A lei e o jaleco

Do Jornal da Tarde

SP proíbe jaleco fora do hospital

ISIS BRUM

O uso de jaleco ou avental fora do local de trabalho está proibido no Estado de São Paulo e a infração está sujeita à multa – 10 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesp), R$174,50 atualmente. A lei que veta o uso de equipamentos de proteção individual foi publicada ontem no Diário Oficial do Estado.

Em caso de reincidência, o valor da multa será dobrado. Uma pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), divulgada pelo JT no ano passado, indicava a presença de bactérias em 95,8% dos jalecos médicos analisados.

Entre elas estava a Staphilococcus aureus, principal responsável pelas infecções hospitalares. Mangas e bolsos eram as áreas mais contaminadas.

As entidades de classe divergem quanto à relevância da lei. Para o infectologista Caio Rosenthal, conselheiro do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), a medida “é ridícula” e “não tem fundamentação científica”.

Segundo ele, “se for para tirar o jaleco, vai ter de tirar também os sapatos, os óculos”. “O profissional não é obrigado a usar jaleco nos hospitais. Pode entrar e sair com a roupa que estiver.” Ele defende a promoção de uma ampla campanha para que os profissionais de saúde lavem mais as mãos. “Esse, sim, seria um grande serviço à população.”

Diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas, Artur Cerri defende a legislação “especialmente para dentistas”. Ele lembra que há mais de 300 tipos de bactérias na boca. “Não é possível acabar com as infecções, mas pode-se reduzir os riscos”, avalia.

Cerri acredita que os profissionais de saúde precisam tomar precauções para evitar a transmissão de micro-organismos não só aos pacientes, mas também a pessoas na rua, por exemplo, ao deixarem o local de trabalho.

“Mais importante é passar uma cultura de segurança para o profissional e para o paciente”, observa Angélica Guglielmi, conselheira do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e especialista em saúde ocupacional.

Presidente da Academia de Medicina de São Paulo, Affonso Renato Meira acredita que a “preocupação é teoricamente válida, mas desnecessária”. Ele questiona: “Vai ter um fiscal olhando se tem um médico de jaleco atravessando a rua?”

As formas de fiscalização e de aplicação da multa, contudo, ainda não estão definidas. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), também não foi estabelecido prazo para que isso ocorra. Sendo assim, a infração à legislação não terá efeito punitivo.

Ainda segundo a SES, será lançada uma campanha de adesão à lei. O objetivo da nova legislação é impedir que o vestuário transmita micro-organismos dentro e fora do hospital.

Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Proibição do uso de jaleco fora do hospital.
    Devemos pensar sempre em eliminar a causa raiz dos problemas, para eliminar definitivamente o desvio, no caso a infecção hospitalar.
    Se o jaleco é um agente que porta e transfere vírus e bactérias hospitalares, e também pode levar este do ambiente externo pra dentro do ambiente hospitalar, então o jaleco não deveria nem sair de dentro dos hospitais e deveriam obrigatoriamente ser lavados e higienizados diariamente após o uso pelo próprio hospital, com empresas especializadas, tendo a substituição dos mesmos diariamente; mas ao invés disto simplesmente proíbem o uso externo, mas deixam que os profissional entrem e saiam com estes todos os dias enrolados, dobrados e carregados para suas casas, contaminando suas mãos e tudo que tenham contato.
    Conheço profissionais de Hospitais renomados de São Paulo, como o HC, que receberam dois jalecos personalizados já fazem 2anos, e não fornecem substitutos, e devem ser mantidos limpos pelos usuários, sem previsão de acidentes, como sangue infeccioso no avental.
    Por isto tenho a opinião de que para minimizar a causa do problema, deveriam se tomar ações para para higienização de vestimentas pelos próprios hospitais com trocas constantes, bem como ter instalacoes com chuveiros para um banho dos profissionais após o TURNO, PAR A EVITAR QUE LEVEM OS AGENTES INFECCIOSOS PARA A RUA E SEUS LARES.
    ESTURARI, SILVIO MARIO
    MESTRE EM SGI – Sistemas de Gestão Integrados (qualidade, meio ambiente, segurança, saúde ocupacional, responsabilidade social, sustentabilidade e gestão por procesdos).

  2. Fiquei triste em ver esta publicação de 10/06/2011 só hoje, 09/02/2019 porque por ter sido u.ma vitima do HOSPITAL DANTE PAZZANESE recentemente, e estou procurando meios legais, e formando provas dos fatos.
    para processar este hospital por lesão corporal de natureza grava em sentido amplo. Sempre fui contra ao uso
    do jaleco fora dos hospitais. Mais hoje, a esculhambação, a patifaria, e o desrespeito triplicou, em todos os hospitais. É médicos fumando vestido com o jaleco, dentro dos bares e restaurantes almoçando e, ou fazendo um lanche. Mas, o mais vergonhoso é saber que muitos foram contra a esta lei amenizava um pouco a falta de vergonha deste pais pois foi por atitudes nojentas destes médicos, que eu contrair duas BACTÉRIAS na minha perna. Imaginem quantos pacientes estão perecendo dentro destes hospitais por estes tipos de profissionais que nos transmite Vírus, e Bactérias..! Este é o brasil que nunca teve quem o administrasse com rigor, e respeito ao ser humano. E estes monstros vestido de médicos pintam, e bordam com os pacientes. E espero que, o nosso novo ministro da justiça, e o ministro da suposta saúde, punam estes crápulas que não respeitam constituição, nem mesmo o CREMESP e seus códigos se éticas, se é que eles tem.

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