Brasil tem políticas de exclusão, diz Joaquim Barbosa

Do Valor

Para Joaquim Barbosa, Brasil tem políticas de exclusão

BRASÍLIA – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, afirmou que há políticas públicas de exclusão e movimentos contrários a índios, homossexuais e negros no Brasil.

“Há movimentos execráveis que atacam índios, negros e homossexuais”, disse Barbosa em entrevista ao ator Lázaro Ramos para o programa “Espelho” no Canal Brasil, na TV paga. “Vá buscar a formação dessas pessoas. Certamente, não foi em escolas republicanas.”

A crítica do presidente do STF foi feita após ele relatar a sua formação escolar. O ministro disse que sempre estudou em escolas públicas. Depois, lamentou: “Que política de Estado levou a essa degradação?!” Barbosa se referiu à queda na qualidade do ensino público no país, que, para ele, foi deliberada.

“Eu acredito que o problema não é falta de dinheiro. Há um sentimento de exclusão latente em boa parte das políticas públicas no Brasil, embora isso esteja mudando.”

O ministro revelou ainda que, quando foi advogado, colaborou com muitas Organizações Não Governamentais (ONGs), “especialmente as voltadas para a questão racial”.

Barbosa mostrou convicção com a sua opção pelo direito. “Nunca pensei em outra coisa”. Mas admitiu que, durante muito tempo, pensou em ser ator, só que “a timidez não deixou”.

“Mas o ministro sabe que tem presença cênica?”, perguntou Lázaro. “Mesmo?! Olhe só!”, comentou Barbosa. Em seguida, o presidente do STF revelou seus hobbies, como ler e ouvir música. O primeiro é viajar. Ele falou de suas especializações acadêmicas na França e nos Estados Unidos, onde fez tese sobre políticas de cotas para negros nas universidades.

“Após a promulgação da Constituição, consegui realizar o sonho de estudar fora do país. Fui para a França fazer doutorado e voltei inteiramente transformado”, disse. Em seguida, foi estudar na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. “Eu estava em Los Angeles, quando surgiu a proposta para o STF”, continuou o ministro. “Fiquei três meses, em Brasília, esperando esse processo.”

Barbosa foi nomeado para o STF no primeiro semestre de 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seguida, Lázaro Ramos disse que muitas pessoas se sentem representadas pela maneira como o ministro atua no STF. “Eu tenho certeza de que milhares de jovens negros se veem representados” respondeu Barbosa. “Mas isso me enche um pouco”, admitiu, ressaltando que não é “um negro que chegou à Presidência do STF, mas um brasileiro que fez muito durante 30 anos” e chegou a esse posto.

Luis Nassif

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