PT e PSDB inauguraram a partidarização da política externa no Brasil

Suhayla Khalil, especialista em relações internacionais analisa, em linhas gerais, diferença entre os dois modelos
 
 
Jornal GGN – A partidarização da política externa brasileira não é algo comum na história brasileira. Segundo a professora de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPS), Suhayla Khalil, as tendências comerciais do Brasil seguiam linhas mais autoritárias. Porém, nas últimas duas décadas as ideologias partidárias passaram a dominar a pasta significativamente. 
 
Como exemplo desse quadro, a pesquisadora destacou que, durante todo o século 20 o principal parceiro comercial do país foi os Estados Unidos. Ainda em 1970, cerca de 85% das exportações brasileiras eram voltadas para os norte-americanos e a Europa. Enquanto que, em 2010, já durante o governo Lula, 50% das exportações brasileiras eram comercializadas com o chamado eixo Sul-Sul. 
 
Durante sua participação no programa “Na Sala de Visitas com Luis Nassif”, Suhayla explicou que o perfil da política externa petista ganhou na academia o nome de “autonomia pela diversificação”, puxado pela ideia do modelo neodesenvolvimentista e, portanto, mais nacionalista. “O Brasil continuou tendo os Estados Unidos como principal parceiro, mas a questão é a forma como eu construo minha identidade. Então é claro que mantivemos as relações com todos os parceiros, mas os dois governos do PT foram mais universalistas”, ponderou. 
 
Em contraposição, nos anos 1990, durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2000) a política externa defendida era de cunho mais bilateral, favorecendo trocas com Estados Unidos, Europa e Japão. “Como governo liberal, existia uma aposta nas instituições internacionais, no multilateralismo, na crença dessas normas internacionais e na interdependência econômica”, salientou a pesquisadora.
 
Hoje, a partidarização da política externa fica mais visível nas primeiras ações do ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), que já sinalizou uma aproximação maior com os países desenvolvidos para reforçar as parcerias comerciais. 
 
Assista a entrevista completa da Suhayla Khalil a partir de 30:37
 
https://www.youtube.com/watch?v=BXI49tegNcI width:700
 
E, ainda hoje, você acompanha nova edição do programa “Na Sala de Visitas com Luis Nassif”, aqui no GGN
 
Redação

4 Comentários

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  1. O Brasil é um pais partidarizado

    É bem obvio que isso acontece. Apesar de não haver grande diferença na metodologia dos partidos para chegar no poder e conseguir coligações para ter poder no parlamento, há uma diferença nas politicas publicas/internacionais dependendo de quem esteja no poder.

    O Brasil é um pais partidarizado, partido ao meio desde sempre entre dois interesses completamente antagonicos. É previsivel que o jogo vire de 8 para 80, ou 80 para 8, quando há uma troca, democratica ou forçada, de partido no poder.

    A politica externa do atual (des)governo tem um agravante: Serra faz questão de destruir tudo o que o PT construiu, para conseguir destaque, visando usar o ministerio como trampolim. No Brasil não existe politica de Estado, nem com o PT, nem com o PSDB, porque nada tem continuidade…e quando alguma politica social boa é feita, essa politica é desmantelada na eventual alternancia. Nem preciso especificar que interesse é o responsavel por isso.

    Unica forma de haver uma politica de Estado, ironicamente, é se um partido se perpetuar no poder, como em SP com seu governo estadual tucano de quase 3 decadas e a gestão federal do PT por 13 anos e do PSDB por 8 anos.

  2. Serra nem éJuracy, muito menos Azeredo

        Em parte discordo da professora, pois a “partidirização” de nossa politica externa, pelas administrações petistas, nem ao menos compara-se a possivel futura atuação de Zé Serra, creio que nem Juracy Magalhães tenha mostrado tanta submissão explicita.

         Com suas atitudes,  sua  visão  diplomática, que fortemente é influenciada pelos “americanos” ( os ” Rubens” )* ex- Itamaraty , para os quais a politica externa brasileira deve por “ocidentalizada”, seguir os passos da norte-americana, pode ser até um conceito válido, o de um Estado ser subjacente e auxiliar a uma politica de Bloco, no caso a “ocidental”, que todos nós sabemos, temos consciência, comandada pelos Estados Unidos. 

          Mas seria um retorno de mais de 40 anos, quando o Brasil de Geisel ( “Pastor Alemão”, general, ditador, 1o e unico presidente não católico do País ), com Azeredo da Silveira, inaugurou por necessidade, a politica externa do “Pragmatismo responsavel “, independente dos ditames do DeptofState, mas concernente a situação da época, portanto em um exercicio de imaginação histórica, pode-se afirmar que a primeira politica externa de “esquerda” brasileira, “partidária”, foi exercida por um governo ditatorial de direita.

           Assim como a “politica externa petista”, a do “pragmatismo responsavel”, não teve nada de ideológica ou partidária, assuntos para tertulias e debates academicos, pois o que importa para a politica externa de um País, ainda mais um que não possue dimensão de projetar poder militar e politico, é o de abrir frentes para negócios, para nossas empresas, nossos bancos, ou até mesmo agregar vantagens na captação de investimentos produtivos.

          

  3. “Enquanto que, em 2010, já

    “Enquanto que, em 2010, já durante o governo Lula, 50% das exportações brasileiras eram comercializadas com o chamado eixo Sul-Sul.”

    Que que isso!

    A China DOMINOU O MUNDO, enquanto so EUA mastigavam o subprime.

    A questão, nem brasileira foi: O tal de Brics NÃO FOI INVENÇÃO DA POLITICA DO PT!

    A conjuntura nos levou até o sul-sul…

    Anacrônico é o que estamos experimentando…

    Perderemos a SINERGIA NA AMÉRICA, NAS 3!

    A do Sul criar-se-á uma animosidade sem fundamentos, a central será esquecida – a do Norte, essa já tem dono!

    Nosso tamanho, nossa agricultura, nossas riquezas nos uniu diante da oportunidade de crescimento – oportunidade foi a palavra, NUNCA partidarismo em politica externa!

    Politica externa na acepção do Psdb, eu chamo de subserviência!

    OS EUA nunca iriam pelos caminhos do Brasil…

    Montar um banco mundial junto com o Brasil, India, China, Rússia e Africa do SUL? Nunca os EUA fariam isso! Eles sempre irão juntos com Europa, Japão…

    Foi oportunidade perdida…

    A sindrome de vira-lata CONTAMINOU TUDO!

  4. pt e psdb…

    O Brasil não é um Estado. O Brasil é uma caricatura. O Brasil é um Anão Diplomático. O Brasil é o que o grupo politico que chega ao Poder a cada 4 anos quer que ele seja. O Brasil é a miséria humana representada pelas condições da sua população, que se arrasta, sem saber controlar a elite milionária e parasita que dita sua vida.

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