Serra e FHC arquitetam golpe na presidência venezuelana do Mercosul

Jornal GGN – Serra e FHC foram ao Uruguai para convencer o presidente Tabaré Vázquez a não entregar o comando do Mercosul para a Venezuela no dia 12 de julho, conforme estava previsto. Eles conseguiram do chefe de estado uruguaio uma promessa de adiar até agosto a entrega do comando do bloco.

A mentalidade é bastante parecida com o impeachment no Brasil. Os tucanos usam um argumento técnico – neste caso de que a Venezuela ainda não cumpriu as condições para ser reconhecida como membro efetivo do Mercosul -, mas o motivo real é político.

A Rede Brasil atual entrevistou o coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Universidade Estadual Paulista, Luis Fernando Ayerbe. Para ele, a estratégia “demonstra improvisação e falta de seriedade [do Itamaraty], além de uma perspectiva colonial, no sentido de se assumir uma posição em que se acredita estar sendo rigoroso, mas na realidade sendo mais papista que o papa. É uma missão colonial dessas duas pessoas [Serra e FHC]”.

Também ouvida pela RBA, a pesquisadora do departamento de graduação e pós-graduação de Política Externa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Miriam Gomes Saraiva, o argumento técnico é verdadeiro. “Agora, esse foi o motivo? Provavelmente não. O motivo é não só a situação caótica da Venezuela como uma posição política do novo chanceler contra o governo venezuelano”.

Da Rede Brasil Atual

Com Serra, Itamaraty adota ‘perspectiva colonial’ na questão venezuelana

Por Eduardo Maretti

Ministro interino das Relações Exteriores foi ao Uruguai, acompanhado do também tucano Fernando Henrique Cardoso, para tentar evitar que Venezuela assuma presidência rotativa do Mercosul

São Paulo – A imprensa uruguaia noticia hoje (6) que o ministro das Relações Exteriores interino do Brasil, José Serra, acompanhado do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, “conseguiu” o adiamento da passagem da presidência rotativa do Mercosul, atualmente com o Uruguai, para a Venezuela, que estava prevista para o dia 12. “Serra logrou que a passagem da presidência pro tempore à Venezuela por parte de Uruguai fique em stand by até agosto”, disse o jornal El País.

O uruguaio El Observador anota que o atual chanceler do “gigante da América do Sul”, depois de uma visita de poucas horas e uma reunião com o presidente Tabaré Vázquez e o chanceler Rodolfo Nin Novoa, conseguiu adiar a transferência. O pedido do representante brasileiro será analisado formalmente na segunda-feira (11) pelos chanceleres do bloco, informa o periódico, quando o adiamento será, ou não, confirmado.

“O que vemos nesse episódio é uma visão que demonstra improvisação e falta de seriedade (da atual política do Itamaraty), além de uma perspectiva colonial, no sentido de se assumir uma posição em que se acredita estar sendo rigoroso, mas na realidade sendo mais papista que o papa. É uma missão colonial dessas duas pessoas (Serra e FHC)”, avalia o coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Luis Fernando Ayerbe.

“Eles vão ao Uruguai reivindicar, de um órgão sub-regional como o Mercosul, que a Venezuela não pode exercer funções internacionais como Estado a partir de critérios que deixam de lado a legalidade. Entretanto, nas Nações Unidas, isso não acontece. Em fevereiro, a Venezuela ocupou a presidência rotativa do Conselho de Segurança. Ou seja, num órgão superior ao Mercosul, da ONU, ninguém toma medidas como essa”, lembra Ayerbe.

O chanceler interino brasileiro defendeu, a El Observador, que até meados de agosto a Venezuela “tem que cumprir exigências para entrar (definitivamente) no Mercosul, o que ainda não apresentou”. Serra defende a mesma posição do governo argentino de Mauricio Macri. Apesar de aparentemente ter aceitado os argumentos dos brasileiros, o presidente Tabaré Vázquez havia manifestado antes a intenção de entregar, como previsto, o cargo ao presidente venezuelano Nicolás Maduro, por entender que não havia argumento jurídico que impedisse, como informa o jornal uruguaio.

Para Ayerbe, estão sendo criados expedientes para negar o direito à Venezuela, “para mostrar credibilidade frente a não sei quem”. Em sua opinião, a atitude brasileira prejudica muito o governo de Nicolás Maduro, num momento em que se discute, na Organização dos Estados Americanos (OEA), a busca de negociação sobre a situação interna venezuelana.

