“Após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes”, revela Moraes sobre planos bolsonaristas em 8/1

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Ministro contou detalhes da tentativa de golpe em 8 de Janeiro e garantiu que todos envolvidos “serão responsabilizados”

Alexandre de Moraes, ministro do STF. | Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, revelou nesta quinta-feira (4) a existência de pelo menos três planos contra ele, arquitetados por bolsonaristas que invadiram as sedes dos Três Poderes, no dia 8 de Janeiro de 2023. 

Segundo Moraes, que à época estava em viagem com a família pela Europa, um dos planos – que surgiram do acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército em Brasília – incluía um enforcamento em praça pública.

Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, contou o ministro em entrevista ao O Globo.

E o terceiro, de uns mais exaltados, defendiam que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, acrescentou Moraes.

O ministro, relator do caso na Suprema Corte, afirmou que os planos estão em investigação em um inquérito separado no STF e que também há diligências em andamento coordenadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 

A tentativa de Golpe

Moraes, que é relator do caso na Suprema Corte, adiantou que as investigações confirmam que os golpistas pretendiam forçar a adoção da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), a fim de cooptar as Forças Armadas a aderirem ao golpe.

Nas investigações e nos interrogatórios de vários desses golpistas, temos que os discursos nos quartéis onde estavam acampados diziam que deveriam vir para Brasília. De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior, e sim a intervenção federal. Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados“, contou.

O ministro apontou como “o grande erro doloso” a permissão da entrada dos golpistas na Esplanada dos Ministérios, a partir do descuido da segurança após uma posse sem intercorrências em 1 de janeiro. Por isso, segundo ele, é de extrema importância responsabilizar todos os envolvidos no ataque, incluindo políticos. “Não há limite. Todos aqueles que tiverem a responsabilidade comprovada, após o devido processo legal, serão responsabilizados“, afirmou, ressaltando que mais de 30 pessoas foram condenadas pelo STF em menos de um ano.

Neste sentindo, Moraes disse também que a a prisão do ex-ministro Anderson Torres e o afastamento do governador Ibaneis Rocha foram ações decisivas para se conter os golpistas. “Achei importante três decisões: as prisões do então secretário [Anderson Torres] e do comandante geral da Polícia Militar [Fábio Augusto Vieira], para evitar efeito dominó em outros estados. Eu me certifiquei que as demais polícias militares estavam tranquilas, mas não podíamos arriscar. Ao mesmo tempo, o afastamento do governador [Ibaneis Rocha], para evitar que pudesse ocorrer algo extremista em outros estados, eventualmente outro governador apoiar movimento golpista”, explicou.

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