Segurança e alarmismo midiático

O que a Globo está fazendo é mais que um alarme exagerado, vejam o que estava no Globo On line ontem a tarde , (O Secretário de Segurança José Bertrame fez um desmentido indignado a noite)  :

Eis a notícia do Globo On line :

Explosivos

Polícia procura no Rio caminhão com 600 quilos de dinamite que seriam usados em atentados

Publicada em 23/11/2010 às 17h34m

Ana Claudia Costa e Antônio WerneckRIO – Fontes das polícias civil, militar e federal confirmaram, na tarde desta terça-feira, que policiais procuram no Rio um caminhão com cerca de 600 quilos de dinamite. Os explosivos seriam usados em atentados contra autoridades e monumentos na cidade. Eles foram roubados em ataques de bandidos fortemente armados na madrugada do último dia 10, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A polícia investiga se as ações foram comandadas por traficantes de São Paulo, associados a bandidos do Rio.

Esse teria sido o motivo do pedido do governador Sérgio Cabral de reforço no policiamento das estradas federais do estado ao Ministério da Justiça. Cerca de 200 homens da Polícia Rodoviária Federal devem chegar ao Rio nos próximos dias para atender a essa solicitação.

Uma das cargas roubadas no dia 10 foi em Jundiaí, a 65 km da capital paulista. Seis homens armados com pistolas renderam os três vigias de uma pedreira, levando 300 quilos de dinamite, mais de mil metros de pavio e detonadores. Os funcionários foram ameaçados, agredidos e obrigados a carregar os explosivos para o lado de fora da pedreira. Depois de amarrar os vigias, os ladrões colocaram os explosivos em vários carros e fugiram. Também de madrugada, cinco homens armados invadiram uma pedreira em Gravataí, região de Porto Alegre, renderam o vigia e fugiram com 300 quilos de dinamite. A quadrilha estava com armas pesadas.

Por marco nascimento

Caro Nassif, vou tomar a liberdade de enviar novamente uma parte do texto, agora que você publicou a entrevista com o Ignacio Cano. 

Todos os relatos tratam de assaltos a dois ou mais veículos, por grupos que nunca passam de 3 ou 4 pessoas. Isso está longe de configurar algo que se possa chamar arrastão — que já é uma expressão sem definição perfeita –, quanto mais ao se ter em mente a imagem já altamente questionável dos assaltos coletivos em correria nas praias cariocas na década de 90. Vamos chamar as coisas pelos seus nomes.

Série de assaltos não é nada bom, e eu já fui assaltado várias vezes para afirmar isso. Mas o uso do termo “arrastão” é mais uma tentativa calhorda de incutir medo no carioca, nessa alta sociedade que se apavora ao ver um grupo de negros correndo quando não é atrás de uma bola. Porque é esse o substrato que identifico no uso desse termo: racismo. O pavor automático que fotos como essa causaram pela ameaça ao lazer dominical dos IPTUs mais caros do Rio.

Com suas diferenças, isso me lembra a distorção de prioridades da administração Bush quando o Katrina devastou Nova Orleans e a grande função das forças armadas foi prevenir os saques. As pessoas morrendo de fome sem teto e o que havia era o medo da população negra saquear a cidade. Aqui a mídia — a mídia, não, O Globo! — difunde na elite branca o medo dos negros descerem em hordas das favelas, “arrastando” todos os seus pertences. O Ali Kamel que nega o racismo se vale do temor ancestral comum a todo herdeiro de casa-grande: o Haitianismo, a revolta (vitoriosa) dos escravos contra seus senhores.

Eu vi uma palestra de um comandante da PM certa vez explicando que a segurança é uma sensação, e não algo concreto. Ele dava o exemplo de eventos como a Rio 92, cujo esquema de segurança exigia que se remanejasse efetivo de algumas regiões para a área da conferência, e no entanto, ao perguntar à população dos bairros com efetivo reduzido se sentiam-se menos seguros, respondiam que ao contrário, que tinham a impressão de que toda a cidade estava mais segura.

Pois eu sou carioca e tenho a sensação de que minha cidade está paulatinamente mais segura a cada ano nos últimos quatro anos, apesar de o Globo mostrar carros pegando fogo e dizer que há “arrastões”por toda parte.

Luis Nassif

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