Imagem do governo Lula piora na pesquisa Quaest: o que e para quem mudou?

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Resultados mostram quem mudou de opinião e o que foi visto como ruim para o governo na avalanche dos 100 dias

Foto: Ricardo Stuckert/PR

A imagem do governo Lula está piorando junto ao eleitorado brasileiro. Enquanto a avaliação positiva diminuiu (de 40%, em fevereiro, para 36%), a negativa aumentou (de 20% para 29%). Os dados são do último levantamento da Genial/Quaest, divulgados nesta quarta-feira (19).

De acordo com o cientista político Felipe Nunes, diretor do Instituto, esse balanço foi definido, em parte, pelos eleitores de Jair Bolsonaro, que passaram a se posicionar contrários ao atual governo.

A conclusão foi feita após considerar que entre os eleitores de Lula não houve mudança significativa: uma queda de 2 pontos percentuais na avaliação positiva e um aumento de 1 ponto percentual na imagem negativa, ou seja, dentro da margem de erro.

Quem mudou de opinião sobre Lula?

Uma maior diferença, ainda que não suficiente para mudar o balanço final da avaliação do governo, foi notada entre os eleitores que não votaram ou votaram nulo/em branco nas eleições 2022: para eles, caiu 2 pontos percentuais a avaliação positiva e aumentou 10 pontos percentuais a avaliação negativa.

Contudo, além desta parcela ser uma minoria do total de eleitores, houve uma certa estagnação deste grupo, que majoritariamente considera o governo como regular (38%, e antes era de 32%).

Já o eleitorado de Jair Bolsonaro foi determinante para a mudança na imagem do presidente: se antes 51% avaliava como um ogverno negativo, agora são 64%; e enquanto 7% enxergavam de maneira positiva, agora são somente 2%.

“Foram os eleitores que votaram em Bolsonaro na eleição do ano passado que passaram a se posicionar contrariamente ao governo. Entre os bolsonaristas, a avaliação negativa do governo subiu de 51% para 60%, enquanto a não resposta caiu de 20% para 5%”,comentou Felipe Nunes.

Para o cientista político, “Lula tem sido um bom presidente para quem votou nele, mas seu governo, ao não fazer acenos para o eleitorado de centro e oposicionista, dá boas razões para que ele passe a buscar motivos para não gostar do que está vendo”.

As razões para a imagem negativa

Para entender em quais aspectos o eleitorado vê Lula de forma negativa, aumentou de 29% para 40% os que desaprovam a forma como ele “se comporta como presidente”. Também, para 55%, Lula não “tem conseguido fazer aquilo que prometeu”.

Também contribui para essa análise o alto volume de notícias negativas recentes, incluindo a taxação da Shein/Shopee, que o eleitorado afirma já ter ouvido notícias negativas, versus as notícias positivas e realizadas pelo governo, que a população poderia conhecer mais:

Por fim, houve uma queda de 9 pontos percentuais entre os eleitores que acreditam que a economia irá melhorar nos próximos 12 meses, e um aumento de também 9 pontos entre os que acreditam que irá piorar.

Segundo Nunes, nem “tudo está perdido para o governo”: “Sem a ansiedade dos 100 dias, é esperado que Lula entre em menos bolas divididas e que o governo consiga divulgar melhor seu plano econômico.”

A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.015 eleitores em 120 cidades brasileiras, entre os dias 13 e 16 de abril, com margem de erro de 2 pontos percentuais. Leia a íntegra da pesquisa aqui.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. E vai piorar. O inoperante Paulo Pimenta não está à altura do governo e dos desafios que vem pela frente. Paulo Pimenta é simplesmente um falastrão.

  2. Lula e PT sempre vão ser: (1) Combatidos pela míRdia da merdiocrelite, além da oposição política tradicional.
    Some-se agora (2) Olegado de um país avacalhado e destroçado e (3) O resiliente e eficaz combate bizarro nas redes com fakes, desinformação e distração sobre os reais problemas da nação. Sem (4) uma solução de COMUNICAÇÃO eficaz (ou contracomunicação), muitas batalhas serão perdidas nesta infame guerra do braZil contra o Brasil, por melhor que possa ser o governo, como foram, incontestavelmente,LULA I e II.
    Porta-voz com coletivas diárias, site centralizado para rebater e esclarecer (tipo o finado blog fa Petrobrás) e falar menos ou com menos contundência serão necessários e bem vindos, embora nunca suficientes neste país dominado há séculos por capatazes e corretores.

  3. Tão certo quanto o nome de uma cor quando escrito sobre ela é mais decisivo para sua definição do que a própria cor, as más notícias sobre o governo Lula superam a percepção dos seus grandes feitos. Alie-se a isso a dor dos bolsonaristas pela prisão e punição dos seus representantes deletérios. Enquanto tiverem voz vão ressoar seu ódio e frustração contra o governo, por mais que Lula faça.

  4. Já a algum tempo existe uma insatisfação da população com o quadro do País. A realidade é que todos sabem que havia um movimento de melhora até um indeterminado momento. Depois o País veio regredindo para a maioria das pessoas. Essa percepção é mostrada pela aversão em relação à política e aos políticos, como vê-se com a eleição de personalidades não políticas e alta votação. A precarização do mercado de trabalho com queda na renda e perda de expectativas, endividamento e outras preocupações estão relacionadas aos resultados. No sentimento comum, trocou-se o governo para continuar igual; não se verificou uma alteração que indique dias melhores. De certa forma há pressa por mudança, por isso essa queda. Representa a angústia de quem quer ter o próprio quadro mudado e começa a desconfiar.

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