Pode ser a gota d´água: amanhã será outro dia!, por J. Carlos de Assis

Movimento Brasil Agora

Pode ser a gota d´água: amanhã será outro dia!

Por J. Carlos de Assis

Foi a gota d´água. Depois da aprovação sob pressão do Governo da PEC da Morte, e da tentativa de aprovar a toque de caixa na Câmara a chamada reforma da previdência, configurou-se a definitiva ruptura entre a dupla Temer/Meirelles e o povo brasileiro. Agora só resta empurrar ambos ladeira abaixo lhes cabendo apenas, nesse que promete ser o fim do festim do capital financeiro especulativo, recorrerem ao amparo pelos seus patrões  banqueiros, estes com os quais a Nação também em breve fará um acerto de contas.

Como observa o senador Roberto Requião, temos sido até aqui, já há muito tempo mas de forma acentuada no governo de Michel Temer, servos do dinheiro ou, como diz a Bíblia, servos de Mamon. O Brasil não se reerguerá da crise profunda em que se encontra, mesmo porque a essência dessa crise está sendo forjada pelo próprio Governo, sem implantar em caráter de urgência um plano econômico de emergência que reverta em questão não de meses, mas de dias, a situação dramática em que se encontra.

É claro que não pode haver plano de emergência aplicado pelos próceres do Governo atual. Eles o desfigurariam e o venderiam à Febraban, como fizeram com leis e medidas provisórias vendidas a empreiteiros e outros grupos de interesse, confessadamente, nas delações da Odebrecht. O problema já não é mais quando Temer deve sair, mas como deve sair. E, sobretudo, como encaminhar a sucessão. Os atuais presidentes da Câmara e do Senado são suspeitos. Não podem conduzir um processo de eleições diretas.

Para que o poder da República não caia nas mãos de uma autoridade não eleita, como é o caso da ministra Carmen Lúcia, é fundamental que Senado e Câmara, em regime de urgência, antecipem as eleições dos presidentes do Congresso. Eles então convocariam eleições gerais em três meses, para reestruturar completamente a superestrutura política brasileira, estabelecendo também previamente uma legislação eleitoral que compatibilize democracia com as necessidades materiais e morais da Nação.

No Senado, a meu ver, há nomes dignos para assumir a presidência da Casa, mas nenhum como o senador Roberto Requião, que reúne lealdade não corporativa, coragem e competência específica em economia. Na Câmara há a jovem liderança de Leonardo Quintão, vice líder do PMDB, que tem na biografia o ativo de ter sido derrotado para a liderança por Eduardo Cunha. Esses dois líderes poderiam reger a transição, conjuntamente, a partir de um plano econômico que o senador Requião já anunciou publicamente como sugestão ao Governo – e que foi felizmente ignorado, pois caso contrário o Governo o teria negociado.

Obviamente, as sugestões ideais que faço, na qualidade de cidadão, só se justificam como algo realizável em face da gravidade da crise. Que os pusilânimes e os distraídos – não os corruptos, estes não tem salvação – tragam na mente a imagem da marginalidade armada descendo dos morros e das periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo para dar cobertura aos miseráveis criados pelo Governo Temer em assaltos a supermercados. Não pensem que as poltronas do Senado são uma zona de conforto. Na convulsão social iminente, pessoas e famílias correm riscos. Inclusive aqueles que discutem o sexo do anjo enquanto as muralhas de Constantinopla são postas abaixo.

Tendo participado da elaboração do plano sugerido pelo senador Requião, tomo a liberdade de indicar suas linhas gerais, ancoradas inteiramente no New Deal e no Novo Plano alemão dos anos 30: 1) retomada imediata de investimentos públicos para a recuperação da Petrobrás e da cadeia do petróleo, anulando a recente privatização retalhada da empresa; 2) retomada também imediata dos investimentos públicos em logística e em construção habitacional com projetos já definidos; 3) anulação das dívidas dos Estados junto ao Governo Federal, condicionado a investimentos de infraestrutura e serviços públicos essenciais.

É claro que há muito mais, mas isto é a essência. Tendo em vista o terrorismo que os servidores de Mamon fizeram com a questão do déficit e da dívida pública, convém explicar aos que tem boa fé que, em depressão, o déficit público não é apenas tolerável, mas absolutamente necessário para a recuperação da economia. Quanto ao eventual impacto da retomada do crescimento no balanço de pagamentos, podemos utilizar o imenso volume de cerca de 370 bilhões de dólares que temos em reservas. Claro, podemos fazer tudo isso. Mas jamais poderíamos continuar pondo esse dinheiro todo nas mãos de Temer e de Meirelles.

