Os caminhos de Dilma para a governabilidade

Todo setor organizado precisa exercitar a visão prospectiva para balizar suas ações. Há que se ter sensibilidade para identificar a dinâmica dos grandes fatores centrais determinantes do futuro, fugindo do imediatismo das medidas pontuais.

Se seis meses atrás o governo Dilma Rousseff conseguisse identificar a dinâmica destes fatores:

1.    Desgaste com seu governo em círculos formadores de opinião.

2.    Desgaste com a opinião pública midiática por conta da campanha sistemática da mídia.

3.    Desgaste com o mercado devido à dubiedade das contas fiscais.

4.    Desgaste com movimentos sociais e sindicatos, partidos políticos e associações empresariais devido à falta de diálogo.

poderia estar há seis meses agindo proativamente sobre cada um.

Obviamente seria difícil prever a explosão das redes sociais. Mas os demais fatores estavam no horizonte.

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O desafio agora é aproveitar as lições e preparar a estratégia para os próximos semestres.

Os dados centrais de análise:

1.    Economia – Apesar da perspectiva de algumas boas notícias na frente econômica – sucesso nas concessões e inflação refluindo um pouco -, o quadro econômico tende a se agravar. Ao contrário do que diz Guido Mantega, o crédito bancário não irá se recuperar; há dados do varejo demonstrando desaceleração do consumo; e as contas externas continuarão se deteriorando.

2.    Velha opinião pública – A guerra da informação se acirrará, ainda mais após a velha mídia constatar a fragilização da candidatura Dilma em 2014.

3.    Nova opinião pública – Classe média, direita, esquerda, partidos, sindicatos, todos parecem dispostos a mostrar a musculatura nas manifestações de rua e nas redes sociais.

4.    Justiça – A eleição da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o fim do mandato de Roberto Gurgel na Procuradoria Geral da República (PGR), e a indicação de ministros maduros para o STF (Supremo Tribunal Federal) refrearão as interferências políticas do órgão. Mas novos movimentos de opinião pública  têm efeitos imprevisíveis sobre o STF.

5.    Congresso – Não  se encontra um parlamentar sequer que se sinta participante do projeto de governo de Dilma – seja do PT ou de partidos da base.

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O xadrez da política, para o governo Dilma, consistirá em administrar a exacerbação atual da política, em um ambiente econômico desfavorável, sem permitir a erosão da base de apoio parlamentar.

Ações:

1.    Preparar a opinião pública para os baixos resultados econômicos do segundo semestre e criar expectativas favoráveis para o próximo ano.

2.    Preparar, desde já, um conjunto de políticas a serem trabalhadas com participação ampla dos setores envolvidos. E planejar a divulgação para se contrapor à safra de más notícias econômicas.

3.    Sair definitivamente do isolamento, institucionalizando a interlocução com os diversos setores sociais. Reuniões esporádicas não serão suficientes.

4.    Monitorar de forma profissional o universo de notícias, de maneira a esclarecer e evitar a formação de ondas.

5.    Recompor a interlocução com o Congresso. A partir de 20 de agosto, há o risco da derrubada em série dos vetos às medidas provisórias.

6.    Uma reforma ministerial, de preferência com reestruturação dos ministérios, para servir de ponto de corte para a nova etapa.

Luis Nassif

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