Os malabares do fascismo, por Luiz Eduardo Soares

No Brasil, hoje, o inimigo é uma construção imaginária, criada pelo consórcio militar-jurídico-político-midiático

Reprodução/Captura de tela/CNN Brasil

Por Luiz Eduardo Soares

Bolsonaro se compraz em manter no ar seus malabares: golpes de diferentes tipos, aniquilação dos “inimigos”, sublevações policiais, confronto com governadores e o STF, promessas de auxílios superiores ao Bolsa Família, reformas ultra-neo-liberais e até eleições e cumprimento da Constituição.

Mantendo vivas todas as hipóteses, ele acena para as elites e os descamisados, apazigua os conservadores com os indícios de autocontenção e, ao mesmo tempo, mantém acesas as tochas da insurreição neofascista, alimentando suas hostes extremistas com a expectativa da guerra total. Seu método consiste em manter no ar, girando, todos os malabares, simultaneamente.

Assim, desconcerta as oposições: todas as previsões tornam-se incertas e possíveis. A tática é deslocar a agenda substantiva: fome, miséria, desemprego, desalento, destruição das sociedades originárias, devastação dos direitos sociais, degradação ambiental.

A tática diversionista dos generais que recorrem à guerra para promover a coesão interna e evitar a derrocada política é conhecida -lembremo-nos das Malvinas.

No Brasil, hoje, o inimigo é uma construção imaginária, criada pelo consórcio militar-jurídico-político-midiático. E a guerra, um cenário virtual que toma conta da tela sempre que o núcleo do poder quer evitar a focalização de questões com potencial para agregar as massas populares em torno da alternativa democrática e progressista.

Vale a pena ler Piero Leirner: O Brasil no espectro de uma guerra híbrida (Alameda, 2020).

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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