Após Rio, Espírito Santo, Minas e São Paulo querem forças federais e militares

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A exemplo do adiantou o professor doutor na Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Neves, em entrevista ao GGN, os riscos de a intervenção federal do presidente Michel Temer no Rio de Janeiro se expandir a outros Estados já estão se materializando, aos poucos. Após a introdução das forças armadas no comando da Segurança Pública do Rio, os Estados que formam divisas com o estado fluminense tentam aproveitar a presença dos militares para as seguranças locais, sob a desculpa fronteiriça. 
 
Isso porque a competência para fiscalizar a segurança nas fronteiras do país é federal. Mas a atuação está indo além: os secretários de Segurança de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais decidiram se reunir com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, nesta quarta-feira (21), para verificar até onde mais a colaboração pode chegar.
 
Sob a alegação de que, com a contenção acirrada, a entrada das forças armadas no Rio poderia gerar um desvio da criminalidade para as outras três regiões, o próprio secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, chegou a dar essa justificativa a jornais: de que os crimes podem se espalhar, com a “migração de modalidades criminosas”, entre elas o roubo de cargas, a explosão de caixas eletrônicos, etc.
 
Nesta terça-feira, o Planalto divulgou em nota a realização de uma “grande operação conjunta”, desencadeada nas divisas do Estado do Rio. Para a mobilização, atuaram mais de 3 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, além de policiais civis, a polícia rodoviária federal e a Força Nacional de Segurança.
 
A atuação foi com pontos de bloqueio e fiscalização nas vias de acesso ao Rio. Apesar de não integrar diretamente o decreto de Temer assinado na última semana e aprovado pelo Congresso nesta, a medida foi justificada como parte de outro decreto do mandatário: o da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública, assinado em julho do ano passado.
 
“O efetivo tem apoio de aeronaves e veículos blindados. A operação é uma forma de tentar prender quem estiver fugindo do Rio, além de impedir a entrada de armas e drogas”, informou, ainda, a Secretaria de Segurança do Estado (Seseg).
 
O Comando Militar do Leste, que traz o general Braga Netto como o novo comandante da Segurança do Rio, também informou em nota que a medida realizada no início desta semana não era decorrente da intervenção, mas uma consequência das medidas da GLO definidas por Temer no ano passado. 
 
Mas se aquela atuação foi argumentada pelo decreto de 2017, a reunião dos secretários de Segurança dos três Estados com o ministro da Justiça de Michel Temer indica que a preocupação dos governos estaduais pretende se apropriar da medida federal no Rio e, dentro dos limites que puderem, repetir a atuação de intervenção ou, pelo menos, das forças armadas e federais nos Estados.
 
Nesse mesmo contexto, o governo do Espírito Santo decidiu reforçar o patrulhamento na divisa com o Estado fluminense, para impedir o que acredita de possível fuga de criminosos. Da mesma forma como a nível federal, ainda que sem recursos suficientes, o Estado pretende gastar cerca de R$ 1 milhão por mês, em atuação que deve durar, pelo menos, dois meses e meio.
 
Pelos cálculos, e se o tempo ainda não for maior, Espírito Santo deve desembolsar R$ 2,5 milhões para a ação. “Se for necessário durar pelo tempo que durar a intervenção no Rio de Janeiro, a operação será prorrogada”, disse o secretário de Segurança André Garcia. Nesta hipótese, os gastos chegariam a R$ 10 milhões. 
 
De acordo com Garcia, a reunião teve o intuito de verificar o efetivo das forças de seguranção que estão no Rio para atuarem nas divisas, ou seja, nos outros três Estados do Brasil. Além disso, assumiu diretamente que o decreto de intervenção federal de Temer seria debatido com os demais representantes de segurança estaduais.
 
André Garcia ainda anunciou a sugestão, dada ao ministro da Justiça de Michel Temer, de criar um canal de troca de informações, em tempo real, junto aos serviços de inteligência dos interventores no Rio com as secretarias dos Estados de Minas, Espírito Santo e São Paulo, uma medida claramente centralizadora sobre o tema de Segurança Pública regional.
 
“As informações de movimentação [de criminosos] no Rio de Janeiro nos darão indícios do que pode vir a acontecer aqui no Estado. Qualquer informação sobre a movimentação de grupos ou lideranças criminosas é importante”, afirmou. “O trabalho de inteligência é determinante para mudarmos inclusive o planejamento. Em uma ação como esta, não tem que haver burocracia”, completou Garcia.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Explosão de caixa eletrônico
    Explosão de caixa eletrônico é crime raro no Rio de Janeiro. O Estado onde existem quadrilhas especializadas nessa modalidade de crime é SP, principalmente interior.

    1. Caro André
      Parece que eu

      Caro André

      Parece que eu ouvia falar mais de roubo a caixas eletrônicas, antes do golpe.

      O que será que aconteceu, diminuiram os roubos, as reportagens ou o interesse com os roubos foi atingido???!!

      Saudações 

  2. após….

    A desculpa perfeita para Governadores Medíocres. E não é coincidência que a maioria seja do Tucanistão. Agora é só tornar sua incompetência num problema federal. O problema se torna da Federação, enquanto o estado continua com verbas e indicações políticas. É a Terra da Aberração. Vejam SP. 30 anos sem ampliação dos Sistemas de Distribuição de agua. O problema é federal. FEBRE AMARELA, Dengue, Microcefalia,…O problema é federal. Drogas, violência, criminalidade…O problema é federal. 30 anos da população sendo obrigada a eleger tamanha mediocridade. Picolé de Chuchu? Esperar mais o que? Mais acordos e ‘mostra-bunda’ para criminosos? O Brasil é de fácil explicação. Os estados nada tem a ver com isto. Dá pra acreditar?

  3. A história não acontece com

    A história não acontece com data marcada. Depois que as coisas acontecem é que as datas são escolhidas. Qual será data escolhida no futuro para marcar o início desta nova ditadura? 17 de abril de 2016? 31 de agosto de 2016? 24 de janeiro de 2018? 16 de fevereiro de 2018? Enfim, a prisão de Lula, caso ocorra mesmo, não será a data porque ela já estaria acontecendo dentro da ditadura. Estava na cara que o golpe da mídia, “justiça” e legislativo n]ao tinha condições de se sustentar sem recorrer ao uso da força.

  4. Militares em Minas

    Ontem, em discurso durante a cerimônia de pré-lançamento da candidatura do presidente Lula ao Planalto, o governador Pimentel  me parece rejeitou a intervençao federal no estado. Estranho a notícia, portanto.

  5. Por Quê Não?

    Nassif: eu concordo com esses estados. Pô, só o RJ pode tirar os ladrões adversários para colocar os do governo atual? “Em tempo de pirão pouco”, dizia-se recentemente nesse Blog, “primeiro o meu”.

    No ES tem que se repor o que foi acidentado no helicoptero.

    Em SP, agora que Paulo Preto não pode mais atuar, é preciso novos horizontes.

    Em MG é que a situação complica um pouco. O pessoal da boca de Ipanema quer destronar rivais, mas os caras são do mesmo bando, em outra facção. Tão tramando uma derrama.

    Tranquilidade mesmo só em MT, pois aquela fazenda de Juina continuará atendendo a clientela, atravas dos distribuidores do MS. A matéria vem direto da Bolívia, 99% de pureza. E os aviões agora são jatinhos.

    Tão só aguardando o ôme da inteligência traçar mapas, rotas e outros bregueços. Tropas lá…

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