Mulheres que nunca tiveram filhos na vida possuem até quatro vezes mais chances de desenvolver tumores cancerígenos nas mamas durante a menopausa que aquelas que geraram descendentes.
De acordo com uma pesquisa realizada em parceria pelo Fox Chase Cancer Center, dos EUA, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a gravidez resulta em uma espécie de proteção natural das mamas, tornando as mães menos suscetíveis a tumores após a idade fértil.
O método da pesquisa consistiu na análise de amostras de tecido mamário de mulheres saudáveis com idades entre 50 e 69 anos, divididas em dois grupos: 42 delas que nunca tiveram filhos e 71 que tiveram um ou mais filhos pela primeira vez aos 23 anos, em média – com variação de 4,25 para mais ou para menos.
Durante as análises, os pesquisadores observaram variações morfológicas e no padrão de expressão dos genes no tecido mamário dos dois grupos.
Segundo eles, havia dois tipos diferentes de núcleo nas amostras dos dois grupos de pacientes. Em um deles, uma estrutura que contém DNA, chamada de cromatina, estava mais “frouxa” e no outro, em que o material genético estava mais condensado. Nas mulheres que tiveram filhos, o índice de núcleos com a cromatina mais condensada era maior, e isso permaneceu até a menopausa.
Juntamente com outros fenômenos genéticos, os cientistas constataram que, no grupo de mulheres estudado, a gestação induziu uma “reprogramação” genética local e desativou o funcionamento de alguns genes específicos responsáveis pela proliferação celular – o que poderia contribuir para a evolução de um tumor. “A mama após a gravidez adquire uma assinatura genômica e um perfil fenotípico diferente. Acreditamos que são essas mudanças que fazem com que a mulher fique mais protegida contra o câncer”, afirma Jose Russo, pesquisador do Fox Chase Cancer Center e autor principal do trabalho.
Os cientistas também chegaram à conclusão, contudo, de que a gravidez só passa a ter esse efeito protetor quando a diferenciação celular ocorre entre 18 e 24 anos. Porém, como há tendência de adiamento da primeira gestação, os cientistas também têm se dedicado a testar um coquetel de hormônios capazes de mimetizar o efeito da gravidez e estimular a diferenciação das células mamárias. “Em ratos já vimos que isso é possível e de fato confere proteção contra o câncer. Mas em humanos ainda não sabemos”, disse Russo.
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