Por Vera Silva
Comentário ao post “A influência da violência nos comportamentos e crenças“
O comentário da PaulaCR, 22/10/2012 – 12:26, é brilhante ao perguntar sobre o diálogo.
Estivemos discutindo o diálogo por estes dias aqui no Luis Nassif On Line, aproveitando a motivação de um texto do Assis que falava sobre as discussões na Internet. Vou alinhar alguns pontos do comportamento não violento e sua associação com o diálogo.
- O comportamento não violento é derivado da introjeção da percepção de que todos, inclusive eu, temos o direito de escolher o que é melhor para nós.
- Nós é o pronome que nos define como povo. O povo não é o conjunto de pessoas pobres. Povo somos todos nós que vivemos no país, no caso, o Brasil.
- Sendo assim, qualquer pessoa tem os mesmos direitos e deveres que eu tenho.
- Na sequência, quando discutimos ideias, cabe-me ouvir o que o outro diz atentamente para entender a idéia do outro em sua inteireza. E cabe ao outro ouvir-me atentamente para entender a minha ideia em sua inteireza.
- Quando isto ocorre, não importa que seja entre pais/mães e filhos, entre dois estranhos, entre dois oponentes, entre jovens e adultos, entre dois amigos, entre mestre e discípulos, e por aí vai, haverá diálogo.
- Este diálogo permitirá que haja um consenso ou uma nova forma de ver a coisa discutida e nascerá a cooperação e dela a concórdia.
O comportamento violento surge da impossibilidade de ouvir o outro. O uso da violência surge da falta de respeito pela fala do outro. Quem desde pequeno nunca foi respeitado em sua fala não aprende a pensar, então não pode escutar. Escutar passa a ser sinônimo de submissão.
Como vemos, não é preciso apanhar desde pequeno para ser violento. A violência se aprende com a imposição da fala do outro sobre nós.
Não estranho os resultados da pesquisa. A fala da maioria de nós foi sequestrada há muitos e muitos anos. Não ouvimos a nossa voz. Falam por nós há muito tempo. Aposentaram o tronco, mas criaram armas mais sutis. Mas o efeito disto é a violência.
Precisamos resgatar a nossa fala a partir de nossas relações pessoais e também precisamos ouvir a voz do outro que está ao nosso lado.
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