Como a contratação de um parecer fez Gandra mudar de opinião sobre impeachment

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Em dezembro de 2014, o jurista afirmou: “sem provas contra PT e Dilma, não cabe o impedimento”. Dois meses depois, em parecer contratado pelo advogado de FHC, Ives mudou de ideia

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Jornal GGN – Em menos de dois meses, o jurista Ives Gandra da Silva Martins mudou de opinião sobre a possibilidade de Dilma Rousseff enfrentar um processo de impeachment sem provas contundentes contra sua conduta ou a implicação das contas de campanha do PT.

No final de 2014, Ives cedeu uma entrevista a Marcello Reis (cabeça de um movimento virtual contra o PT), e afirmou que sua opinião sobre o assunto era uma só: antes de o Congresso avaliar um eventual pedido de impeachment, o processo da Lava Jato deveria ter um julgamento definitivo. A conclusão dos trabalhos pela Polícia Federal, a análise das provas e a decisão do Judiciário são fatores determinantes, apontou. 

“Eu pessoalmente parto do seguinte princípio: no momento, não se deve falar em impeachment. Porque a Polícia Federal tem que investigar, o Ministério Público tem que investigar, têm que aparecer todos os fatos, isso tem que entrar em juízo. No momento em que entrar [em juizo], [tem que] verificar a pertinência das provas”, disse ele.

“Se em determinado momento todas essas provas demonstrarem que houve omissão, imperícia, imprudência, dolo ou má fé por parte daqueles que administraram a empresa – desde o Conselho de Administração, da presidêncida [da Petrobras] e a Presidência da República -, se as provas levarem a indicíos, por exemplo, de que esse dinheiro foi utilizado para que um partido político ganhasse a eleição, isso poderia ser levado ao Congresso Nacional e a decisão vai depender de dois terços de deputados e senadores para considerar o impeachment. Vale dizer que temos, ainda, um longo caminho para que se façam todas as provas”, acrescentou.

No início de fevereiro deste ano, entretanto, Ives mudou sua visão sobre a deposição de Dilma antes mesmo do julgamento da Lava Jato. Ele admitiu, em artigo publicado na Folha de S. Paulo (leia aqui), que foi procurado (contratado) por José de Oliveira Garcia, advogado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que buscava um parecer jurídico sobre a hipótese de culpa para o impeachment.

Leia mais: Entenda como funciona o julgamento político de impeachment

Ives, então, apontou o caminho das pedras para um julgamento essencialmente político: com base numa suposta “omissão, imprudência, negligência ou imperícia”, Dilma poderia ser impeachmada, por exemplo, por simplesmente ter demorado meses para trocar a diretoria da Petrobras, face a crise de dimensão internacional. 

Na entrevista de dezembro, o jurista lembrou do impeachment de Fernando Collor e destacou que o processo político culminou em perda de mandato e de direitos políticos mas, depois, o ex-presidente acabou sendo absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.

“Enquanto [o uso de dinheiro fruto de corrupção na Petrobras por PT e aliados não for provado, não tem impeachment. Se for provado, a matéria vai ser política e o Congresso vai decidir se cabe ou não o impeachment”, defendeu, primeiramente.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. é por isso que advogados são

    é por isso que advogados são crias do demo. Eles tornam um inocente culpado e o culpado inocente argumentadondo em cima da lei dos hoomens. Mas homens são corruptiveis, então as leis tambem o são. Advogado e corruptos, dupla infernal!

  2. Quem nasceu para ser verdugo

    Quem nasceu para verdugo nunca será Rui Barbosa! Ives Gandra entende menos de Direito do que Yves Saint Lorain e cheira pior que seu xará.

  3. “Enquanto [o uso de dinheiro

    “Enquanto [o uso de dinheiro fruto de corrupção na Petrobras por PT e aliados] não for provado, não tem impeachment. Se for provado, a matéria vai ser política e o Congresso vai decidir se cabe ou não o impeachment”, defendeu, primeiramente.

    Entre outros depoentes – operadores, ladrões, corruptos e afins – o sr Barusco e o executivo da Setal já confirmaram à PF (vazadora de Curitiba) que o cartel funciona desde meados da década de 1990. Então, para a tristeza do Ives e dos seus clientes contrantes, exceto o PSoL e um ou outro nanico partido, os demais se banharam na corrupção da Petrobras.

    Caso contrário , teremos que acreditar que a corrupção do período de FHC, conforme depoimentos de Pedro Barusco e do executivo da Setal – foram destinados à caridade.

    E ainda assim, continua sendo crime.

     

  4. Enquanto isso, o jogo do golpe vai sendo jogado

    É triste ver se perderem homens de quem se imaginava poder esperar gestos e atos responsáveis.

    As vítimas, como sempre, são as pessoas puras e inocentes que vão sendo enganadas.

    É tão forte nesse momento o sentimento golpista que mesmo um homem como Ives Gandra se expõe dessa forma absurda.

    A pedido de Fernando Henrique Cardoso, o advogado Ives Gandra fez um parecer jurídico dizendo que existem “elementos jurídicos” suficientes para o impeachment de Dilma.

    Em primeiro lugar, importaria saber quem pagou pelo parecer. Não se tem essa resposta.

    É no mínimo muito pouco provável que tenha sido FHC. Ainda que se saiba que ele pode pagar, afinal um homem aposentado como professor aos 37 anos e ex-presidente que comprou um apartamento na Avenue Foch em Paris, por 11 MILHÕES DE EUROS, segundo noticiado pela imprensa, não deve ter dificuldades financeiras.

    Não importa se cada parecer de Ives Gandra custa entre 100 e 150 mil reais.

    FHC pode pagar.

    Mas não parece provável.

    Teria sido o Instituto Fernando Henrique Cardoso?

    Teria sido o PSDB?

    Ou alguma empresa que contribui com doações ao PSDB, claro que todas elas lícitas?

    Talvez induzido pelo desespero do momento atual de se promover o impeachment da presidenta, ao fabricar esse documento o advogado Gandra se esqueceu de que há 1 mês, vou repetir, há 1 mês antes de emitir o seu parecer, segundo matéria de Cintia Alves no Jornal GGN ele tinha dito em entrevista justamente o contrário, isto é, que não há elementos que justifiquem o impedimento da presidenta..

    Na sua sabedoria, o povo costuma dizer que muitas vezes o homem tropeça nas próprias pernas.

    Mas um jurista renomado tropeçar nas próprias pernas de maneira tão grosseira aos 80 anos só pode ser por algo que esteja acima da sua razão.

    Algo que vem de dentro do ser e que muitas vezes o faz ficar cego.

    Como o amor e o ódio.

    Fora de controle, ambos são mortais.

    Qual teria sido o sentimento que se apossou do jurista?

    Não foi à toa que inúmeros juristas, perplexos por se tratar de um advogado renomado e pela absurda fragilidade do seu parecer, registraram repúdio à tentativa canhestra de Ives Gandra produzir uma peça jurídica para respaldar o pedido de impeachment.

    Ives Gandra acusou a pancada. Não se dispôs a se explicar.

    Sumiu.

    É um jogo pesado.

    Muito pesado.

  5. Se perde muito tempo com esse

    Se perde muito tempo com esse ”parecer” .

       Falta de assunto? Então aqui vai um:

             Neste exato momento que dedilho estas linhas( 3 minutos) uma pessoa ou é morta ou ferida por bala no Brasil.

                    Isso sim merece destaque.

                 E por que não foi ?

                         Porque os entes queridos do blogueiro AINDA não passaram por isso,

                          Assunto mais do que sério,meu.

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