Para ANTU, fuga de usuários de ônibus para carros é que gera serviço ruim

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Enviado por lucascosta

da Agência Brasil

Brasileiro anda cada vez menos de ônibus, diz associação de transportes

Pedro Peduzzi
congestionamento em São Paulo

Brasileiro anda cada vez menos de ônibus, diz associação de transportesMarcello Casal Jr/Agência Brasil

Balanço divulgado hoje (1º) pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) contabiliza que, em 2013, 175 milhões de passageiros deixaram de usar ônibus nas nove capitais mais populosas do país (Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e São Paulo). Ou seja: 560 mil passagens deixaram de ser vendidas a cada dia, na comparação com o ano anterior.

Isso corresponde a uma redução de 1,4% no número de passageiros transportados, entre 2013 e 2012. Esse percentual sobe para 30% se o recorte for entre 1995 e 2013. De acordo com a NTU, essa queda se deve, principalmente, à migração das pessoas para os transportes individuais motorizados e ao alto custo do diesel, repassado ao valor da tarifa.

Na opinião do presidente da NTU, Otávio Cunha, não é a má qualidade do transporte público o que tem resultado nessa diminuição da demanda por ônibus – e na consequente migração das pessoas para os automóveis. “É a baixa demanda o que tem resultado na má qualidade do transporte público”, garante.

A baixa qualidade do transporte tem, segundo ele, suas explicações. “Em primeiro lugar, faltou ao governo federal o estabelecimento de políticas públicas de transportes. Falta inteligência para pensar o transporte e também investimento e capacitação profissional”, disse ele.

 

O resultado dessa falta de políticas públicas para o setor, acrescenta o presidente da NTU, “é a queda da velocidade operacional, o aumento do custo dos insumos e a competição com transporte individual. [Nesse cenário,] a velocidade média das viagens caiu em 50% nos últimos dez anos, passando de 25 quilômetros por hora (km/h) para 12 km/h”, completou.

Segundo o diretor administrativo da NTU, Marcos Bicalho “as pessoas colocam o empresário como vilão por tentar aumentar a tarifa, mas nós tentamos aumentar a tarifa apenas para manter o mesmo nível do transporte público. As empresas fazem o que podem na gestão interna. O que acontece é que a crise está muito mais motivada pela falta de políticas públicas”.

Apesar da crítica, a diretoria da NTU avalia que os recentes investimentos feitos em infraestrutura para mobilidade já começam a apresentar resultados.

“Os corredores [exclusivos para transporte público] recentes darão melhorias significativas ao transporte. A partir de 2016 veremos resultados muito significativos. Rio de Janeiro, Belo Horizonte já têm demonstrado aceitação [por parte da população]. Esses corredores obrigarão [a construção de] novos corredores que vão atrair mais demandas. Todas cidades que migraram para esse tipo de política já colheram resultados, e os investimentos feitos reverterão a situação atual”, argumentou Cunha.

Cunha citou uma pesquisa do Datafolha relativa às reivindicações feitas pela população durante o período de manifestações. “Segundo essa pesquisa, 53,7% querem melhorias no transporte público e 40,5% querem a redução da tarifa. Isso demonstra a importância que esse serviço tem para a população”.

A fim de melhorar a qualidade do transporte público, de forma a atrair mais passageiros, a NTU apresentou oito propostas. Em geral, defendendo subsídios para que a tarifa não seja paga em sua totalidade pelo usuário.

Entre os pontos defendem a priorização do transporte coletivo nas vias; a elaboração de planos diretores, planos de mobilidade urbana por todos municípios, e de uma política de mobilidade. Ressaltam a importância de haver participação de representantes da sociedade civil organizada, bem como de conselhos municipais nessas discussões, a fim de definir qual é o serviço esperado e os valores de tarifa e de subsídios a serem pagos.

De acordo com a NTU, os subsídios ao serviço poderia ser pago por meio de fundo com recursos dos combustíveis, distribuídos aos municípios de forma proporcional à população. Outro ponto defendido pela entidade é a implantação de redes de transporte modernas, integradas, multimodais, racionais e de alto desempenho.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. há tá

    Tratam passageiros como CARGA, em ônibus lotados para aumentar os lucros, quando o movimento cai e os ônibus PODERIAM não ficar lotados eles reduzem a quantidade de ônibus,  tratam passageiros como se estivessem nos fazendo um favor, “se quer viajar sentado pegue um táxi” já ouvi cobradores dizerem para quem reclama…

    Resumindo,  tratam os passageiros como OTARIOS a serem explorados e culpam os usuários por procurarem alternativas? 

    HAJA CARA DE PAU! !!!!

    1. (Edson, BH ja teve bairros

      (Edson, BH ja teve bairros inteiros servidos por UM UNICO onibus. A cada duas horas e 15 minutos voce via a briga pra entrar nele.)

  2. Os usuários fogem para o carro por fugir

    Todo mundo sabe que o serviço de ônibus, na média, é excelente em nosso país. Só que não…

    A verdade: os ônibus são sujos, lotados e pessimamente conservados. Os motoristas recebem baixíssimos salários e têm raiva da população, que por sua vez tem raiva deles pela forma como é tratada, o que gera ainda mais raiva da parte dos motoristas em relação à população.

    Definitivamente, a população não se refugia no carro particular – que não anda no trânsito abarrotado – à toa. O que os empresários querem é mais um naco dos orçamentos do Estado brasileiro. Sem, mais uma vez, oferecer contrapartidas reais. Afinal de contas, é assim que tem funcionado a nossa experiência capitalista: privatizam-se lucros e socializam-se os prejuízos. Com o transporte público não haveria de ser diferente. 

  3. rsrsrsrsrsrsrsr“É a baixa

    rsrsrsrsrsrsrsr

    “É a baixa demanda o que tem resultado na má qualidade do transporte público”

    MPL já!

  4. Oferecem um péssimo serviço,

    Oferecem um péssimo serviço, na grande maioria das vezes, cobram per capita e ainda recebem subsídios de dinheiro público.

  5. A má qualidade do serviço de

    A má qualidade do serviço de ônibus resulta da combinação de:

    1) Conluio com agentes públicos e com mandatário

    2) Fim do “cobrador”, atribuindo duas funções a uma só pessoa

    3) Péssimos salários para motoristas e cobradores que ainda restam, além da equipe de manutenção

     

    Mas tem um ponto que deixa a vajem muito pior: nós mesmos. Afinal, a gente só reclama.Ninguém cala a boca durante a vajem. É gente descrevendo suas desventuras para que quiser ouvir.  Isso terrível!

  6. Então quer dizer que é como

    Então quer dizer que é como Tostines? É fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?

    Que explicação mais fresca!

  7. O Ônibus é um transporte

    O Ônibus é um transporte muito bom. Confortável, sem inconvenientes, sem atrasos, sem assaltos, com espaço para todos, as pessoas é que não aprenderam a apreciar.

    Já ir no próprio automóvel, ouvindo as músicas que se quer no ar condicionado, chegando ao seu destino sem precisar andar, isso é horrível.

    Não entendo como as pessoas não aprendem…

  8. São tantos absurdos nessa

    São tantos absurdos nessa longa história de lucros abusivos dessa máfia. Acho que todo mundo sabe que os ônibus urbanos no Brasil são feitos em carroceiras de caminhão! Aquele motor lá dentro, barulhento, poluídor e tirando espaço de motorista e passageiros. Linhas e horários são montados para atender interesses dos donos das empresas. O jorro de dinheiro é líquido, na boca do caixa. Se alguma coisa der errado, o setor é o supra sumo do capitalismo à brasileira, nós pagamos, sempre. Mas, como lamentou a Danuza, os porteiros de prédio e seus filhos começaram a viajar para Paris. E deram de cara com aquele metrô. Mesmo com toda a sujeira, batedores de carteira e o mau humor dos franceses, ele te leva a TODOS os lugares da cidade. E os caras de pau tupiniquins, bem à moda PSDB, têm a coragem de dizer esses disparates aí de cima. Há pelo menos dois anos digo para todos os funcionários mais humildes dos dois locais onde trabalho: comprem um carro! Brasília 77,  Fiat 147, não importa. Qualquer coisa é melhor do que encarar o sistema de transporte da BH de Márcio Lacerda. 

  9. Eus sabia que a politica

    Eus sabia que a politica petista se deixar carro mais barato para que pobre não ficessa sofrendo em coletivo, ainda iria gera crítica. Só que a elite adorou isso, pois por causa disto o petismo ficou impedido de aumentar o preço da gasosa 

  10. Dou de presente pra ele um cartão “bom” pra andar em linhas EMTU

    O verdadeiro lixo são as linhas operadas sob gerenciamento da emtu sp ou seja as intermunicipais metropolitanas. Tarifas caras onibus sem horários definidos carroças do século passado e a emtu ficou só no corredor abcd-sp da década de 90 e não fez mais nada. A área 5 até hoje não foi licitada. Tal como está o transporte por onibus é um suprício para os usuários. Em compensação o estado está gastando uma fortuna com os tais monotrilhos, uma aventura como foi o famigerado fura-fila, que consumiu bilhões de reais e não disse a que veio.

  11. Procurei agora no site da Agência Brasil o contraponto

    O “Zorra Total” da Globo está neste exato momento deitando e rolando sobre as mazelas do transporte público. Vários quadros – sem graça nenhuma, por sinal – a explorar as calamidades, que são reais, do transporte público. Aliás, já faz um bom tempo que esse programa explora esse mote. Desde de antes até mesmo dos protestos de junho de 2013. Parece que com os protestos eles intensificaram a investida. 

    Enquanto isso, procurei agora no site da Agência Brasil o contraponto ao que foi dito. Nada. Estranhamente a empresa estatal EBC não procura ouvir o próprio Estado antes de colocar o ponto de vista da associação dos empresários em sua página. O contraponto estatal seria bem vindo. O que o Estado vem fazendo a respeito, quais incentivos os empresários do ramo já recebem, quais projetos estatais estão em andamento no presente? A EBC, através da Agência Brasil, não responde, a despeito do fato de o governo vir se mexendo nesse sentido.

  12. Transporte coletivo em Sampa

    Sendo usuária de ônibus desde os anos oitenta, posso afirmar que não é verdade que a qualidade piorou, são os usuários que melhoraram… Ao longo de todos estes anos fiquei observando meus companheiros de viagem, e posso afirmar que o usuário de hoje é mais heterogêneo, menos submisso e mais exigente. Não tem medo de reclamar e por isso se tem a impressão que o serviço seja mais ruim do que realmente é. Posso afirmar que já foi pior, com certeza.

  13. Claro que não é a ‘má

    Claro que não é a ‘má qualidade’ é somente a sensação de lata de sardinha – sobretudo nas horas de pico – a irregularidade de horários, as não paradas quando solicitadas, etc. Conclusão: o culpado é o usuário que insiste teimosamente em usar ônibus, trens ie metrôs. Estes nas raras cidades onde existe.i

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