Terra Indígena Apyka’i (MS), Usina São Fernando, José Carlos Bumlai, grupo Bertin e o ex-presidente Lula

 

 

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Comunidade Guarani Kaiowá mais ameaçada enfrenta nova reintegração de posse

 

A comunidade Guarani Kaiowá mais ameaçada do momento, o tekoha Apyka’i, no município de Dourados (MS), poderá enfrentar mais uma reintegração de posse.

Uma nova manobra judicial garantiu que uma decisão – já cumprida – da Justiça Federal de 2009, em favor do Cássio Guilherme Bonilha Tecchio, proprietário da Fazenda Serrana, fosse, mais uma vez, utilizada contra os indígenas.

Agora, os Kaiowá tem 30 dias para sair do local, onde estão acampados desde setembro de 2012. O prazo para o despejo passa a contar a partir desta segunda-feira, 27. A liderança da comunidade, Damiana, reafirma que os indígenas não sairão da terra.

Até setembro do ano passado, a área era utilizada pela Usina São Fernando para plantio de cana em larga escala. Foi quando Damiana e sua comunidade retomaram o território, depois de 14 anos acampados à beira da rodovia BR-463, a 8 quilômetros do centro de Dourados, e voltaram a incomodar os produtores da usina. A terra reivindicada pelos Kaiowá como tradicional está em processo de identificação e delimitação pela Fundação Nacional do Índio (Funai). (continua )

 

Que usina é essa? http://campanhaguarani.org/apykai/?p=43

Dentro do Apyka’i tem uma fazenda, chamada Serrana. Ela é propriedade de Cássio Guilherme Bonilha Tecchio. Ele é o autor das ações de reintegração de posse contra a comunidade Guarani Kaiowá liderada por dona Damiana.

Mas ele não faz nada em sua fazenda. Ele arrenda sua propriedade para que a Usina São Fernando plante cana-de-açúcar para produzir etanol.

É contra esta usina que luta dona Damiana e os Kaiowá. É esta usina que contrata seguranças privados que atacam seu acampamento.

A Usina São Fernando tem uma dívida de 1,3 bilhão de reais – 530 milhões aos bancos públicos que a financiaram.

O dono da Usina São Fernando se chama José Carlos Bumlai.

Ele ficou famoso pelas acusações de envolvimento em esquemas de corrupção envolvendo desvio de dinheiro público. E também pela amizade com o ex-presidente Lula.

Bumlai esteve por trás da empreitada que levou à empresa Contern a deter 3,75% do capital do Consórcio Norte Energia, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, Pará, junto do grupo Bertin, ao qual é associado. Em 2011, a Contern e outras empresas deixaram a Norte Energia para receberem o contrato de (inicialmente) 13,8 bilhões das obras civis da barragem, através Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM).

A Usina São Fernando foi construída com dinheiro público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil (BB): 530 milhões de reais.

A ideia da Usina São Fernando surgiu entre 2006 e 2007, numa parceria entre Bumlai e uma família do agronegócio que progrediu muito no governo Lula, a Bertin. Donos de um grupo de frigoríficos fortemente apoiado pelo BNDES, os Bertin acabaram quebrando e seus frigoríficos foram comprados pelo concorrente JBS, com mais dinheiro do BNDES.

No ano passado, a São Fernando entrou em recuperação judicial, pendurando dívidas de 1,2 bilhão de reais. Do montante, 530 milhões são devidos ao BNDES e BB.

Estes dois bancos financiaram a construção da usina em Dourados, no Mato Grosso do Sul. A operação com o BNDES foi aprovada em dezembro de 2008, logo depois do início da crise financeira global, numa fase em que os bancos privados se recolheram e pararam de emprestar. Mas o projeto da família Bumlai já estava em andamento, embalado pelo estímulo do governo Lula ao aumento da produção brasileira de etanol.

José Carlos Bumlai conheceu Lula por intermédio do ex-governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda, o Zeca do PT. Na campanha de 2002, o então candidato Lula gravou peças para o horário político numa das fazendas de Bumlai. Tornaram-se amigos a tal ponto que o pecuarista era recebido mesmo sem marcar hora pelo ex-presidente no Palácio do Planalto. Bumlai virou uma espécie de conselheiro de Lula para o e passou a fazer parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social de Lula.

Em 2011, Bumlmai foi investigado pelo Ministério Público Estadual de São Paulo por supostaparticipação em esquema de desvio de dinheiro público.

Redação

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