Um país condenado a permanecer no clube dos países pobres, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Sempre que o Brasil se aproxima do umbral que o separa dos países ricos, a parcela imprestável da elite brasileira se transforma em Kirtimukh

Por Fábio de Oliveira Ribeiro*, comentário no Xadrez do Brasil, decifra-me ou te devoro, por Luis Nassif

Você tocou na ferida e sugeriu que ela pode ser curada, Nassif. Mas eu gostaria aqui de problematizar o que você disse.

Concentrada na disputa de poder, a imprensa não quer ou não pode cumprir sua missão. Então ela assopra bolhas que crescem e devastam o campo político e o sistema de justiça. À medida que o país sofre as consequências econômicas e políticas de um jornalismo que reluta em aceitar a realidade e se esforça para criar “países imaginários” governados por “salvadores da pátria ou heróis de toga”, juízes e procuradores passam a cuidar mais dos seus interesses mesquinhos do que de distribuir justiça. Eles mergulham na disputa de poder e com isso destroem a credibilidade tanto das regras quanto das instituições que deveriam se resguardar para aplicá-las.

Os Bancos se assenhoram da política financiando as campanhas eleitorais da direita. As plataformas de internet flexionam seus músculos lucrando rios de dinheiro para aumentar a disfuncionalidade de um país imenso condenado a devorar a si mesmo como se fosse Kirtimukha.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn”      

Sempre que o Brasil se aproxima do umbral que o separa dos países ricos, a parcela imprestável da elite brasileira se transforma em Kirtimukha (entidade medonha criada por Shiva que após devorar a si mesma serve principalmente como uma máscara de demônio apotropaico, um guardião horrível e inspirador do umbral). Nosso país parece estar condenado a permanecer no clube dos países pobres. Portanto, é preciso não alimentar muitas esperanças.

A reação ao projeto de Lula será feroz e a população continuará sofrendo as consequências negativas desse ódio voltado para dentro que caracteriza a sociedade brasileira. Ela continuará sofrendo a inércia histórica de cinco séculos de violência sistemática praticada contra os índios e quadro séculos de desprezo bestial pela situação dos negros e mestiços.

*Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

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