Demissão de chefes militares obriga Lula a definir novo ministro da Defesa para evitar crise no exército

A indicação do novo chefe da pasta pode evitar crise no exército e conter manifestações nos escalões inferiores antes do início do novo mandato.

Reprodução

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai acelerar a indicação do novo ministro da Defesa, a fim de apaziguar os ânimos entre os militares e evitar um crise já no início do novo mandado.

A medida serve como resposta ao anúncio extraoficial de demissão dos chefes Marco Antônio Freire Gomes (Exército), Carlos de Almeida Baptista Junior (Força Aérea) e Almir Garnier (Marinha), que devem deixar seus postos na última quinzena de dezembro.

Combinada em encontros com Jair Bolsonaro (PL), a intenção foi confirmada pela Folha de S.Paulo e equivale a uma declaração de insubordinação, pois os chefes militares mostraram para a tropa que não aceitaram a autoridade de Lula, o que abre precedente nos escalões inferiores.

No entanto, um oficial-general da cúpula militar minimizou a gravidade da situação, alegando que Lula teria de indicar novos chefes. Assim, o gesto dos comandantes facilita o processo de transição do governo.

Novo ministro

Integrante do time de transição do governo, o ex-deputado e ex-ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio Monteiro deve ser o próximo Ministro da Defesa, segundo a expectativa dos militares. Considerado habilidoso por oficiais-generais, a indicação de Múcio agrada aos militares porque ele “não é um petista raiz como Jaques Wagner”, o nome preferido pelo PT para o posto.

O novo ministro da Defesa terá de escolher os novos comandantes, que deve evitar conflitos com a indicação dos mais antigos oficiais-generais de cada Força: Julio César de Arruda no Exército, Marcelo Kanitz Damasceno na FAB e Aguiar Freire, na Marinha.

Conflito antigo

Ainda que o nome do novo chefe da pasta agrade aos militares, o atrito com o presidente eleito continuará. As revelações de casos de corrupção da Operação Lava Jato e a Comissão da Verdade, que investigou os crimes da ditadura sem incluir “o outro lado” dos militares tornaram o PT como grande alvo dos fardados.

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Camila Bezerra

Jornalista

4 Comentários

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  1. A demissão extraoficial, se verdade, em nada preocupa ao país. Eu imagino que, ao contrário, será melhor para o país, para a população e para o progresso do Brasil ter ministros alinhados com a ordem, o progresso, o desenvolvimento e a competência governamental. Sinceramente, que falta farão esses três? O Brasil tem pressa em sair do atraso que foi colocado nos governos Temer e Bolsonaro e precisa de ministros versáteis, bem-intencionados e totalmente alinhados com o bem-estar social da população e não com governanças de penduricalhos eróticos, gastos e mordomias com supérfluos de toda ordem. Pensamento grande, harmonia institucional, o futuro colocado nos trilhos e muita transparência, para deixar os seca pimenteiras do atraso fora de combate.

  2. Trata-se claramente de uma manobra militar de movimentação de tropas visando ao novo contexto que se configurará a partir de 31 de dezembro. O comportamento dos chefes militares tem sido semelhante ao de crianças que testam até onde vai a paciência e o poder de contenção exercido pelos adultos. Enquanto percebem brechas pelas quais podem alargar suas ações, elas vão ocupando novos espaços. No limite, diante de uma recusa mais firme a uma manha, são capazes de se jogar ao chão aos berros no meio de um supermercado porque sabem que diante de um “escândalo” os adultos cederão. O Governo Lula estará começando muito mal se as Forças Armadas não forem devidamente enquadradas nos estritos limites definidos pela Constituição. O governo não poderá ficar o tempo todo pisando em ovos temendo ferir suscetibilidades de militares que já ameaçam ostensivamente e já não escondem sua insubordinação. Do lado de lá, eles já estão movimentando suas peças no tabuleiro. Bolsonaro, entretanto, se fosse inteligente, e ele não o é, deveria pensar duas vezes no que está fomentando e já fomentou. Após o 31 de dezembro, o cenário muda radicalmente e qualquer ação militar heterodoxa certamente não se fará mais sob o seu comando. Muito pelo contrário. Diante do espanto, incredulidade e indignação que um ato de sublevação militar certamente irá provocar, uma possível manobra de diversionismo capaz de fazê-los ganhar um tempo precioso, seria a prisão do próprio Bolsonaro. Um inútil e incompetente fardo aos aspirantes a novos senhores, e que muito bem pode ser entregue, a baixo custo, aos tubarões. Estes, por sua vez, por algum tempo ficarão ocupados deixando o espaço para a reorganização da tropa. Não vai dar certo a longo prazo. Mas a curto prazo será uma tragédia para a sociedade e para a nação.

  3. Que baderna na caserna, bem ao gosto de um certo tenentinho terrorista e bunda suja. Um bando de milico mimizento fazendo beicinho se perderem as boquinhas. Que porcaria de instituição é essa? Tem que haver um núcleo de inteligência no governo que mapeie o caráter de cada fardado e mande para a reserva todas as batatas podres. Há de se quebrar a correia de transmissão que perpetua essas práticas e posições inaceitáveis nos quartéis.

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