Professor deve se responsabilizar caso pegue Covid, diz documento atribuído ao governo de SP

“Estou ciente que, caso haja contágio com Covid-19, eu me responsabilizo, pois o vírus circula em todo o mundo e não somente na escola”, diz documento que circula por escolas em São Paulo

Da Carta Capital

Governo de SP quer que professores se responsabilizem caso se infectem com coronavírus

O governo de São Paulo quer que professores se responsabilizem caso se infectem com o coronavírus ao voltar às aulas nas unidades da rede estadual.

Em um termo de compromisso direcionado às escolas, professores e funcionários devem responder a um questionário que pede informações pessoais e histórico de doenças crônicas prévias.

Uma questão, no entanto, chama atenção. “Estou ciente que, caso haja contágio com Covid-19, eu me responsabilizo, pois o vírus circula em todo o mundo e não somente na escola”, cita o documento que a reportagem de CartaCapital teve acesso.

O termo, que leva o nome da escola estadual Guia Lopes, localizada em Bauru, interior de São Paulo, também pergunta aos profissionais se as escolas oferecem condições para um retorno seguro.

A mesma questão aparece em documento direcionado à Escola Estadual Professor Nelson do Nascimento Junior, de Embu das Artes, município da região metropolitana de São Paulo, ligada à diretoria de ensino da região de Taboão da Serra.

O pesquisador e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Fernando Cássio considera o teor dos documentos gravíssimo e entende um paradoxo na gestão do governador João Doria (PSDB).

“Um governo que sempre preferiu a decisão de gabinete, autoritária, centralizada – basta relembrar do caso das apostilas sobre gênero – agora quer facultar às escolas e profissionais uma decisão como essa”, critica.

A atuação, na visão do pesquisador, tem um motivo. “O estado sabe que a consequência pela abertura das escolas pode ser catastrófica, então querem se resguardar, não querem assumir a responsabilidade pela abertura. O recado que fica claro com esses documentos é: ‘nós fizemos a nossa parte, agora é com vocês’, o que é imoral, além de ilegal”, critica.

“O estado não pode rifar a vida das pessoas. Se o governo de São Paulo tem dúvidas sobre a capacidade da rede de ensino que ele administra de conter a infecção, não pode abrir as escolas”, acrescenta.

Um termo de compromisso semelhante também vem sendo encaminhado às famílias da rede estadual de São Paulo. O documento dá a alternativa aos responsáveis de não enviar os estudantes às escolas. Mas afirma que, caso a decisão familiar seja pelo retorno, que a mesma se responsabilize em caso de contágio.

O documento está sendo entregue em escolas da Diretoria de Ensino Regional Sul 3.

(…)

“A Secretaria da Educação do Estado de SP (Seduc-SP) informa que o documento em questão não foi produzido e autorizado pela pasta. A Seduc-SP orientou em 7 de agosto que não fosse repassado nenhum comunicado sem autorização, já que qualquer documento deve ser previamente analisado inclusive pelo setor jurídico e ter anuência do Secretário.

Continue lendo na Carta Capital.

 

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Bem, o Ministério da Pandemia Descontrolada retirou a Covid-19 no rol de doenças ocupacionais. As consequências são graves, sobretudo para os médicos, enfermeiros, técnicos, funcionários de administração que estejam na linha de frente de combate à doença. Mas vai mais além.
    No fim das contas, os poderes procuram se eximir de qualquer responsabilidade (ou seja, não querem cumprir com a sua função), jogando para o indivíduo (sem antes jogar mais gasolina no fogo).

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador