Ativista dos direitos indígenas entra em greve de fome

Olá, Nassif,

acabo de receber esta mensagem do nosso companheiro de blog Humberto, o Tiuré. É muito sério o que ele coloca e espero que possamos juntar nossas forças para apoiá-lo em suas reivindicações e evitar um desfecho trágico para essa questão.

MANIFESTO GREVE DE FOME

Eu, Tiuré, do povo Potiguara, José Humberto Costa Nascimento, ativista dos direitos indigenas, atual resistente da Aldeia Maracanã, antigo Museu do indio, considerado o primeiro indígena a receber o status de Refugiado Politico de um Tribunal Internacional reconhecido pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados, conforme o acordo de Genebra, exilado durante 25 anos, comunico a todos que a partir do dia 19 de abril, dia considerado como o Dia do Indio, em local a ser definido no estado do Rio de Janeiro, Brasil , aos 64 anos do meu nascimento, interromperei minha alimentação, inciando um ritual indigena de greve de fome,  contra:

a politica de extermínio das populações indigenas no Brasil seja por conveniência ou omissão do Governo Brasileiro

contra o não reconhecimento, até esta data, do veredicto internacional de Refugiado Político, pela Comissão da Anistia e o consequente agravamento das feridas causadas pelas rupturas, perseguições, sequestro, torturas e ameaças de morte, causadas por agentes do Estado durante a ditadura.

contra a politica terrorista do Estado do Rio de Janeiro usada contra os indios que lutam neste momento para recriar no antigo Museu do Indio um espaço de Universilidade Indigena conhecida como Aldeia Maracanã

ÚLTIMO RITUAL DE PASSAGEM

De plena e sã consciencia realizo este ritual indigena de passagem como única forma de ação politica, pacífica e de muita paz espiritual, diante do labirinto judicial, legislativo e executivo em que as questões indigenas se encontram hoje neste País.

É um grito extremo e silencioso contra o modus operandi resgatado da Ditadura, no uso da truculência e repressão policial-militar no trato com indios que resistem, no meio rural e urbano, contra a imposição de mega-projetos desenvolvementistas que matam nossas matas, rios e vem destruindo sistematicamente modos de vidas e cultura milenares

Este ato espiritual de luta politica  é autonomo, independente de qualquer ONG,  partido politico ou organizações religiosas ou não.

Meu compromisso é somente com o grande espirito Tupã.

Junto-me aos parentes indigenas que passaram por este ritual no Brasil ou na America como forma de protesto.   

Conclamo à todos, indigenas ou não, do Brasil e do mundo , para se manifestarem, solidários ou não, para que este grito ressoe no Palacio do Planalto.

Levarei minha greve de fome até as últimas consequências caso o Estado Brasileiro não se pronuncie nas questões abaixo:

sobre meu processo na Comissao da Anistia

sobre as investigações do genocidio indigena praticado na  Ditadura e condenação dos criminosos

apuração das responsabilidades pelas violencias causadas pela tropa de choque para desalojar recentemente  as familias indigenas da Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro e reintegração de posse do predio do antigo Museu do Indio, promovendo a sua necessária reforma e posterior utilização definitiva pelos e para os indios brasileiros

inclusão na pauta governamental de diálogo aberto e de respeito aos primeiros habitantes desta terra

Por último, responsabilizo o Estado Brasileiro pela minha possível morte ou pelas sequelas irreversíveis pelas consequências desta greve de fome.

Rio de Janeiro, 15 de abril de 2013

Luis Nassif

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