O programa de espionagem Trapwire

Por Marco Antonio L.

Do Olhar Digital

O que é o Trapwire, o programa de espionagem divulgado pelo Wikileaks

Exposição de programa de inteligência pode ser responsável pelo site da organização ter ficado fora do ar nos últimos dez dias

Uma empresa de espionagem criada por ex-agentes de serviços de inteligência norte-americanos ganhou notoriedade nesta semana, quando apareceu citada em documentos da companhia de segurança global Stratfor.

Os dados foram roubados pelo grupo hacker Anonymous no final do ano passado na chamada operação AntiSec, que invadiu servidores governamentais em todo o mundo e inclusive derrubou sites no Brasil. Posteriormente, foram entregues ao Wikileaks, que aos poucos avalia e revela parte do material colhido – nada menos que 200 gigabytes de material interno da empresa.Em e-mails e documentos oficiais já divulgados, há menção a uma nova companhia de espionagem, dirigida por antigos figurões da CIA e do Pentágono, que teria criado uma versão mais exata do reconhecimento facial e que já teria instalado o software em câmeras de rua para vigiar grande parte dos norte-americanos que vivem nas grandes cidades.

Os dados colhidos nos pontos de monitoramento espalhados pelo país seriam enviados em tempo quase real para uma central, que criptografava o seu conteúdo e agregava as descobertas aos arquivos dos serviços de inteligência.  Tudo isso era parte de um programa chamado TrapWire e inventado pela Abraxas, empresa que reúne ex-funcionários das principais agências governamentais e que tem grande entrada em círculos poderosos de Washington.

Apesar de ter atividades públicas e de o programa já ter sido divulgado pela imprensa anteriormente, os detalhes expostos nos arquivos do Wikileaks apresentaram o tema para boa parte do público norte-americano, que se espantou em constatar que as câmeras instaladas em postes nos seus bairros agora os vigiavam e estão conectadas a uma teia global de inteligência. O assunto mereceu menção nas principais publicações do mundo, como The New York Times ou The Guardian.

Os vazamentos do Wikileaks ganharam ainda mais atenção pela reação a eles. O site da organização ficou fora do ar nos últimos dez dias, vítima dos mesmos ataques de negação de serviço que caracterizam as ações do seu grupo-irmão, o Anonymous.

Especula-se que hackers de um grupo chamado Antileaks tenham sido contratados para bombardear o site e impedir que os seus documentos – possivelmente aqueles relacionados com a Stratfor – atingissem um público maior. A procedência dos ataques não é confirmada, mas a possibilidade de eles se relacionarem à exposição da Stratfor e do programa TrapWire é grande.

De acordo com um e-mail de 2009 vazado para o Anonymous, o vice-presidente de inteligência da Stratfor, Fred Burton, que já integrou a área do corpo diplomático responsável pela segurança, define o Trapwire como “uma solução tecnológica indicada para as zonas vermelhas para fim de reconhecimento de identididade”. Outros documentos  indicam que a Stratfor assinou um acordo de cooperação tecnológica com a Abraxas.

E você, como se sentiria se fosse vigiado o tempo todo por câmeras do governo e por agências de espionagem muito suspeitas?

Luis Nassif

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