“O problema do Brasil não era a Dilma”, diz Lula sobre o golpe

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Ricardo Stuckert / Lula.com
 
Jornal GGN – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o juiz que o condenou a 9 anos e 6 meses de prisão, Sérgio Moro, de “czar”, em referência aos monarcas dos impérios búlgaro e russo, e os procuradores da força-tarefa de Curitiba, comandada por Deltan Dallagnol, de “jovens mal-intencionados”.
 
As declarações foram feitas à rádio Capital, de São Paulo, em entrevista na manhã desta terça-feira (18). Uma semana após a sentença por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente disse querer “provar que o Moro errou, que a equipe da Lava Jato errou” e que “mentiram demais”.
 
“Não vou, depois de 70 e poucos anos de vida, permitir que meia dúzia de jovens mal-intencionados venham tentar jogar a minha imagem na lama. (…) O juiz Moro não pode continuar se comportando como um czar. Ele faz o que quer, quando quer, sem respeitar o direito democrático, sem respeitar a Constituição. E não deixa a defesa falar”, disse.
 
O ex-presidente também ressaltou o cenário político atual, como consequência após a queda da então presidente e sua sucessora, Dilma Rousseff. Se antes, em dezembro de 2014, o país apresentava “o menor índice de desemprego de sua história, 4,5% de desemprego”, com “padrão Suécia, Dinamarca e Alemanha”, com aumento de 74% no salário mínimo, hoje a situação é outra.
 
“Aqueles que deram um golpe falando que o país iria virar um paraíso deixaram o país pior. Aumentou nossa dívida fiscal, aumentou o desemprego e as incertezas”, afirmou Lula. “A Dilma terminou seu primeiro mandato com uma aprovação invejável. Mas tínhamos um presidente da Câmara (Eduardo Cunha) que trabalhava contra o governo, para que ele não desse certo. E esse foi um erro grave. (…) O problema do Brasil não era a Dilma”, certificou.
 
Sobre a sentença do magistrado da primeira instância contra o líder petista, Lula reafirmou sua tese para a peça ser uma mentira: “a desgraça de quem conta a primeira mentira é que é obrigado a contar milhares para justificar a primeira, cabe a mim insistir que eles erraram”, disse.
 
Para ele, o processo carrega o teor e a intenção meramente política: “a única coisa que foi levada em conta foi a necessidade de prestar serviço a quem quer que o Lula não dispute a eleição. Falei para o Moro no dia do meu depoimento que ele estava preso ao compromisso que ele tem com a imprensa.”
 
E insistiu que acredita na Justiça brasileira: “Acredito que haverá de acontecer a Justiça em outra instância nesse país”.
 
Acompanhe a entrevista concedida à rádio Capital:
 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Estratégia

    Moro com suas última ações despiu a toga. Responder nos autos, da forma como fez, as críticas que recebeu da defesa e do próprio Lula demonstrou que aderiu à política. Está jogando para a pláteia, às favas a magistratura. Tornou-se mais um adversário, como foram FHC, Serra e Alckmin. Com um agravante: além de principal atacante do time opositor é o árbitro da partida. 

  2. E o JUIZ não cala a boca

    E o JUIZ não cala a boca  ..agora compara o Dr LUIZ INACIO, o MAIOR líder que este país já viu  ..o campara a Eduardo Cunha  ..o pato Às contas na SUIÇA

    Esquece-se o maLgistrado que LULA nunca foi usufruturário, nem proprietário, e NUNCA fez uso do bem  ..que o apto (tipo propina) esta – comparativamente – em nome do corruptor  ..enfim

    olha, é um ABSURDO a Jusitiça deste nosso país tolerar esta pessoa (em exercício de função pública) vir a público a todo momento pra tentar denegrir um cara que colocou o BRASIL no mapa do MUNDO  ..e tirou milhões da relação da miséria humana

  3. Justiça x Política.

    Infelizmente, o Gilmar Mendes fez ‘história’ com sua capacidade de fazer política no judiciário. Aliás, nunca foi negado a este poder fazer política, mas chegamos a um ponto constrangedor em que um juiz de primeira instância se une a uma equipe para influenciar a política de modo tão descarado como tem feito o Moro.

    Antes, o Barbosa, o Fux e a Weber – na companhia do Gilmar – tinham dado um péssimo exemplo a inverter o ônus da prova e a condenar sem as provas no caso do Mensalão. Agora, o Moro vai até o limite da irresponsabilidade, usando a licença que os juízes têm para interpretar e decidir segundo suas convicções.

    Quando se chaga ao ponto de um magistrado se justificar numa decisão é tempo de procurar pelos juízes que ainda restam no país. Talvez no TRF-4 na oitava turma. Não custa lembrar que o TRF-4 já reformou uma decisão ou um lapso do Moro, quando condenou o Vaccari sem o MPF ter pedido a condenação do mesmo.

    Enquanto isso, as panelas seguem na cozinha e aquela turma, liderada pelo MBL e a FIESP, segue assistindo o Temer e sua trupe tocando fogo no que restou de Brasil e travando uma batalha com as Organizações Globo. Serve de alento, o fato do país ser imenso.

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