Evasão fiscal no centro da crise bancária grega

Saques em massa corroem liquidez de bancos gregos 
The Wall Street Journal/PORTUGUESE…AUGUST 25, 2011, 5:10 P.M. ET…Por PHILIP PANGALOS, de Atenas

A crise crescente na Grécia ameaça criar outro problema para o país; a falta de liquidez gerada pela contínua retirada de dinheiro dos bancos gregos.
Os bancos do país enfrentaram nos últimos 20 meses uma retirada sem precedentes dos depósitos dos clientes. Dezenas de milhares de gregos — dos mais ricos aos mais humildes — transferiram suas poupanças para fora do país ou guardaram o dinheiro em cofres bancários de aluguel ou debaixo do colchão, dizem banqueiros.
A consequência para muitos bancos gregos é uma escassez crescente de liquidez que amplia sua dependência dos recursos de emergência do Banco Central Europeu e os força a diminuir ainda mais o crédito para empresas. Isso, por sua vez, aprofunda a recessão grega, dificultando para o governo diminuir o enorme déficit orçamentário.

A especulação de que o governo vai entrar em moratória, o que empurraria o sistema bancário à insolvência, é que está alimentando essa corrida aos bancos. Além disso muitas famílias gregas, sob pressão financeira, simplesmente precisam da poupança para sobreviver.
Os economistas dizem que há sinais de que os depósitos bancários estabilizaram nas últimas semanas depois do último acordo europeu para socorrer a Grécia, em julho. Mas em meio à piora do cenário econômico alguns analistas duvidam que a calmaria dure.

A fuga de recursos para o exterior reflete os temores de um colapso dos bancos gregos, diz Yannis Stournaras, diretor-geral da Fundação para Pesquisa Econômica e Industrial, um centro de pesquisa de Atenas. Esses temores são “infundados”, diz ele, porque os bancos gregos estão agora sob proteção do BCE e do fundo de resgate da zona do euro.
Mesmo assim, diz, “a maior parte das retiradas dos depósitos dos bancos gregos é causada pela recessão, já que pessoas e empresas gastaram os recursos para financiar suas necessidades e pagar empréstimos”. Stournakas acrescenta que “um número crescente de desempregados também tem gasto suas poupanças.”

A retirada dos depósitos dos bancos gregos começou no fim de 2009, logo depois que o novo governo grego, socialista, revelou que o déficit orçamentário era muito maior do que o governo anterior, conservador, tinha admitido. Isso causou uma crise de confiança dos investidores que se espalhou para vários países da zona do euro.
Os depósitos das famílias e das empresas nos bancos gregos cresceram fortemente nos anos posteriores à entrada da Grécia na zona do euro, em 2001, e atingiram um auge de 238 bilhões de euros (US$ 343 bilhões) em setembro de 2009, segundo o banco central da Grécia. Os temores de colapso financeiro causaram um fluxo de retirada constante no ano passado.Em janeiro, o total de depósitos privados nos bancos caíra para 206 bilhões de euros. Em junho estava em 188 bilhões de euros.
Cerca de um terço dos fundos retirados dos bancos foram para o exterior, calcula o banco central grego. Um motivo, dizem analistas, é o temor que o governo fiscalize mais a evasão fiscal, um problema crônico na Grécia e uma das fontes de seus problemas fiscais.
Os depósitos podem ter se estabilizado no momento, dizem economistas, já que o acordo de socorro fechado em 21 de julho parece ter diminuído os temores de insolvência nacional.

Mas ainda há preocupação. Banqueiros e clientes dizem que os bancos têm assistido a uma alta na demanda por cofres bancários de aluguel, bem como de pessoas levando suas economias para casa.
Um poupador azarado foi parar recentemente nas manchetes. Um aposentado da Ilha de Creta que entrou em pânico com a possibilidade de moratória do governo retirou as economias do banco e escondeu o dinheiro numa parede de tijolos de sua casa. Vários meses depois ele descobriu que os ratos tinha roído milhares de euros e devorado a maior parte da poupança.

Luis Nassif

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