A aprovação automática e a progressão continuada

Por Eduardo Prado

Concordo em grande parte com o autor do post., João Maurício. Na recente sabatina UOL/Folha o candidato Mercadante se referiu a Progressão Continuada e a Promoção Automática como se fossem a mesma coisa, não são. O que existe na rede pública paulista é a segunda. A primeira, só existe no papel.

Eu trabalho na rede de ensino público de S. Paulo e são tantos os problemas e as deficiências que eu não sei mais apontar qual delas é a mais grave ou mais determinante para o fracasso educacional do estado. A falta de recursos e uma visão economicista das políticas estaduais de educação são, certamente, algumas. Os últimos governos estaduais do PSDB se propuseram o desafio de melhorar a qualidade do ensino disponibilizando a menor quantia de dinheiro possível. Esse tipo de eficiência na administração de recursos públicos não vai resultar numa educação pública mais eficiênte. Antes o contrário.

Não acredito que a volta da reprovação seja uma solução, mas também não acredito num sistema que não avalia. Trabalho numa escola onde, por determinação da Coordenação, a menor nota que pode ser dada a um aluno é 5,0. Mesmo aquele que não participa de nada, que não tem compromisso nenhum com a a escola, fica com média 5,0. Não há argumentos que façam alguém estudar nestas condições. Onde o professor é livre para dar notas vermelhas, mesmo que ao final do ano o aluno não tenha saldo suficiênte para passar, as notas são asulteradas para que a média final seja 5,0. É um sistema tremendamente injusto para com o aluno, a principal vítima.

Pela forma como o sistema de ensino público de São Paulo está estruturado, o fim da promoção automática vai provocar uma avalanche de reprovações. Isso porque não existem as condições mínimas que garantam a escola e ao professor acompanhar todos os alunos em suas especificidas e dificuldades. Seria preciso reestruturar todo os sistema, contratando mais profissionais _não só professores _ e diminuindo a carga de máxima de aulas por semana, que hoje é de trinta e três _ significa que um professor de Inglês, História, Física, Quimica, entre outras disciplinas leciona para 15 salas diferentes. Para se ter uma idéia, no ano passado, com com essa carga de aulas, eu tinha mais de mil alunos somente no estado, sem contar a escola particular. Por mais que tenha boa vontade, é impossível acompanhar cada aluno. É um sistema que não funciona. Mas a sociedade estaria disposta a pagar por um sistema melhor? Sim, porque melhorar o que está aí exigiria muito mais recuros. 

Luis Nassif

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