Não deixe a Bahia morrer, Não deixe a Bahia acabar

Baiana

Me deparo com a notícia de que “empresas baianas ficaram de fora da lista de aprovados para o Parque Tecnológico”, puxo lá da memória, vou ali pesquisar para confirmar minhas apagadas lembranças e encontro uma notícia, de 2003, de que o “Parque Tecnológico da Bahia dever ser inaugurado ainda em 2004”. Oito anos se passaram, a seis anos uma nova cabeça branca circula nos corredores do poder e a promessa de desenvolvimento tecnológico, da geração de empregos qualificados, de melhorias nos arranjos produtivos locais, de desenvolvimento econômico e social fica nisto, na promessa.

Sou baiano, nascido e criado, orgulhoso da minha terra e da minha gente, já passei não uma, mais muitas tardes em Itapoan (até morei ali perto), trabalho com tecnologia a quase 15 anos, tenho a tecnologia na minha vida desde antes de nascer pois sou um filho de tecnólogo, empreendedor e docente de tecnologia a quase vinte anos.

Na tecnologia, estudei, trabalhei em empresas privadas, fiz iniciação cientifica enquanto estive na faculdade, lecionei sobre tecnologia, trabalhei três anos com projetos de inclusão sócio-digital que me permitiram percorrer minha terra em quase toda sua extensão, e depois de tanto me vi forçado a tal qual um retirante da seca, migrar para pastos mais verdes porque minha terra esta qual terra arrasada, no total e completo abandono.

De quando em quando me encontro com algum amigo baiano, assim como eu com o sentimento de saudade mas certo de que para lá nunca mais voltaremos. E de quando em quando encontro outros amigos de tantos outros lugares, e neles vejo a certeza de que um dia voltarão para suas terras, que dias melhores virão. Mas o que ocorre com minha Bahia, que seus filhos que tanto a amam não veem mais esperança de dias melhores e preferem em outros cantos encontrar um lar.

Anos atrás, lá na Bahia, uma dinastia se foi, a cabeça branca se foi, “Rei Deposto, Rei Morto!”, júbilo e cantos nas ruas, para numa “quarta-feira de cinzas” um novo simulacro emergir, dando uma perfeita continuidade a um política de manutenção de poder a todo custo, uma política espúria, de favorecimento político, de mesquinharias, de abandono, de manipulações e distorções. Outra cabeça branca, as mesmas práticas, os mesmos vícios, as mesmas mentiras e promessas, e não esqueçamos os mesmos acenos de mãos nas festas populares, as mesmas fotos sorridentes ao lado da baiana do acarajé, o mesmo sorriso cínico com aquele ar de superioridade que somente um verdadeiro discípulo do cabeça branca saberia emular.

A Bahia está abandonada, não a Bahia do carnaval, das festas e da alegria, da baianidade nagô, e sim a Bahia do 2 de Julho, a Bahia de Ruy Barbosa, Anísio Teixeira, Milton Santos, Jorge Amado, Castro Alves, João Gilberto, Glauber Rocha, João Ubaldo Ribeiro e de tantos outros. A Bahia de mais de 14 milhões de brasileiros, que trabalham de sol-a-sol, que cultivam, mas nunca veem seu frutos crescerem.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” (Rui Barbosa)

Redação

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