No Chile, líderes estudantis entram na carreira política

Da Agência EFE

Líderes de movimento estudantil chileno se lançam na carreira política

Santiago do Chile, 9 jul (EFE).- Os líderes do movimento estudantil do Chile, que em 2011 puseram o governo de Sebastián Piñera em xeque, decidiram entrar na política e buscar uma cadeira no Parlamento nas eleições gerais do próximo dia 17 de novembro.

Após liderar nas ruas manifestações que evidenciaram as deficiências da educação no Chile, os rostos de maior destaque desse movimento, como Camila Vallejo e Giorgio Jackson, apostam agora pela sua participação na tomada de decisões e na renovação da política chilena.

Para conseguir seu objetivo, os jovens candidatos se afastaram dos blocos políticos tradicionais.

Vários deles concorrerão às eleições pelo Partido Comunista. Outros vão fazê-lo através movimentos políticos e sociais independentes.

Camila Vallejo é a líder estudantil mais influente dos últimos anos. Em 2011, no comando da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), mostrou ao mundo o desejo por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Naquele ano, Camila e Jackson, então presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica (Feuc), fizeram uma viagem pela Europa na qual se reuniram com representantes do Parlamento Europeu, da OCDE e das Nações Unidas para expor suas reivindicações.

A figura de Camila ultrapassou as fronteiras do Chile, e os leitores do jornal britânico “The Guardian” a elegeram como “personagem do ano” em 2011.

Camila tem 25 anos e é militante do Partido Comunista (PC), busca uma cadeira na Câmara dos Deputados pela comuna de La Florida, o bairro de Santiago onde viveu durante toda a vida.

Mesmo com um discurso crítico em relação aos partidos tradicionais, Camila vai participar das eleições parlamentares pela coalizão Nueva Mayoría (Nova Maioria), liderada pela ex-presidente Michelle Bachelet (2005-2010).

Outros antigos líderes estudantis tentarão também ampliar a presença parlamentar dos comunistas, como Camilo Ballesteros, ex-presidente da Federação de Estudantes da Universidade de Santiago (Feusach), que concorrerá em um distrito que abrange os municípios santiaguinos de Maipú, Cerrillos e Estação Central.

Ballesteros tentou fazer parte do cenário político em outubro, como candidato a prefeito do município de Estação Central e perdeu por pouco mais de 600 votos.

Karol Cariola, secretária executiva das Juventudes Comunistas e antiga presidente dos estudantes da Universidade de Concepción, concorrerá como deputada nos municípios de Recoleta e Independencia.

Na comuna central de Santiago concorrerá Giorgio Jackson, ex-presidente do diretório de estudantes da Universidade Católica e um dos rostos mais emblemáticos do movimento estudantil.

Jackson se apresenta como candidato independente pela Revolução Democrática, um movimento político formado por ele e do qual fazem parte outros dirigentes estudantis, acadêmicos, profissionais e pessoas ligadas às organizações sociais.

O Partido pela Democracia (PPD), da coligação de oposição à Nova Maioria, se mostrou disposto a não apresentar nenhum candidato na comuna central de Santiago, o que pode ser considerado um flerte com o ex-presidente da Feuc.

Jackson disse nesta terça-feira que vê “com bons olhos” a proposta, mas ressaltou sua intenção de manter a independência de sua candidatura e não se incorporar em coalizões políticas.

Outro dos antigos líderes que quer chegar ao Congresso é Francisco Figueroa, vice-presidente da Fech em 2011, que vai tentar uma cadeira na comuna de Ñuñoa e Providencia em Santiago com o apoio da Esquerda Autônoma, um grupo que se autoproclama como “político e revolucionário”.

Todos eles tentarão conseguir em lugar no sistema político chileno, um espaço que até agora parece reservado aos partidos dos dois grandes blocos que se alternam no poder desde a volta da democracia.

A última palavra será da população que se tornou mais poderosa e, segundo os especialistas, tomou consciência de seus direitos e reivindica um tratamento mais igualitário num país considerado como um dos mais desiguais da América Latina.

Luis Nassif

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