional, que tem como destaque a renda mínima, algo que ele chamou de “perna de um novo modelo previdenciário”.

O projeto de renda mínima funde os orçamentos do BPC (benefício de prestação continuada), da aposentadoria rural, do seguro-desemprego e de todos os programas de transferência de renda – incluindo o novo Bolsa Família, que é o Auxílio Brasil – para gerar um “direito previdenciário constitucional”.

Com esse modelo, Ciro espera levantar 297 bilhões de reais do orçamento público, turbinado ainda com a taxação de fortunas acima de 20 milhões de reais. Nas contas do candidato, 58 mil pessoas detêm esse patrimônio hoje no Brasil. Com um imposto equivalente a 50 centavos a cada 100 reais de patrimônio, cada um desses 58 mil milionários financiariam a renda mínima de outros 821 brasileiros em situação de miséria.

Ciro Gomes, William Bonner e Renata Vasconcelos no Jornal Nacional
Ciro Gomes, William Bonner e Renata Vasconcelos no Jornal Nacional. Foto: Reprodução/TV Globo

Governo por meio de plebiscitos

No JN, Ciro apresentou uma mesma solução para vários desafios que um eventual governo seu enfrentaria. Para aprovar projetos sem apoio no Congresso e resistir ao presidencialismo de coalização, Ciro propõe governar por meio de plebiscisto.

A ideia, segundo ele, é pedir autorização ao Legislativo para fazer plebiscitos sempre que houver um “impasse” no governo.

Ciro também sustentou que teve dificuldade de construir um arco de alianças para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro nestas eleições porque seu programa de governo não tem adesão da elite econômica e política do País. Ele citou Luciano Bivar, presidente do União Brasil, que teria lhe dito que seu problema são “as ideias” e não o “temperamento”.

Repactuação com governadores

Para além do plebiscito, Ciro indicou que o mais importante ato de seu eventual governo seria “alargar a relação com governadores e prefeitos”.

“Eu vou libertar 15% da receita dos estados, deixar na mão dos governadores, e vamos combinar um grande projeto de desenvolvimento onde vou dizer como vamos criar 5 mil empregos”, prometeu.

Segundo Ciro, esses 5 mil empregos viriam da construção civil, com a retomada de obras paralisadas, e também de ações que “sobem o morro”, ou seja, investimentos na infraestrutura das periferias, passando pelo recapeamento de ruas até a universalização do saneamento básico – cujo planejamento deve estar sob controle do Estado, porém, a execução de obras pode ser entregue à iniciativa privada, pontuou Ciro.

“A essência do meu projeto é projetar o Brasil para 30 anos. É transformar o Brasil em um Portugal com qualidade de vida. A minha etapa são os primeiros 4 anos”, diz Ciro no Jornal Nacional

Fim da reeleição, ataques a Lula e Bolsonaro, e Portugal é aqui

No Jornal Nacional, Ciro também prometeu acabar com a reeleição para presidente da República e citou algumas vezes que Lula foi parar na cadeia por causa de escândalos de corrupção cuja origem estava no loteamento do governo.

No que tange a Bolsonaro, Ciro fez críticas evitando citar o nome do presidente. Ele lembrou da participação de Bolsonaro no JN na noite anterior e demonstrou espanto com o nível de mentiras e negacionismo do adversário.

Segundo Ciro, Bolsonaro teve “comportamento genocida, anti-ciência, com brigas vil pela vacina com o ex-governador de São Paulo [João Doria]“, a quem Ciro prestou “homenagem” por ter encampado a guerra a favor da vacinação.

Ciro também disse que seu “projeto nacional de desenvolvimento” tem como “essência projetar o Brasil para 30 anos. É transformar o Brasil em Portugal, com qualidade de vida. A minha etapa são os primeiros quatro anos.

Depois de falar de meio ambiente e segurança público, a estratégia de Ciro foi pedir votos aos eleitores que estão “frustrados” com Bolsonaro, mas não querem “voltar ao passado” com Lula. “Por que a gente não usa os dois turnos?”

“A ciência de errar é repetir as coisas do passado e achar que vamos ter resultados diferentes. Não vamos”, finalizou.

Assista à análise da sabatina feita por Luis Nassif, Eliara Santana e Weiller Diniz na TVGGN:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. Coitado do Ciro Gomes. Nos últimos anos ele falou merda o tempo todo, atacou ferozmente o PT e flertou abertamente com a extrema direita. Ao ser entrevistado pelo JN ele disse algumas coisas para tentar seduzir eleitores de esquerda como se alguém de esquerda pudesse confiar nele. Esse ano, se não for para Paris ele vai para a Putaqueopariu.

  2. O POVO FICARÁ CHOCADO AO “SABER”(DESPERTAR DA HIPNOSE)Q O PT ESTÁ HÁ SETE ANOS FORA DO GOVERNO E COMO PODERIA SER RESPONSÁVEL AINDA POR TANTO ATRASO/DESGRAÇA NO BRASIL?BODE EXPIATÓRIO?O EDITOR-CHEFE DE GRANDE EMISSORA PÚBLICA É RESPONSÁVEL? CORRUPÇÃO DA INFORMAÇÃO?TEMOS O DIREITO A COISAS DE QUALIDADE E NÃO ESTES VENENOS(500 VENENOS APROVADOS)ISTO MEXE COM O MEIO AMBIENTE ,UMA VERDADEIRA BOMBA ATÔMICA DESESTABILIZADO TÁ DE CORPOS E BIOMAS !!!

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