Papa Francisco será operado nesta quarta (7) cercado de orações

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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A internação durará vários dias para permitir o normal decurso pós-operatório e a plena retomada funciona, diz nota do Vaticano

foto: Guilherme Cavalli

O papa Francisco, de 86 anos, encerrou uma Audiência Geral na Praça São Pedro, no Vaticano, e se dirigiu ao Hospital Universitário A. Gamelli, em Roma, às 6h30 (horário de Brasília), para uma cirurgia de desobstrução do intestino, comunicou nota vaticana à imprensa.

Não foi divulgado o horário de início da cirurgia e conforme jornais romanos o papa argentino ficará no mesmo quarto muitas vezes utilizado por João Paulo II.

“No final da Audiência Geral, o Santo Padre se dirigiu ao Hospital Universitário A. Gemelli onde, no início da tarde, será submetido a uma laparotomia e a uma cirurgia plástica da parede abdominal com prótese, sob anestesia geral”, diz trecho da nota.

A operação foi planejada nos últimos dias pela equipe médica que assiste o Santo Padre e se tornou necessária devido a uma “laparocele encarcerada que está causando síndromes suboclusivas recorrentes, dolorosas e agravadas”.

A permanência no hospital durará vários dias para permitir o curso normal do pós-operatório e a recuperação funcional completa, diz a nota.

Mensagens de proximidade

Este ano o papado de Francisco completa dez anos e tem sido visto como de mudanças na Igreja Católica consideradas históricas e nunca vistas. O combate à pedofilia no interior da igreja é considerado um marco em tema costumeiramente negado pelo Vaticano antes de Francisco.

O chamado diaconato feminino, a ideia de que mulheres possam ser ordenadas diaconisas, assumindo funções hoje restritas a homens no catolicismo, como celebrar batismos e casamentos, tem sido uma de suas mais recentes ações.

Francisco criou ainda a prática sinodal, com Sínodos temáticos e envolventes a questões sociais e ambientais levando a Igreja ao centro de debates internacionais a partir do olhar dos mais pobres e afetados pelo capitalismo globalizado.

As conclusões do Sínodo da Amazônia e a defesa da causa indígena se tornaram recorrentes na abordagem externa de Francisco, que recebeu inúmeras vezes pastorais indigenistas no Vaticano, caso da entidade brasileira Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Quem diverge, Francisco acolhe

Por mais que em alguns temas Francisco tenha mantido a posição tradicional da Igreja, o papa demonstrou uma postura mais pastoral no sentido de acolher quem recorreu à medida do aborto, por exemplo, que a Igreja se manteve contrária.

Em julho de 2013, Francisco conversou com jornalistas a bordo do avião que o levava de volta a Roma, depois de sua primeira viagem internacional como papa — ele havia estado no Brasil.

Respondendo a uma pergunta, ele fez um comentário que ganharia as manchetes pelo mundo.

“Se uma pessoa é gay e procura Jesus, e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la? O catecismo diz que não se deve marginalizar essas pessoas, devem ser integradas à sociedade. Devemos ser irmãos”, comentou ele.

De lá para cá, não foram poucas as vezes em que a homossexualidade foi abordada por Francisco.

Mesmo sem ele nunca ter dito nada nesse sentido, em algumas situações houve expectativa popular de que os avanços do catolicismo sobre essa questão pudessem ser ainda maiores do que o acolhimento sempre defendido pelo atual papa.

Em outubro de 2020, por exemplo, causou frisson a divulgação de algumas frases do documentário Francesco, do cineasta Evgeny Afineevsky.

“Os homossexuais têm direito a estar em família, são filhos de Deus. Não se pode expulsar uma pessoa de sua família ou tornar a vida impossível para ela. O que temos que fazer é uma lei de convivência civil, para serem protegidos legalmente”, afirmava o sumo pontífice, no trecho.

Igreja reza por Francisco

“A Comunidade de Santo Egídio expressa todo o seu afeto e proximidade ao Papa Francisco unindo-se às orações de toda a Igreja pelo bom êxito da cirurgia e pela rápida recuperação de sua saúde. Esperamos o senhor em breve no pleno exercício do seu ministério de pastor, um ponto de referência precioso para muitos”.

“A Conferência Episcopal Italiana (CEI) manifesta ao Papa Francisco, a proximidade e o afeto dos bispos e da Igreja na Itália. Em mais esse momento de provação, a presidência se une em torno do Santo Padre e convida as comunidades eclesiais a apoiá-lo com a oração. Com os melhores votos de uma rápida recuperação, confia ao Senhor o trabalho dos médicos e dos demais profissionais da saúde”.

O presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, Davide Prosperi, afirmou: ”Todo o movimento de Comunhão e Libertação está próximo com muito afeto ao Papa Francisco e se une a orações pela sua saúde e pelo bom êxito da cirurgia. Com os sinceros votos de que possa se recuperar em breve e voltar a nos testemunhar a sua orientação paterna no caminho de fé de toda a Igreja”.

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Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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