Haddad adotou medidas que podem atenuar atos contra alta da tarifa de ônibus

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Mauro Donato

A tarifa aumentou, mas o Passe Livre terá força para levar as pessoas às ruas novamente?

Do DCM

Ônibus terão a tarifa reajustada para R$ 3,50. O prefeito Fernando Haddad já divulgou o dia 6 de janeiro para entrada em vigor. Alckmin ainda não definiu nem valor nem data para o aumento nos trens e metrô mas é certo que ocorrerão (o anúncio deveria ser sincronizado e esse já o primeiro sinal de que as administrações estadual e municipal estão muito preocupadas com a batata quente).

Em razão disso, o Movimento Passe Livre convocou para o dia 9 de janeiro o 1º GRANDE ATO CONTRA A TARIFA, às 17h em frente ao Teatro Municipal. As atividades começarão já na segunda-feira (05/01) com a realização de uma aula pública contra a tarifa em frente à prefeitura.

O MPL terá forças para recrutar novamente aquele volume de populares que saiu às ruas em 2013?

O prefeito Haddad tomou medidas que podem atenuar a intensidade dos protestos. A primeira delas clássica, divulgar o aumento durante o período de férias (em todas as oportunidades anteriores esse foi o fator apontado pelo próprio MPL como a explicação para que nenhum deles tivesse o impacto do ocorrido em junho 2013).

As demais são a tarifa zero para estudantes de ensino médio e fundamental da rede pública e alunos de ensino superior privado que sejam beneficiários do FIES ou Prouni. O Bilhete Único também terá a tarifa congelada nos R$ 3 e, por fim, o aumento ficou abaixo da inflação no período (se aplicada, o valor corresponderia a R$ 3,70. O atual valor vigora desde 2011). Tudo isso junto e misturado provocará um descontentamento menor?

Em nota oficial, o Movimento Passe Livre declarou: “Cobrar pelo transporte – que deveria ser público de verdade – e ainda aumentar esse preço é uma escolha política pela exclusão de pessoas e em favor do lucro dos empresários de ônibus. Este aumento soa mais absurdo quando constatamos que uma auditoria acaba de provar que milhões foram desviados pelas empresas do transporte.  Reduzir seu lucro exorbitante e cobrar o dinheiro roubado seria suficiente para manter o preço da tarifa ou até mesmo reduzi-la. Não aceitaremos nenhum centavo a mais! Agora é de R$ 3 para baixo, até zerar!”

A auditoria contratada pela prefeitura concluiu que há espaço para redução na margem de lucro das empresas de ônibus. A média de 18,6% de lucro ao ano é muito superior ao de outras concessões de serviços (estradas por exemplo têm 7%) e pode ser ainda maior afinal os auditores encontraram quase R$ 700 milhões em despesas sem comprovação, o que torna os balanços apresentados pelas empresas quase sem credibilidade.

Descobriu-se ainda que uma em cada dez viagens programadas não é feita (e nem punida). Só com esse “drible”, os ganhos alcançariam R$ 31 milhões por mês. Já as multas, se aplicadas, renderiam R$ 36 milhões aos cofres da prefeitura. Uma inspeção nos carros da frota foi realizada por amostragem (10%) e revelou que mais de 20% dos ítens obrigatórios (inclusive de segurança) não estavam presentes. A prefeitura pagou R$ 1,7 bi em subsídios às empresas de ônibus só neste ano. A auditoria consumiu, ao todo, 8 meses de trabalho.

As empresas tiveram seus contratos renovados provisoriamente e aguardam nova licitaçãoprevista para 2015. Os empresários do setor obviamente contestaram os dados, os critérios, enfim tudo que foi apresentado pelos relatórios da auditoria. “Há uma mística quando se diz que o setor é uma caixa-preta. Somos os maiores interessados na transparência”, disse Francisco Christovam, presidente do sindicato das empresas, o SP Urbanuss.

O sistema estrutural operado por empresas concessionárias está majoritariamente nas mãos de apenas três famílias. Só a família Ruas (de José Ruas Vaz) é dona das viações Campo Belo, Santa Amélia, Bristol, Bola Branca, Tupinambá, Ferraz, Tabu, Ipiranga, São João, Tânia, São Miguel, Rápido Brasil, Ultra, Taboão, Independência e São Luís. Detém, sozinha, mais da metade do total da frota da capital paulista. Que transparência ela pode querer?