Redação

12 Comentários

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  1. P-NRV: Presente – não registrou o voto

    Esta foi a situação do senador Marcelo Crivella, ontem, no Senado, na votação da PEC 55. Estava na Casa e se omitiu. Trata-se de uma atitude de grande covardia. É este senador que assumirá a prefeitura da mui sofrida São Sebastião do Rio de Janeiro a partir do primeiro dia de 2017. Foi este senador que traiu a confiança da sra. Dilma Rousseff, ao votar por seu impedimento.

    Entre este ato de traição e a assunção ao governo da mui sofrida cidade, o senador obscurantista recebeu o apoio dos “agoristas”, que tem no autor dete artigo sua principal liderança, juntamente com intelectuais vaidosos ressentidos e esquerdistas arrependidos.

    Esta é a função do “agorismo”: dar lustros de esquerda a uma direita amorfa.

    Portanto, parte das mazelas que sofreremos entre o próximo ano e 2020, pelo menos, será resultado do apoio do “agorismo” ao traidor “salvador de almas” que assumirá a prefeitura.

    Que triste sina é a desta mui sofrida Cidade! Que triste sina é a deste mui sofrido País!

  2. Concordo

    Porém, se não houver uma profunda desratização do País, êles voltam, tal qual vampiros nos quais não se cravou uma estaca no peito.

  3. José Carlos,
    Sinto te

    José Carlos,

    Sinto te informar, mas o problema que o brasil enfrenta hoje não será resolvido com palavras, artigos, projetos de lei, protestos ao CNJ, CNMP etc etc

    Os bandidos golpistas do legislativo e judiciáriio não estão nem aí para o que o povo pensa ou quer. As votações do legislativo contra os trabalhadores, as votações do stf contra os trabalhadores, a perseguição do MPF e da lava jato ao maior líder trabalhista do brasil, quiçá do mundo é a prova que para estes nada mais importa.

    O ÚNICO meio de barrar o desmonte do brasil é a PORRADA.

    Se os trabalhadores não se unirem vão se levados à semi escravidão em favor dos rentistas nacionais e estrangeiros.

    Se os aposentados não se unirem serão levados à miséria e a fome.

    Urge partir para cima dessa gente golpista encastelada na câmara, senado, judciário e mídia, organizações patronais eemprsários filhos da puta como aquele da riachuelo.

    Quando digo  ir para cima é para matar ou morrer.

     

  4. falta aos nobres um ato de nobreza!

    Requião e Quintão podem ser muito nobres. Mas falta-lhes o essencial: nunca se incomodaram com o abrigo do PMDB, sigla máxima do velho fisiologismo.

    Cansei das estimativas de votação em favor do povo vindas do senador. Nos ilude com estimativas de votação que nunca acontecem. Lembram dos 31 certos a favor de Dilma? E na semana passada não dizia que a PEC 55 não passaria?

    Requião, Quintão … Tudo fanfarrão?

  5. De volta para o passado…

    Leonardo Quintão?

    Sei não…

    Rimou e é verdadeira…

    Bons tempos aqueles em que a Dilma anunciava planos de 1.5 TRILHÃO DE REAIS e a mídia fazia um Hummmffff….

    Agora fazem coletiva para anunciar estudos para reduzir o juros dos cartões de crédito…

    Voltamos a ser o país do futuro…

  6. as medidas anunciadas hoje são hilárias…

    pasmem, pretendem recuperar o Brasil ou sair do vermelho com endividados e caloteiros……………………..

    realmente, os pobres são os melhores pagadores desse país e mesmo assim seguirão pagando o pato em dia

  7. Tucanos intelectualizados, em

    Tucanos intelectualizados, em geral, têm sonhos de grandeza, sempre lastreados na inveja e imitação. A grande tara de Fernando Henrique Cardoso sempre foi a de ser o Felipe Gonzales brasileiro; a dos irmãos Marinho (não oficialmente filiados), sempre foi a de suplantarem Carlos Slim; e a de Meirelles… ser o Alan Greenspan de Pindorama.

  8. Boa iniciativa Assis
    Algo precisa ser feito. Pelo meu gosto o projeto teria uma base mais cristalizada e traria rumo e norte mais claros .Fica a sugestão.

  9. Argumento rasteiro

    Argumentar que o deputado Leonardo Quintão é uma boa opção à presidência da Câmara apenas porque se opôs ao Eduardo Cunha é de uma rasteirice sem tamanho.

    Mas, o que esperar de quem apoia um traidor como o senador Crivella à prefeitura do Rio de Janeiro?

    O “agorismo”, pouco a pouco, vai mostrando sua atuação.

    É o retrocesso do “frentismo”, algo totalmente superado e origem desse caos em que estamos metido

    Mas deve ser isso o que o “agorismo” deseja, pois teriam a apresentar mais um monte de falsas soluções, projetos, programas, bla-bla-bla… e la nave va. É disso que se comprazem. A realidade, para eles. é um mero brinquedo intelectual.

    Enquanto (e se) houver plateia para esse delírio, vão se promovendo.

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