Sete lições sobre o golpe de 64

Sugerido por Webster Franklin

Da Carta Maior

Sete lições que já deveríamos ter aprendido sobre o golpe de 1964 e sua ditadura
 
Antonio Lassance
 
Há 50 anos, o Brasil foi capturado pela mais longa, mais cruel e mais tacanha ditadura de sua história.
 
Meio século é mais que suficiente tanto para aprendermos quanto para esquecermos muitas coisas.
 
É preciso escolher de que lado estamos diante dessas duas opções.
 
1ª. LIÇÃO: AQUELA FOI A PIOR DE TODAS AS DITADURAS
 
No período republicano, o Brasil teve duas ditaduras propriamente ditas. Além da de 1964, a de 1937, imposta por Getúlio Vargas e por ele apelidada de “Estado Novo”.
 
A ditadura de Vargas durou oito anos (1937 a 1945). A ditadura que começou em 1964 durou 21 anos.
 
Vargas e seu regime fizeram prender, torturar e desaparecer muita gente, mas não na escala do que ocorreu a partir de 1964.

 
Os torturadores do Estado Novo eram cruéis. Mas nada se compara em intensidade e em profissionalismo sádico ao que se vê nos relatos colhidos pelo projeto “Brasil, nunca mais” ou, mais recentemente, pela Comissão da Verdade.
 
Em qualquer aspecto, a ditadura de 1964 não tem paralelo.
 
2ª. lição: QUALIFICAR A DITADURA SÓ COMO “MILITAR” ESCAMOTEIA O PAPEL DOS CIVIS
 
Foram os militares que deram o golpe, que indicaram os presidentes, que comandaram o aparato repressivo e deram as ordens de caçar e exterminar grupos de esquerda.
 
Mas a ditadura não teria se instalado não fosse o apoio civil e também a ajuda externa do governo Kennedy.
 
O golpismo não tinha só tanques e fuzis. Tinha partidos direitosos; veículos de imprensa agressivos; empresários com ódio de sindicatos; fazendeiros armados contra Ligas Camponesas, religiosos anticomunistas. Todos tão ou mais golpistas que os militares.
 
Sem os civis, os militares não iriam longe. A ditadura foi tão civil quanto militar. Tinha seu partido da ordem; sua imprensa dócil e colaboradora; seus empresários prediletos; seus cardeais a perdoar pecados.
 
3ª. LIÇÃO: NÃO HOUVE REVOLUÇÃO, E SIM REAÇÃO, GOLPE E DITADURA
 
Ernesto Geisel (presidente de 1974 a 1979) disse a seu jornalista preferido e confidente, Elio Gaspari, em 1981:
 
“O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução”.
 
Quase ninguém usa mais o eufemismo “revolução” para se referir à ditadura, à exceção de alguns remanescentes da velha guarda golpista, que provavelmente ainda dormem de botinas, e alguns  desavisados, como o presidenciável Aécio Neves, que recentemente cometeu a gafe de chamar a ditadura de “revolução” (foi durante o 57º Congresso Estadual de Municípios de São Paulo, em abril de 2013).
 
Questionado depois por um jornal, deu uma aula sobre o uso criterioso de conceitos: “Ditadura, revolução, como quiserem”.
 
A ditadura foi uma reação ao governo do presidente João Goulart e à sua proposta de reformas de base: reforma agrária, política e fiscal.
 
4ª. LIÇÃO: A CORRUPÇÃO PROSPEROU MUITO NA DITADURA
 
Ditaduras são regimes corruptos por excelência. Corrupção acobertada pelo autoritarismo, pela ausência de mecanismos de controle, pela regra de que as autoridades podem tudo.
 
A ditadura foi pródiga em escândalos de corrupção, como o da Capemi, justo a Caixa de Pecúlio dos Militares. As grandes obras, ditas faraônicas, eram o paraíso do superfaturamento.
 
Também ficaram célebres o caso Lutfalla (envolvendo o ex-governador Paulo Maluf, aliás, ele próprio uma criação da ditadura) e o escândalo da Mandioca.
 
5ª. LIÇÃO: A DITADURA ACABOU, MAS AINDA TEM MUITO ENTULHO AUTORITÁRIO POR AÍ
 
O Brasil ainda tem uma polícia militar que segue regulamentos criados pela ditadura.
 
A Polícia Civil de S. Paulo, em outubro de 2013, enquadrou na Lei de Segurança Nacional (LSN) duas pessoas presas durante protestos.
 
A tortura ainda é uma realidade presente, basta lembrar o caso Amarildo.
 
Os corredores do Congresso ainda mostram um desfile de filhotes da ditadura – deputados e senadores que foram da velha Arena (Aliança Renovadora Nacional, que apoiava o regime).
 
6ª. LIÇÃO: BANALIZAR A DITADURA É ACENDER UMA VELA EM SUA HOMENAGEM
 
Há duas formas de se banalizar a ditadura. Uma é achar que ela não foi lá tão dura assim. A outra é chamar de ditadura a tudo o que se vê de errado pela frente.
 
O primeiro caso tem seu pior exemplo no uso do termo “ditabranda” no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro de 2009.
 
Para a Folha de S. Paulo, a última ditadura brasileira foi uma branda (“ditabranda”), se comparada à da Argentina e à chilena.
 
A ditadura brasileira de fato foi diferente da chilena e da argentina, mas nunca foi “branda”, como defende o jornal acusado de ter emprestado carros à Operação Bandeirantes, que caçava militantes de grupos de esquerda para serem presos e torturados.
 
Como disse a cientista política Maria Victoria Benevides, que infâmia é essa de chamar de brando um regime que prendeu, torturou, estuprou e assassinou?
 
A outra maneira de se banalizar a ditadura e de lhe render homenagens é não reconhecer as diferenças entre aquele regime e a atual democracia. Para alguns, qualquer coisa agora parece ditadura.
 
A proposta de lei antiterrorismo foi considerada uma recaída ditatorial do regime dos “comissários petistas” e mais dura que a LSN de 1969. Só que, para ser mais dura que a LSN de 1969, a proposta que tramita no Congresso deveria prever a prisão perpétua e a pena de morte.
 
O diplomata brasileiro que contrabandeou o senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil comparou as condições da embaixada do Brasil na Bolívia à do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), a casa de tortura da ditadura.
 
Para se parecer com o DOI-CODI, a Embaixada brasileira em La Paz deveria estar aparelhada com pau de arara, latões para afogamento, cadeira do dragão (tipo de cadeira elétrica), palmatória etc.
 
Banalizar a ditadura é como acender uma vela de aniversário em sua homenagem.
 
7ª. LIÇÃO: JÁ PASSOU DA HORA DE PARAR COM AS HOMENAGENS OFICIAIS DE COMEMORAÇÃO DO GOLPE
 
Por muitos e muitos anos, os comandantes militares fizeram discursos no dia 31 de março em comemoração (isso mesmo) à “Revolução” de 1964.
 
A provocação oficial, em plena democracia, levou um cala-a-boca em 2011, primeiro ano da presidência Dilma. Neste mesmo ano também foi instituída a Comissão da Verdade.
 
A referência ao 31 de março foi inventada para evitar que a data de comemoração do golpe fosse o 1º. de abril – Dia da Mentira.
 
A justificativa é que, no dia 31, o general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, em Minas Gerais, começou a movimentar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro.
 
Se é assim, a Independência do Brasil doravante deve ser comemorada no dia 14 de agosto, que foi a data em que o príncipe D. Pedro montou em seu cavalo para se deslocar do Rio de Janeiro para as margens do Ipiranga, no estado de São Paulo.
 
A palavra golpe tem esse nome por indicar a deposição de um governante do poder. No dia 1º. de abril, João Goulart, que estava no Rio de Janeiro, chegou a retornar para Brasília. Em seguida, foi para o Rio Grande do Sul e, depois, exilou-se no Uruguai  mas só em 4/4/1964. Que presidente é deposto e viaja para a capital um dia depois do golpe?
 
O Almanaque da Folha é um dos tantos que insistem na desinformação:
“31.mar.64 — O presidente da República, João Goulart, é deposto pelo golpe militar”. Entende-se. Afinal, trata-se do pessoal da ditabranda.
 
O que continua incompreensível é o livro “Os presidentes e a República”, editado pelo Arquivo Nacional, sob a chancela do Ministério da Justiça, trazer ainda a seguinte frase:
 
“Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu”.
 
De novo, o conto da Carochinha do 31 de março.
 
Ainda mais incompreensível é o livro colocar as juntas militares de 1930 e de 1969 na lista dos presidentes da República.
 
A lista (errada) é reproduzida na própria página da Presidência da República como informação sobre os presidentes do Brasil.
 
Nem os membros das juntas esperavam tanto. A junta governativa de 1930 assinava seus atos riscando a expressão “Presidente da República”. 
 
No caso da junta de 1969, o livro do Arquivo Nacional diz (p. 145) que o Ato Institucional nº. 12 (AI-12) “dava posse à junta militar” composta pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Ledo engano.
 
O AI-12, textualmente: “Confere aos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar as funções exercidas pelo Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva, enquanto durar sua enfermidade”. Oficialmente, o presidente continuava sendo Costa e Silva.
 
Há outro problema. Uma lei da física, o famoso princípio da impenetrabilidade da matéria, diz que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo – que dirá três corpos.
 
Não há como três chefes militares ocuparem o mesmo cargo de presidente da República. Que república no mundo tem três presidentes ao mesmo tempo?
 
O que os membros da Junta de 1969 fizeram foi exercer as funções do presidente, ou seja, tomar o controle do governo. O AI-14/1969 declarou o cargo oficialmente vago, quando a enfermidade de Costa e Silva mostrou-se irreversível.
 
Os três comandantes militares jamais imaginaram que um dia seriam listados em um capítulo à parte no panteão dos presidentes. A Junta ficaria certamente satisfeita com a homenagem honrosa e, definitivamente, imerecida.
 
Que história, afinal, estamos contando?
 
Uma história que ainda não faz sentido.
 
Uma história cujas lições ainda nos resta aprender.
 
(*) Antonio Lassance é cientista político.
Redação

30 Comentários

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  1. Esta é a parte da nossa história, que…

    O Antonio Lassance, provavelmente era militante político ou um estudante altamente antenado, em 1964, para ter tanta lucudêz e conhecimento dos fatos, e para estar ainda com a mente bem frêsca, para alertar-nos e lembrar-nos do estrago, que aquele fatídica “reação e golpe, com ditadura” e não uma revolução na essência desta palavra.

    Os sete paragrafos acentuados e relembrados, foi o que ocorreu, e que jamais deveríamos repetir, pois o preço pago, foi alto demais.

    Na época, eu tinha apenas 12 anos, e conhecí o lado duro da ditadura, na vida do meu pai e de alguns professores do meu antigo ginásio, aonde aprendia os primeiros passos de uma democracia que foi dilacerada pelos militares, a mando e conjugada pelas direitas e pela elite dominante, que enxergava nas ideias progressistas de João Goulart, a entrada do Brasil no comunismo, e assim engaram à sociedade civil, que temerosa de uma reviravolta desconhecida, aceitou ou consentiu calada, a tomada do poder, pelos ultra-direitistas.

    Assim como eu, muitos dos que hoje, sonham com uma utópica virada no regime, nem imaginam ou não leram a história daquela época cinzenta, nem foram adequadamente educados pelos seus pais, de fazerem qualquer coisa, para evitar outro retrocesso, que nem aquele, cujas feridas, ainda hoje purgam.

    Faltam na nossa imprensa, têxtos inteligentes, claros e alertantes como este do citado sociólogo.

  2. A “tese” de que esse Golpe

    A “tese” de que esse Golpe bloqueou uma possível “comunização”do Brasil é risível; se não mesmo patética. 

    O que houve mesmo foi a sustação de um processo que se levado à frente nos teria nos colocado um posição única perante o Mundo: um sistema sem a necessária supressão das liberdades e garantias individuais para que se instalasse um mínimo de equidade social. 

    Os focos isolados de sublevação, as greves, o próprio radicalismo político não passavam de demonstrações de vitalidade de uma democracia ainda imberbe, mas a caminho da maturidade. 

    A esse propósito, vale lembrar que a tentativa mais emblemática nesse sentido, no caso um Reforma Agrária que desse fim a uma injusta, vegonhosa e infame distribuição da posse da terra, foi já em 1964 de certa maneira convalidada pela ditadura que se instaurou através de um arremedo de mudança, mas mesmo assim avançado para a época, o chamado Estatuto da terra. 

    Obviamente que a esquerda e a extrema-esquerda revolucionária se diziam presente. Mas não com estrutura e penetração capaz de mimetizarmos uma revolução tipo cubana. Jamais haveria condições políticas e sociais para isso. Sem arguirmos que a Revolução Cubana inflexionou para o comunismo só após emparedada pelos EUA. A população cubana se viu diante do dilema “a cruz ou a espada”.

    Tal contexto não existia e nunca prosperaria no Brasil. Nossas elites políticas eram na essência conservadores. No máximo poderíamos mimetizar uma Iugoslávia em política internacional num ambiente de “guerra fria” e uma social-democracia que posteriormente se mostrou uma alternativa entre as duas visões de mundo conflitantes. 

  3. Concordo com o erro no termo

    Concordo com o erro no termo ditadura “militar”, a ditadura não foi um regime imposto pelos militares, que, na verdade, apesar de possuirem ideias próprias, serviam apenas como o aparato repressivo de interesses e projetos de um escopo muito mais amplo da sociedade brasileira.

    Porém, além de ressaltar esse aspecto do período ditatorial, faz-se necessário analisar as forças responsáveis pelo golpe, o que inclui não apenas setores da direita, mas também da esquerda irresponsável, que pregava a adoção de seus projetos pela via revolucionária, ao arrepio da ordem legal, municiando os advogados do golpe reativo, como o chamou o ex-presidente Geisel.

  4. A CORRUPÇÃO PROSPEROU MUITO

    A CORRUPÇÃO PROSPEROU MUITO NA DITADURA ……. e no retorno do poder aos civis não ficamos muito empolgados ao constatar como essa questão evoluiu nos últimos 30 anos .  

    Aliás , no governo civil não conseguimos ficar empolgados com muita coisa em detrimento ao período militar , exceto pelo fato de podermos achincalhar em público com o governante de plantão ! Quando o assunto é VIOLÊNCIA ,  então , quem tem mais de 50 anos comenta com saudosismo a época em que se podia passear nas ruas a altas horas da noite , sem correr o risco de levar um tiro na cabeça dado por “DI MENOR” inimputável .

    De resto , em termos de participação política , o cidadão comum apenas é chamado a ir às urnas de 4 em 4 anos. Depois disso , as portas dos gabinetes dos eleitos são lacradas , e os anseios populares em assuntos relevantes  são um detalhe sem importância . Executivo , Judiciário e Legislativo exercem o poder e administram suas rotinas com distância extrema da voz das ruas.

    Nosso retorno à democracia foi um retumbante fracasso .

    1. A corrupção prosperou muito?

      A corrupção prosperou muito? Quem foram ou são os generais que ficaram ricos? O Ministro dos Transportes Mario Andreazza foi enterrado com uma uma lista de amigos que tiveram que pagar o enterro, os filhos do Presidente Medici , engenheiros, tem empregos modestos e vivem de seu trabalho, o General Newton Cruz, um dos homens fortes do regime na ultima fase mora em um quartinho no apartamento da filha, onde ficou a corrupção? O Ministro Delfim mora no mesmissimo apartamento e tem o mesmo sitio que tinha antes de ser Ministro, Roberto Campos, com quem convivi no seu final de vida, morava no mesmissimo apartamento no Arpoador, não de frente para o mar, sem elevador, com vida para lá de modesta, Fenerais importantes do Alto Comando, como Antonio Ferreira Marques,  que foi Chefe do Estado Maior do Exercito, meu particular amigo, morava em São Paulo em casa digna de classe média, no bairro de Indianopolis, há um unico general mais aquinhoado que todos sabem quem é, mas tampouco é milionario.

      A corrupção grossa veio DEPOIS do regime militar.

      1. Mas, seo Andre, o senhor é

        Mas, seo Andre, o senhor é ingenuo ou acha que os outros são bobos ?

        Que eu saiba o Paulo Maluf, sinonimo maior de corrupção no pais, era o candidato, o representante da ditadura, na eleição para a presidencia do pais.

        Isso, sem falar do Sarney,o representante politico dos militares por decadas no congresso.

        E sem levar em conta uma quantidade de corruptos que ingressaram na politica, naqueles sombrios anos.

        Não venha nos falar do general Cruz.

        Esse era apenas um truculento que tomava conta da porta da cadeia.

         

        1. Sarney e Maluf são aliados de

          Sarney e Maluf são aliados de peito do ex-Presidente Lula pela mesma razão que foram aliados dos militares.

          1. O senhor faz o tipo

            O senhor faz o tipo desentendido.

            “Aliado”, na politica brasileira, todo mundo é.

            Não tem jeito.

            Ganhe o PSDB ou PT, o pMDB estara la.

            Essa é a regra do jogo politico, que exige alianças para governar.

            Algo muito, muito diferente  é ser o candidato a presidencia da republica, o representante de uma facção politica, depois inclusive de ocupar outros importantes cargos, escolhido “bionicamente”.

            O senhor sabe muito bem disso, mas tenta ver se engana.

            Sabe muito bem que o Maluf faz parte da tal “base”, mas que jamais seria o candidato a presidencia do PT.

            Nem o Lula do PSDB.

            Vai ver que voce é umhomem ingenuo, par falar tanta besteira.

          2. Em uma Democracia, o político

            Em uma Democracia, o político eleito, por pior que seja, possui o mandato legítimo que lhe foi dado por seus eleitores. Os Poderes Executivo e Legislativo devem trabalhar em harmonia, portanto, o Presidente da República deve trabalhar com os parlamentares, ainda mais se este for presidente de uma das casas.

            Em uma ditadura, o regime autoritário escolhe quem são seus aliados civis, e a ditadura brasileira escolheu não apenas Maluf e Sarney, mas também ACM, Bornhausen, Maciel e mais uma série que compõem o “who is who” do que a política brasileira possui de mais atrasado, incompetente e corrupto.

            Ao contrário da ditadura, Lula não nomeou Sarney presidente do senado, ou Maluf deputado. Em uma Democracia, quem toma essa decisão é o eleitor. Mas a ditadura nomeou Maluf, Bornhausen, ACM e afins governadores de seus respectivos estados. É bem diferente.

      2. Roberto Campos esteve

        Roberto Campos esteve envolvido em inúmeros casos de corrupção, tentando favorecer em,presas americanas em detrimento dos interesses brasileiros, além de mal explicada história de seu “banco”(isso mesmo, entrou para o governo e virou banqueiro).

        Paulo Maluf é um exemplo do tipo de político que prospera em regimes autoritários, sem qualquer transparência.

        1. Roberto Campos nunca foi ou

          Roberto Campos nunca foi ou ficou rico, no fim da vida recebia um pequeno estipendio de uma fundação, cabia-me levar o valor mensalmente, conheci de perto sia vida cotidiana, tinha um Opala velho como unico carro, foi dirigente de banco como economista , nuca foi dono de banco.

          Paulo Maluf é politico de ocasião, hoje aliadissimo de Lula, não pode ser incluido em grupos ideologicos.

          1. Roberto Campos esteve

            Roberto Campos esteve envolvido em inúmeros casos de corrupção mesmo antes da ditadura, foi afastado do BNDE por conta de casos de corrupção, esteve envolvido em operações nebulosas para favorecer certas emrpesas americanas, e teve o patético caso de seu banco(não tinha dinheiro mas era dono de banco?), uma operação suspeitíssima.

            Paulo Maluf só foi designado pela ditadura para governar o estado de São Paulo, segundo cargo político mais importante do Brasil, ficando atrás apenas da presidência. A corrupção do governo Maluf é parte da corrupção no governo militar, não estamos falando de política, pois Maluf não ocupou o Palácio dos Bandeirantes democraticamente, mas foi indicado pela ditadura. E ele não é caso único, ACM, Bornhausen e afins, representantes do que a política brasileira possui de mais atrasado e corrupto, sempre foram participantes de primeira hora na ditadura.

      3. Ingenuidade ou dissimulado ?
        Por acaso corrupção é somente para benefício pessoal?

        Qualquer bocó sabe que houve favorecimento à grandes empresas e conglomerados, começando pela Globo e passando pelas hoje gigantes da construção e indústria de base. Conta aí a história da Odebrecht, Gutierrez, OAS, Bradesco, Votorantim. Os bancos públicos eram uma farra.

        No campo, a sesmaria dos milicos favoreceu os reis da soja e dos bois, em detrimento da pequena propriedade e da fixação do homem no campo, bravamente resgatada pelo Lula com o Pronaf. Jagunços contratados grilaram e dominaram o cerrado e a amazônia.

        Sob o disfarce nacionalista de apoiar a indústria e a agricultura brasileira, foram distribuídas benesses, subsídios, contratos, TVs, rádios e o escambau para políticos, empresários e ruralistas escolhidos a dedo.

        E as multis do Tio Sam encontraram caminho livre e estupraram a classe média com seus lixos de consumo alimentício, eletro-eletrônico e de cultura (na musica, cinema etc).

        A cultura do cabide de emprego nas estatais foi um descalabro que começou com a pífia organização gerencial do estado pelos planejadores de plantão. Aposentadorias gordas e vitalícias para funcionários públicos até hoje beneficiam os filhotes da ditadura e seus dependentes por serviços prestados ao Estado.

        Ladainha.

        1. Que coisa, ja no Governo Lula

          Que coisa, ja no Governo Lula nada disso aconteceu, nenhuma empreiteira foi beneficiada e os bancos publicos nem sabem o que é CAMPEÃO NACIONAL, para fazer a maior concentração de capital com dinheiro publico da Historia do Brasil em todos os tempos, só o pessoal dos frigorificos levou 26 bilhões de Reais, o Eike 11 bi, o segundo rei da carne fechou o balanço de 2013 com 974 milhões de prejuizo, o  maior acionista dele, depois do dono é o BNDES,

          que coisa heim, e ainda procuram militares que fizeram esses malfeitos. Era bem mais dificil encontrar militar viajando em jatinho de empreiteira pelo mundo afora para receber titulos e homenagens, já certos planqueiros adoram.

  5. E o plano Condor?

    o texto é muito bom mas como sempre deixa de mencionar o plano condor que a partir dos interesses militares e econômicos dos EUA fomentou, patrocinou, e apoiou ditaduras em toda América Latina.

    Em vista disso acho que tanto o termo “revolução” quanto o termo “golpe” são inedequados o certo mesmo seria se referir a este episódio como “INVASÃO NORTE-AMERICANA ” que só se distingue de outras invasões (Iraque, Granada, Afeganistão, Líbia, etc) pela ausência de corpo militar fardado de nacionalidade americana no território invadido, valendo salientar que militares a paisana do EUA circulavam frequentemente dando ordens e orientações dentro do governo militar de 64. Isso também já amplamente comprovado por testemunhos e provas documentais.

    1. Militares a americanos a

      Militares a americanos a paisana davam ordens ao governo brasileiro? Porque motivo, qual a logica? O Exercito brasileiro tem 400 anos, a melhor estrutura funcional da America Latina, foi o unico que lutou na Primeira e na Segunda Guerra Mundiais, que ordens eram essas e porque elas seriam necessarias?

      Isso simplesmente NUNCA existiu, são mitos que a baixa esquerda põe a circular sem amparo no bom senso e na realidade factual, noções ridiculas ou invenções sem nexo porque não combina com nada.

      Forças armadas entram em contato quando fazem manobras conjuntas, o que é algo absolutamente rotineiro, nossa Marinha faz manobras com a 4ª Frota dos EUA desde que essa força foi recriada em 2003, há intercambio de alunos em escolas militares, isso é rotina e NINGUEM DÁ ORDENS EM NINGUEM.

      Na Segunda Guerra a Força Expedicionaria Brasileira ficou subordinada ao 5º Exercito americano comandado pelo General Mark Clark e ai sim ficou sob o Comando americano porque era um conjunto de forças.

      1. “baixa esquerda” como o prof.

        “baixa esquerda” como o prof. Moniz Bandeira.

        O exército brasileiro não lutou na Primeira Guerra Mundial, chegaram na Europa quando o conflito já tinha terminado.

        Recentemente mudaram o nome de uma rua em MG que tinha o nome de um oficial americano especialista em tortura, que treinava os torturadores brasileiros. Esse é um exemplo do tipo de cooperação que existia entre as forças armadas brasileiro e americanas no período, e que o senhor louva.

        O senhor é favorável à tortura, estupro e assassinato de civis por forças do Estado, Motta Araújo?

        Vamos aguardar sua resposta.

  6. a ditadura foi desmontada do

    a ditadura foi desmontada do governo mas ‘ditaDORES” continuam ditando dores.desORIENTADOS pela ideologia da CASA GRANDE colonial.construida sobre os ossos do genocídio dos nativos, pelos escravos, depois do trabalho árduo, trancados na SENZALA. escravos libertados mas nunca indenizados, tranferidos quase despidos pras favelas.não espanta a violência que vem sobre ASSASSINOS, refluindo desde quando os $eu$ chegaram matando os nativos que, a ferro & fogo, foram desCOBRINDO…

  7. A Historia não toma lições de

    A Historia não toma lições de ninguem. Dado o contexto o desfecho aparece, o contexto de 64 era derivado de outro, da crise de 1954 e das condições da Guerra Fria, da revolução cubana e das agitações promovidas por Brizola com provocações às Forças Armadas. Dadas essas condiçõs a derrubada de Goulart era irreversivel, não havia como continuar aquele governo, muita gente tambem esquecendo que o ambiente economico-financeiro era péssimo.

    Hoje não há o mesmo contexto, as instituições são mais sólidas mas que ninguem se engane, se for feito um plebiscito para o povo escolher entre um governo militar e um governo de partidos politicos, as Forças Armadas ganham de lavada.

    1. ” Se for feito um plebiscito

      ” Se for feito um plebiscito para o povo escolher entre um governo militar e um governo de partidos políticos, as Forças Armadas ganham de lavada.”

       

      Eu tenho a impressão que, como todo reacionário, você vive no tempo antigo.

      Com toda a guerra de manipulação da informação movida pela direita, Lula ganharia qualquer eleição, contra quaisquer dos 200 milhões de brasileiros.

      Mesmo assim, muitos ignorantes politicos ainda acreditam que militares, preparados para  dar tiros e trocar peças de tanques, seriam melhores para exercer a atividade politica que os politicos..

      Essa ignorancia politica, alias, é uma das piores heranças deixadas pela ditadura.

      Durante duas decadas tiraram a politica da vida da nação, impediram o povo de amadurecer no trato desta pratica. 

      Dai o surgimento repentino de salvadores da patria, como Collor.

      Uma ditadura é tão malefica para o entendimento dos fatos, que ainda hoje surge alguem como voce, afirmando que, em 64,”o ambiente economico-financeiro era péssimo”.

      “O ambiente economico-financeiro era péssimo”, mas quando os militares deixaram o poder depois de terem destruido o pais.

      No governo Sarney a inflação chegou a 80%.

      Na sua analise, sempre distorcida pela sua visão reacionaria,” Brizola provocava as FA”.

      Quem “provocava”, articulando conspirações, eram, ao contrario, os generais reacionarios daquela epoca.

      Alias desde o primeiro dia.

      Tentaram impedir ate a entrada de Jango no pais para assumir a presidencia, como o povo escolhera.

       

       

    2. Então por que, ao invés do

      Então por que, ao invés do golpe, não fizeram um plesbicito?

      A ditadura manteve todo o povo brasileiro excluído da participação política por amis de 20 anos, isso não é a conduta que se espera de alguém com tanto apoio popular.

      1. O apoio popular não foi e nem

        O apoio popular não foi e nem poderia ser o mesmo durante 21 anos, foi evidente nos anos do milagre economico e caiu depois, o que levou o regime a planejar uma rota de saida.  Não se cogitou de plebescito porque não havia uma disjuntiva, os militares assumiram o poder, este se institucionalizou e não pretendiam submeter sua conduta a plesbiscito e nem precisavam.

        Todos os conceitos sobre apoio popular que se invocam em relação ao regime militar brasileiro podem ser transplantados para Cuba e lá a mesma esquerda não vê qualquer defeito na falta de consulta popular ha 54 anos, acha legimitimo um regime oligarquico dentro da mesma familia, o regime militar brasileiro não foi pessoal e sim institucional.

        1. Como assim não precisavam do

          Como assim não precisavam do apoio popular?Então o senhor é mesmo contrário à Democracia.

          Sobre Cuba, não é verdade o que o senhor disse, há eleições sim, é um regime autoritário, sem dúvidas, mas é um regime que promoveu grande elevação no índice de desenvolvimento humano de sua população, que é um dos mais elevados das Américas, e isso apesar do Embargo criminoso(segundo a ONU, veja bem) imposto pelos EUA. Em contraste, a ditadura brasileira foi uma verdadeira máquina de exclusão e concentração de renda. É evidente qual dos dois regimes possui maior legitimidade.

  8. Muito bom artigo.
    E no item
    Muito bom artigo.
    E no item que fala da participação da sociedade civil, seria bom destacar o papel da oligarguia do campo, até hoje a mais poderosa organização social brasileira, que, entre outros atributos, e em conluio com o núcleo militar e civil dos golpistas, conseguiu virar o Brasil do avesso, despejando dezenas de milhões de moradores rurais nas periferias das capitais e das grandes e medias cidades.
    Para mim, este é o maior crime cometido pelos golpistas (junto com o esfacelamento da educação) e estamos pagando caro até hoje. Vide as explosões de violência urbana.

  9. Pois é. Os militares eram

    Pois é. Os militares eram excelentes administradores e fizeram quatro mil quilometros de Transamazônica, dos quais só restam quatrocentos.

     

    Eram incorruptíveis, mas fizeram uma ponte Rio-Niterói pelo preço de duas.

     

    Eram nacionalistas, mas fizeram Itaipu e assinaram um tratado que nos abriga a entregar metade para o Paraguai em poucos anos.

     

    Esses caras eram bons mesmo.

    1. Não fizeram só a

      Não fizeram só a Transamazonica, fizeram tambem as melhores rodovias do Brasil, Imigrantes e Bandeirantes, a Ponte 

      Rio Niteroi, pode imaginar hoje o DNIT fazendo uma ponte dessas, a EMBRAPA, a EMBRAER, 8 das 11 refinarias da Petrobras, a exploração maritima de petroleo, o Pro Alcool, os aeroportos internacionais do Brasil, metade das usinas hidroeletrricas (Iraipu, Tucurui Sobradinho, Ilha Solteira, Jupi[a, Rosana, Barra Bonita entre outras), abriram a Africa para as empreiteiras brasilweiras, construiram os mMetros, agua para grande parte da população brasileira, inclusive o Sistema CXantareira em SP, a lista não tem fim, fizeram 100 vezes mais que os governos que se seguiram.

  10. Araújo, o sabujo.

    Por que cargas d’água alguém perderia tempo debatendo com um débil mental que defende os militares e a ditadura?

    Como comparar partidos e todas as ferramentas de disputa democrática, com suas contradições, acertos e desacertos, idas e vindas, com o monolitismo autoritário representado pela hierarquia militar?

    Dizer que entre a sociedade a solução “de força” é mais “popular” é de uma cretinice sem par.

    Basta que o filho de algum filho do p…ta da classe média seja pendurado no pau-de-arara para o apoio virar consternação.

     

  11. As ditaduras de direita tem

    As ditaduras de direita tem prazo e saem do Poder, Pinochet convocou um referendo,  perdeu e foi embora, os militares brasileiros organizaram e planejaram a propria saida do Poder mas as ditaduras de esquerda não acabam por decisão propria, ficam no poder até serem derrubadas por convulsões sociais.

    É impressionante como os mesmos que aqui xingam os militares brasileiros incensam a ditadura cubana MUITO mias antiga, alem disso PESSOAL, os militares brasileiros não repetiam presidentes e não consideravam o poder como propriedade pessoal, como fazem os irmãos Castro, incensados pela esquerdolandia, os mesmo que enchem a boca para falar em ditadura brasileira como a mais antiga de todos os tempos.

    1. Errado, na Nicaragua os

      Errado, na Nicaragua os sandinistas organizaram eleições livres, perderam e respeitaram o resultado. Recentemente retornaram por meio das urnas.

      A principal diferença é que as ditaduras de esquerda surgem da derrocada das ditaduras da direita, as piores possíveis, como a de Pinochet e Somoza, duas das mais sanguinárias ditaduras da América Latina, com milhares de pessoas assassinadas e desaparecidas. As ditaduras de direita, por sua própria essÊncia, surgem pela derrocada de regimes democráticos, como no Brasil, Chile, Argentina, etc.

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