Além de todos os cuidados aparentemente pensados por Fernando Haddad e equipe, está o fato concreto de que as faixas exclusivas de ônibus propiciaram um aumento de 45% na velocidade média dos coletivos, reduzindo em 38 minutos o tempo médio de viagem. Boa parte dos usuários está satisfeita com isso. Está? Com a palavra, o MPL.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Se os fatos apurados são

    Se os fatos apurados são corretos, qual a justificativa do excelente prefeito Haddad para esse aumento e a renovação cos contratos?

    1. Desmemoriado seletivo…

      Não se esqueça que os fatos foram apurados por iniciativa e mérito do prefeito Haddad.

      As justificativas ele está apresentando nos sites da prefeitura que debatem esse tema.

      E as outras cidades do Brasil? Não terão aumento?

      E que justificativa o governador Alckmin apresenta para subir a tarifa do metrô, CPTM e ônibus ,Metropolitanos, diante das apurações do roubo no Metrô, que por sinal foram feitas na Suiça e ele em vez de investigar, como o Haddad fez, fez tudo para encobrir e engavetar?

      E por que o Sr. Só fala do Haddad?

      São perguntas que não querem e não vão calar.

      1. Pedágios tucanos

        Ruy,

        Sem falar na bilionária arrecadação com pedágios. Alckmin já autorizou aumento para 2015 acima da inflação (como sempre). Eficiente ele não? Quando quer…

  2. 1- Não foi proibido bala de

    1- Não foi proibido bala de borracha em SP, embora o petismo tenha feito um esforço tremendo para isso

    2- cabe ao alunos de rede pública ir lá defender a tarrifa, pois  sem isso também não tem o gratis

  3. Haddad vai bater de frente

    Haddad vai bater de frente ..teria descoberto o telhado de vidro

    do MPL?A galera da barbicha deu uma sumida.. não tocam no

    nome do Alckmim nem por totura ou balas de borracha.Seguindo

    as faixas exclusivas para ônibus ..bicicletas e IPTU a coisa é ir

    para cima mesmo.Tem mais gente na escola pública, o problema

    da inclusão é que ela funciona…é só melhorar.Marina Silva ?

    #naovaiternada

  4. Adorei o cartaz

    De fato o trasporte não tem NADA DE PÚBLICO.

    Todas as empreas são primadas e esfolam o cidadão.

    Se fosse público não teria tarifa.

    São as incoerências. Tem que mudar o nome pra transporte PRIVADO, o que é de fato.

  5. Transporte público coletivo

    É transporte público coletivo operado por concessionária.

    E o fato de ser público não tem que ser gratuito. Serviços públicos como correios, certidões são geralmentes pagos através de uma taxa.

  6. O MPL está com razão

    Só 500 mil beneficiados em SP pela tarifa zero, numa cidade de 11 milhões de habitantes, isso é ridículo.

    Eu não sou entusiasta da “tarifa zero geral”, pelo menos imediatamente, pode haver um tremendo custo social (demissão em massa de cobradores) e para manter os coletivos em bom estado de conservação o poder público não seria obrigado a reduzir gastos de outras prioridades?

    Haddad também tem dificuldade em agir como “político”, já pensou se ele reduz a tarifa em 0,20 centavos? O MPL levaria um xeque-mate esvaziando o movimento, impossível não é, em um ano o sistema da capital ganhou 23 milhões de usuários e a recém inaugurada refinaria da Petrobrás vai reduzir as importações de diesel.

    Existe uma informação rolando que o MPL é financiando por empresários (a maioria simpatizantes da Marina Silva e ligados as bandeiras ambientais), faz sentido:

    – Alckmin nunca é cobrado;

    – O MPL nunca defendeu abertamente a estatização do sistema municipal;

    – Muitos desses empresários veem na Tarifa Zero uma oportunidade para acabar com o Vale Transporte (Bilhete único) e assim reduzir custos.

  7. É viável sim

    Já eu, defendo o tranporte público gratuito. Ou uma tarifa subsidiada mínima (R$ 0,10 a 0,50 por exemplo).

    Subsidiado atraves de impostos ao uso de automóvel particular… E também com o IPVA (pra onde vai essa grana?) ou/e desonerações.

    É viável sim. E aposto como diminuem rapidamente os engarrafamentos e a poluição…

     

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