Sergio Moro é acusado de caixa 2 para se eleger ao Senado

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

PL de Jair Bolsonaro diz que Moro cometeu caixa 2 e abuso de poder econômico para se eleger ao Senado

Sergio Moro cercado por microfones de jornalistas
O ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro. Foto: Foto: Marcos Brandão/Senado Federal

Em processo na Justiça eleitoral, o PL de Jair Bolsonaro acusou o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro de praticar caixa 2 para se eleger ao Senado, nas eleições do ano passado.

Moro não só foi ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, como também atuou na campanha do ex-mandatário à reeleição em 2022, ao seu lado, ativamente.

Mas o partido de Bolsonaro, que perdeu a vaga ao Senado do candidato Paulo Martins para Moro, que saiu a frente nos votos do Paraná, alega que o ex-juiz se beneficiou da prática ilícita e cometeu, também, abuso de poder econômico.

“O que se inicia como uma imputação de arrecadação de doações eleitorais estimáveis não contabilizadas, passa pelo abuso de poder econômico e termina com a demonstração da existência de fortes indícios de corrupção eleitoral”, diz o PL.

A ação tramitava em segredo de Justiça, desde novembro do ano passado, e o caso foi aberto ao público a partir do dia 17 de janeiro, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, divulgado em reportagem do Uol nesta terça.

Outro dado levantado pelo PL foi a mesma alegação de outra ação, ingressada pela coligação do PT, a Federação Brasil da Esperança, que inclui o PCdoB e o PV, é que Sergio Moro se beneficiou da pré-disputa eleitoral pelo Podemos, antes de migrar ao União Brasil.

Para o PL, o uso das verbas do Podemos, no início das articulações eleitorais, para divulgação de seu nome junto ao eleitorado, foi uma “estratagema perniciosa” que permitiu ao ex-juiz driblar a legislação e gastar mais recursos, acima do limite permitido pela legislação eleitoral.

“O conjunto das ações foi orquestrado de forma a, dentre outras irregularidades, usufruir de estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num segundo momento, migrar para uma disputa de menor visibilidade e teto de gastos vinte vezes menor, carregando consigo todas as vantagens e benefícios acumulados indevidamente.”

Moro condenou caixa 2 durante Lava Jato

Ao final da peça, os advogados do PL ainda falam em “ironia” o fato de que a ação busca atender a bandeiras do próprio Sergio Moro de “combater a corrupção em todas as suas esferas, inclusive eleitoral”.

Enquanto juiz da Lava Jato, Moro chamou o caixa 2 de “trapaça”, “crime contra a democracia” e “pior do que enriquecimento ilícito”.

“A corrupção para fins de financiamento de campanha é pior que o de enriquecimento ilícito. Se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível (…) Caixa 2 em eleições é trapaça, um crime contra a democracia”, disse, durante uma palestra em Harvard, em 2017.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Sujo Moro era tratado como herói quando agia como vilão. Agora que é tratado como vilão ele provavelmente está com medo de virar presidiário. Isso seria muito adequado, pois a energia criminosa de Sujo Moro parece ser inesgotável.

  2. Imagino que no desconcerto de Moro, não faltou mar de contentamentos.
    E mesmo nos grandes tormentos que lhe atingiram, o espanto passou longe e o mundo concertado, só para ele, não foi perfeito pela falta de alguns itens, tais como: não conseguiu entregar a cabeça de Lula e ficou com as dores de cabeça e a humilhação; não conseguiu ultrapassar o primeiro degrau, rumo a presidência, porque o leviano corporativismo era uma genérica fraude que lhe fez perder a força, que lhe fez perder a questão judicial, que lhe fez perder a vergonha, que lhe fez perder o ministério, que lhe fez perder o seu enganoso currículo e que lhe fez perder a bela história de ficção que, talvez, tendo sucesso, seria transformada em filme, com muita platéia enganada e bastante imerecidos aplausos.
    Porém, a justiça real existe para combater o irreal, o fictício, o mentiroso, a fraude em pessoa e o que tudo que está desconcertado e injusto, para e verdadeira e única justiça real.

  3. Como pode ficar impune por ter atuado como juiz parcial, com viés totalmente político comprovado, praticou LAWFARE descarado, condenou Lula sem provas, inacreditável que ele e outros participantes do LAWFARE circulem impunes.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador