Era pós-antibiótico pode estar chegando

Enviado por Edsonmarcon

 O “apocalipse zumbi” é pura ficção.

Mas o perigo do apocalipse antibiótico é real.

Da BBC Brasil

Cientistas descobrem mutação que torna bactérias imbatíveis por antibióticos

James Gallagher

Pesquisa identificou um gene que torna bactérias infecciosas, como a E.coli, altamente resistentes à ‘última linha de defesa humana’ contra esses organismos

O mundo está no limiar de uma “era pós-antibiótico”, alertam cientistas após a descoberta de bactérias resistentes a medicamentos da última linha de defesa humana contra infecções.

Um estudo divulgado na revista científica Lancet identificou, em pacientes e animais na China, bactérias que resistem à colistina, um potente antibiótico.

Os autores concluem que essa resistência pode se espalhar pelo mundo, trazendo consigo a ameaça de infecções intratáveis.

Especialistas afirmam que esse desdobramento precisa ser visto como um alerta mundial.

Se bactérias se tornarem completamente resistentes a tratamentos – o chamado “apocalipse antibiótico” -, a medicina pode ser lançada novamente em uma espécie de Idade Média.

Infecções comuns voltariam a causar mortes, enquanto cirurgias e tratamentos de câncer, que apostam em antibióticos, ficariam sob ameaça.

Mutação

Cientistas chineses identificaram uma mutação genética, denominada gene MCR-1, que permite às bactérias se tornarem altamente resistentes à colistina (também conhecida como polimixina), antibiótico geralmente usado como último recurso no caso de ineficácia de medicamentos.

Ela foi encontrada em um quinto dos animais testados, 15% de amostras de carne crua e em 16 pacientes.

A resistência foi descoberta em porcos, que costumam receber antibióticos com frequência na China

E a resistência se espalhou por um leque de cepas e espécies de bactérias, como E. coliKlebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa.

Também há evidências de que a resistência já chegou ao Laos e à Malásia.

O colaborador do estudo Timothy Walsh, da Universidade de Cardiff, afirmou à BBC: “Todos os atores chave estão agora em campo para tornar o mundo pós-antibiótico uma realidade.

“Se o MRC-1 se tornar global, o que é uma questão de tempo, e se o gene se alinhar com outros genes resistentes a antibióticos, o que é inevitável, então teremos provavelmente chegado ao começo de uma era pós-antibiótico.

“E se nesse ponto um paciente estiver gravemente doente, por exemplo, com E. coli, não haverá praticamente nada a se fazer.”

A resistência já se espalhou por várias cepas e espécies de bactérias, como a E. coli

A resistência à colistina já havia sido detectada antes.

Contudo, a diferença desta vez é que a mutação surgiu numa forma em que é facilmente compartilhada entre bactérias.

“A taxa de transferência desse gene de resistência é ridiculamente alta, e isso não é bom”, disse o microbiologista Mark Wilcox, do centro de hospitais universitários de Leeds, na Inglaterra.

O centro de Wilcox agora está lidando com inúmeros casos por mês em que “lutam para encontrar um antibiótico” – algo que há cinco anos seria muito raro, ele diz.

Para o microbiologista, não houve um evento a marcar o começo do “apocalipse antibiótico”, mas está claro que “estamos perdendo a batalha”.

‘Intratável’

A preocupação é que o novo gene da resistência se associe a outros que assolam hospitais, produzindo bactérias resistentes a todos os tratamentos, o que é conhecido como pan-resistência.

“Se eu temo que chegaremos a uma situação de um organismo intratável? Basicamente, sim. Se acontecerá neste ano, no outro ou no seguinte, é muito difícil dizer”, afirmou Wilcox.

Há sinais de que o governo chinês está agindo de forma rápida para combater esse problema.

A preocupação com a nova descoberta é a alta capacidade do gene da resistência de se transferir para outras bactérias

Walsh, da Universidade de Cardiff, terá encontros com os ministros da Agricultura e da Saúde da China para discutir um eventual banimento da colistina para uso na agricultura.

A professora Laura Piddock, do grupo de ativismo britânico Antibiotic Action, disse que esse mesmo antibiótico “não deveria ser usado em saúde humana e animal”.

“Espero que a era pós-antibiótico ainda não tenha chegado. Mas esse é um alerta para o mundo.”

Ela diz considerar que a chegada dessa era “depende da infecção, do paciente e se há tratamentos alternativos disponíveis”, pois combinações de antibióticos ainda poderão ser efetivas.

Um comentário feito ao artigo da revista científica Lancet aponta que as implicações do novo estudo são “enormes”, e a menos que haja mudanças significativas, médicos irão enfrentar “um número crescente de pacientes para os quais teremos que dizer: ‘Desculpe, não há nada que eu possa fazer para curar sua infecção'”.

Redação

5 Comentários

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  1. O Dr. Marcos Eberlin, o mais

    O Dr. Marcos Eberlin, o mais entusiamasdo(e falacioso) dos defensores da TDI_Teoria do Design Inteligente(criacionismo disfarçado), decerto daria de ombros e “explicaria”: ” é apenas uma pequena mudança”. 

  2. “Desculpe, não há nada que eu

    “Desculpe, não há nada que eu possa fazer para curar sua infecção'”.

    Uai, mas a gente já está cansado de ouvir isso quando vai ao médico. E outras: “Não sabemos a causa” ou “Vai ter que tomar esse remédio pelo resto da vida” ou “E mais esses outros para os efeitos colaterais”.

  3. Concordo com o “Super

    Concordo com o “Super preocupado” Virus é uma solução pra essas bacterias resistente…A união sovietica tinha estudos bem avançado nessa area…mas com a crise e o fim da URSS não sei como anda isso por lá. Pode ser o fim da era dos antibioticos, mas novas coisas surgirão …não precisam ficar super preocupados ..

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