No final de maio, a OEA invocou a chamada Carta Democrática Interamericana contra a Venezuela e pediu a convocação de um conselho permanente dos Estados-membros para discutir a “alteração da ordem constitucional” do país, segundo o secretário-geral da OEA, Luis Almagro. A alegação é de que haveria “alteração constitucional que afeta gravemente a ordem democrática” do país.

Em reunião dia 23 de junho, uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA sobre a crise venezuelana não chegou a nenhuma decisão.

Miriam Gomes Saraiva, pesquisadora do departamento de graduação e pós-graduação de Política Externa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, lembra que o Brasil não está sozinho em sua posição sobre a questão venezuelana. “Não é uma coisa só da política externa brasileira. Dentro do Mercosul há a posição do Paraguai, que não quer a Venezuela de jeito nenhum, e a Argentina, que toleraria, mas também não quer. O Uruguai é o país único que aceita de bom grado.”

Ideologia

Para ela, apesar do argumento de Brasil, Argentina e Paraguai ser tecnicamente correto, pelo fato de a Venezuela ainda não ter aderido a uma série de regras do Mercosul,  e portanto não ser um membro pleno do bloco, a questão política permeia a atitude de Serra. “É um argumento técnico verdadeiro. Agora, esse foi o motivo? Provavelmente não. O motivo é não só a situação caótica da Venezuela como uma posição política do novo chanceler (brasileiro) contra o governo venezuelano.”

Na opinião da professora, se é correta a avaliação do ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, de que o Brasil está ideologizando a política externa, é também verdade que não se pode separar a política das relações internacionais e é natural que qualquer governo adote sua própria ideologia. “No passado existia uma visão de que quem faz política externa é diplomata, que política externa não tinha nada a ver com política. Mas isso é uma ficção. A política externa é ligada à política.”

Na segunda-feira, Celso Amorim criticou a atuação de Serra à frente do Itamaraty. “Não podemos olhar para a política externa com uma atitude mesquinha. Tem gente ganhando com a ideia de o país se enxergar como vira-lata”, disse.

Redação

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Está mais prá conto do vigario…

    a não ser que no meio estejam arquitetos golpistas que trapaceiam com o vigário. Afinal no golpe corrupto, existe de tudo.

    Arquitetar…

    verbo ( a1626)

    3 ( t.d. ) p.ext. edificar, construir

    Os do conto do vigário:

    5 ( t.d. ) fig. urdir, tramar    ‹ a história nos apresenta como heróis muitos que conseguiram a. crimes perfeitos ›

    http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=arquitetar

    Vigário…

    5 MG infrm. aquele que engana outrem com trapaças; vigarista, velhaco

    http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=vigario

     

    O título ideal para o post seria: ” Dos viejas ladronas sueltas en  Montevidéu”

  2. ffhh

    Correm o risco de serem surpreendios por outro ” se busca” como em B.A. Golpistas asquerosos.Tabaré terá  que ter estômago de avestruz pra engolir essas duas malas, agentes do titio SAM.

  3. A frase certa é; mais

    A frase certa é; mais cristãos do que o Cristo. pois o papa é um ser humano falível  como qualquer outro ser humano ( quem se lembra dos Bórgia? só para citar um dos casos mais escabrosos de papa e seus filhos devassos e assassinos).

    Nos atos dos apóstolos vemos Pedro impedindo um homem, de prestar culto à ele pelo fato sido escolhido como primeiro papa. 

    Deus dá a todos o seu Espírito Santo sem limites. Faz isso para que ninguém se sinta dono de Deus e tente ter o controle da vida alheia. Qualquer analfabeto, mas que leve a sério religião, conhece esse ponto básico da mesma; “Só Cristo salva”. E ninguém manda em ninguém.

    E a Venezuela está um caos devido aos ladrões que existem lá, e que tramam junto com a corja ladrona do psdb. Que o diabo os carregue!

     

  4. O que FHC tem a ver com isso? Viajou como?

    As instituições deste nosso país viraram zona definitvamente.

    A bandidagem assumiu o controle direto, sem os possíveis poucos freios de uma presidência honesta e democrática.

    Salve-se quem fud, oops, puder!

  5. Mas se até Dom Pepe Mujica,

    Mas se até Dom Pepe Mujica, comunista historico e carater insuspeito, considera Maduro um palhaco perigoso.   E ahi o autor desta droga de post, vem com toda sua desonestidade intelectual escrever este absurdo.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador