Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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  1. Afinal há ou não rombo na Previdência?
    A falácia do rombo na Previdência

    Nos moldes defendidos pelo governo, o sonho da aposentadoria pode virar pesadelo em vida, ou nem isso, porque muitos podem morrer antes de desfrutar um pouquinho sequer dessa conquista. A Previdência Social passaria a ser tão somente um programa de renda mínima, pagando benefícios cada vez menores, abaixo inclusive do piso salarial

    O fim das desonerações das contribuições previdenciárias precisa ser discutido

    É preciso discutir o fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha

    Chega de mentiras. É preciso passar a limpo a atual discussão sobre reforma da Previdência Social. Aliás, falar em “atual discussão” parece até brincadeira, já que é público o fato de que sucessivos governos espalham aos quatro ventos, há anos, o discurso de que o sistema é deficitário e o usam como desculpa para novas alterações. É mentira! Não há déficit e vamos comprovar.

    Primeiramente, a Previdência faz parte de algo maior. Ela integra o sistema de proteção criado na Constituição Cidadã de 1988, chamado de Seguridade Social, que inclui o tripé previdência, saúde e assistência social. Pela Carta Magna, a previdência tem caráter contributivo e filiação obrigatória, a saúde é um direito de todos, e assistência social, destinada a quem dela precisar.

    Esse grande modelo de proteção tem recursos próprios, conta com diversas fontes de financiamento, como contribuições sobre a folha de pagamentos, sobre o lucro das empresas, sobre importações e mesmo parte dos concursos de prognósticos promovidos pelas loterias da Caixa Econômica. Se há anos eles dizem que há déficit, há anos os números mostram justamente o contrário.

    A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP) divulga anualmente a publicação Análise da Seguridade Social e os superávits são sucessivos, a saber: saldo positivo de R$ 59,9 bilhões em 2006; R$ 72,6 bilhões em 2007; R$ 64,3 bi em 2008; R$ 32,7 bi em 2009; R$ 53,8 bi em 2010; R$ 75,7 bi em 2011; R$ 82,7 bi em 2012; R$ 76,2 bi em 2013; R$ 53,9 bi em 2014.

    No ano passado não foi diferente. O investimento nos programas da Seguridade Social, incluídos aposentadorias urbanas e rurais, benefícios sociais e despesas do Ministério da Saúde, entre outros, foi de R$ 631,1 bilhões, enquanto as receitas da Seguridade foram de R$ 707,1 bi. O resultado, mais uma vez positivo, foi de R$ 24 bilhões – nada de déficit!

    Dois fatos chamam a atenção. Primeiro, o saldo positivo em 2015 acontece num ano repleto de dificuldades econômicas, o que mostra a força do sistema de Seguridade Social. Ainda, todos os números divulgados são levantados pela ANFIP com base em dados do próprio governo. Ou seja, os governantes sabem do superávit, mas insistem em usar o discurso do déficit para promover sucessivas mudanças na Previdência, sempre de olho em ampliar (e desviar) o caixa, nunca os benefícios dos trabalhadores.

    Prova de que o governo reconhece o saldo positivo são medidas como as renúncias fiscais com recursos previdenciários e a Desvinculação de Receitas da União (DRU), que sistematicamente retira parte do orçamento da Seguridade Social. Só a DRU, em 2012, usurpou R$ 58 bi das contribuições sociais. O dano é continuado: R$ 63 bi em 2013 e mais R$ 63 bilhões em 2014. Para agravar o cenário, tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição que não apenas prorroga a DRU até o ano de 2023, como amplia de 20% para 30% o percentual que o governo pode retirar dos recursos sociais. Se a medida for aprovada, pode significar a saída de R$ 120 bilhões por ano do caixa da Seguridade.

    Também é preciso enfatizar a importância da Previdência no cotidiano do Brasil. Hoje, são pagos 32,7 milhões de benefícios, incluindo 9,7 milhões de aposentadorias por idade, 7,4 milhões de pensões por morte, 5,4 milhões de aposentadorias por tempo de contribuição e 3,2 milhões por invalidez, entre outros. O peso desses números é enorme, com impacto social e econômico.

    Sem os valores distribuídos pela Previdência Social, boa parte dos municípios brasileiros correria o risco de ir à bancarrota. Hoje, dos 5.566 municípios, em 3.875 (70%) o valor dos repasses aos aposentados e demais beneficiários da Previdência supera o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Mais ainda, em 4.589, ou 82% do total, os pagamentos aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social superam a arrecadação municipal. Ou seja, é com o pagamento aos aposentados que a economia e o comércio dessas cidades giram.

    Números postos e expostos, resta saber a quem tanto interessa falar em déficit previdenciário. Certamente não às trabalhadoras e aos trabalhadores, que são contribuintes e beneficiários do sistema. Enfraquecer a Previdência Social justa e solidária, certamente, interessa ao mercado financeiro, ávido em desmoralizar o modelo público para então emplacar a venda de planos privados.

    É com esse cenário que, mais uma vez, surgem as propostas de reforma da Previdência, como se o sistema fosse um problema nacional – os números aqui expostos comprovam exatamente o contrário, é a Previdência que garante cidadania e movimenta a economia.

    A defesa da reforma nasce como uma espécie de cortina de fumaça para encobrir os problemas reais. Em vez de buscar soluções para o crescimento econômico, como uma efetiva e verdadeira reforma tributária, a revisão do pacto federativo, o estabelecimento de taxas de juros que estimulem o mercado sem empobrecer a população, o governo interino mira o seguro social. Lamentavelmente, prefere atacar a poupança social dos brasileiros e das brasileiras, dinheiro economizado pelos trabalhadores ao longo de toda a vida laboral para, no futuro, gozar da justa e merecida aposentadoria.

    Nos moldes defendidos pelo governo, o sonho da aposentadoria pode virar pesadelo em vida, ou nem isso, porque muitos podem morrer antes de desfrutar um pouquinho sequer dessa conquista. Como falar, por exemplo, em idade mínima, e ainda por cima igual para homens e mulheres, quando vivemos em um país com dimensões continentais, repleto de variadas desigualdades regionais? A título de exemplo, um homem no Pará nasce com a expectativa de vida de 64 anos, enquanto para uma mulher de Santa Catarina esse número ultrapassa os 80 anos.

    Implantada a reforma sugerida pelo governo, a Previdência Social passaria a ser tão somente um programa de renda mínima, pagando benefícios cada vez menores, abaixo inclusive do piso salarial. Isso aconteceria, é bom alertar a todos e a todas, porque o Planalto defende a desvinculação do benefício previdenciário do valor do salário mínimo, ou seja, a aposentadoria poderia ficar menor do que o mínimo e, para piorar, com a absurda tendência de distanciamento cada vez maior entre os dois, já que certamente os governantes proporiam reajustes sempre menores nos benefícios em relação àqueles do salário mínimo.

    Para lutar contra esse verdadeiro ataque à sociedade brasileira é que levamos adiante a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social. Lançado em maio, o movimento suprapartidário, além de senadores da República e de deputados federais, reúne dezenas de entidades de variadas matizes que lutam para proteger a Previdência.

    Para ampliar o debate sobre o tema, a Frente Parlamentar está promovendo audiências públicas em todas as regiões do Brasil – percorrendo o país de um canto a outro para chamar a atenção da sociedade para os efeitos nocivos das propostas do governo. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que ajustes pontuais são importantes para proteger o caixa da Seguridade Social, sempre alvo da cobiça dos governantes.

    Assim, iniciativas como a revisão ou o fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento e a alienação, por leilão, de imóveis da Previdência Social e de outros patrimônios em desuso precisam ser discutidas. Também é necessário exigir o fim da aplicação da DRU sobre o orçamento da Seguridade Social, bem como a criação de um Refis (programa de recuperação fiscal) para a cobrança de R$ 236 bilhões de dívidas ativas recuperáveis com a Previdência Social.

    Ainda, é fundamental melhorar a fiscalização sobre o setor, por meio do aumento do número de auditores fiscais em atividade e do aperfeiçoamento da gestão e dos processos de fiscalização. Também está na hora de rever as alíquotas de contribuição para a Previdência Social do setor do agronegócio, que pode e deve contribuir mais para assegurar a aposentadoria do trabalhador do campo.

    É preciso que a sociedade brasileira vista a camisa e assuma a defesa intransigente e a manutenção dos direitos sociais e a gestão transparente da Seguridade Social, além do equilíbrio financeiro e atuarial da Previdência Social pública e solidária. Só assim poderemos manter o seguro social, o verdadeiro patrimônio dos brasileiros e das brasileiras.

    Paulo Paim é senador (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal

    Vilson Antonio Romero é presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip)

    http://www.teoriaedebate.org.br/index.php?q=materias/mundo-do-trabalho/falacia-do-rombo-na-previdencia

  2. http://cdn1.slideserve.com/25

    http://cdn1.slideserve.com/2523543/suez-canal-crisis-1956-n.jpg

    HÁ SESSENTA ANOS NASSER NACIONALIZAVA O CANAL DE SUEZ – em 26 de Julho de 1956 o Presidente  do Egio,

    Gamal Abdel Nasser nacionalizava o Canal de Suez. Nasser teve recusado seu pedido de emprestimo de 2 bilhões de dolares junto ao Banco Mundial para  financiar a construção da represa e hidroeletrica de Assuwan, por ele considerada obra fundamental para o desenvolvimento do Egito. Com a recusa viu seu projeto politico principal naufragar e como unica alternativa nacionalizou a Companhai Universal do Canal Maritimo de Suez, empresa com sede em Paris mas cujo maior acionista era o Tesouro britanico. A nacionalização desemcadeou a chamada ” Crise de Suez” e em Outubro do mesmo ano uma ação militar conjunta da Inglaterra, França e Israel para retomar o controle do Canal.

    Os Estados Unidos e a União Sovietica agindo em conjunto, algo raro, obrigaram os tres invasores a recuar e desfazer a ocupação do Canal. A crise terminou com a ocupação da Zona do Canal por uma Força de Paz da Onu, com um contigente majoritario de tropas do Exercito brasileiro.

    A nacionalização não gerou as receitas que Nasser esperava porque muitos navios maiores preferiam dar a volta pelo Cabo da Boa Esperança e o Canal sofreu danos de navios afundados durante o conflito.

    Para construir a represa de Assuwan Nasser apelou à União Sovietica que em contrapartida estabeleceu uma especie de protetorado sobre o Egito, dominado seu comercio exterior, que sofria um embargo “branco” da Inglaterra, até então seu maior parceira comercial e da França. A influencia russa sobre o Egito durou até a morte de Nasser e a ascensão de seu sucessor Anuar el Sadat, que tinha uma visão mais pro-ocidental.

    A Companhia do Canal, fundada pelo francês Ferdinand de Lesseps, engenheiro idealizador do canal e tambem do Canal do Panama, foi capitalizada na França mas em 1887 o Banco N.M.Rothschild comprou o bloco de ações que pertenciam ao Khediva do Egito por 4.400.000 de Libras por conta e em nome do Tesouro britanico, com o que o controle da Companhia passou a ser desde então britanico permanecendo a administração francesa.

    O Egito era na época da construção do Canal e até 1918 uma provincia do IMperio Otomano, embora com um soberano local, o Kgediva, cuja dinastia era albanesa, o ultimo Rei foi Farouk, deposto por Nasser em 1952. Desde 1882, quando navios de guerra ingleses bombardearam Alexandria, o Egito tinha uma curiosa situação, era uma provincia turca nominalmente, a cultura da elite era francesa, a moeda e os nomes das ruas eram em francês assim como a Gazeta Oficial mas o controle politico e militar era britanico, tropas inglesas estavam aquarteladas na Zona do Canal, o Rei apontava seu Primeiro Ministro  mas tinha que antes ter a aprovação do Embaixador inglês. Eram tambem inglesas as ferrovias, os bondes, a eletricidade, os bancos, os clubes, os hoteis, entre os quais o mitico Hotel Shepard no Cairo.

    O Egito era um paraiso para a aristocracia inglesa que fugia do frio de Londres no inverno, faziam a viagem do Cairo a Luxo de navios fluviais de luxo, o filme Morte no Nilo do mesmo romance de Agatha Christie mostra essa epoca.

    A terra agriculturavel era da aristocracia turca, no Cairo 300 palacios dessa aristocracia mantinham um intensa vida social, era “de rigueur” ter mordomo  inglês, cozinheiro belga e babás francesas.

    A impensa era dominada por libaneses, o comercio por gregos e judeus, a colinia judaica de Alexandria era de 300 mil,

    a grega de 200 mil, tambem 120 mil italianos, gregos e judeus lá estavam há 2.000 anos, os camponeses eram miseraveis, a base da economia era a exportação de algodão, o melhor do mundo (até hoje).

    Depois da nacionalização a Companhia de Suez com imensas reservas financeiras constituidas pela exploração do Canal   tornou-se um dos maiores grupos economicos da Europa, fundindo-se com o Banco da Indochina e hoje

    é um dos grandes players de energia e gas do mundo, forte no Brasil através de sua subsidiaria  Tractebel que comprou nos leilões de privatização parte das usinas geradoras da Eletrosul. Tambem são do Grupo Suez os dois navios de reigaseificação de gas arrendados à Petrobras que ficam em Pecem no Ceará e em Sepetiba, no Rio de Janeiro.

    Hoje pelo Canal de Suez passam cerca de 50 navios por dia e 300 milhões de toneladas de carga por ano.

    Cento e cinquenta anos após sua construção o majestoso Canal de Suez é ainda uma das maiores obras de engenharia já feitas na Historia, impressiona pela perfeição de seu traçado, considerando que foi construido  em uma época de execução basicamente manual da escavação, na sua inauguração foi apresentada no Teatro do Cairo a opera AIDA, composta por Verdi sob encomenda do Khediva Ismail para comemorar a inauguração do Canal.

  3. http://grandhotelsegypt.com/w

    http://grandhotelsegypt.com/wp-content/uploads/2016/06/68d267eca53c380e34a0e5ee6ab1a693.jpg

    Para atender aos turistas ingleses no Egito foi lá criada por Thomas Cook a primeira agencia de viagens da historia,

    Cook inventou o cruzeiro maritimo, o travelers cheques, as excursões para ver monumentos, os pacotes turisticos

    combinando navio, hotel, excursões de camelos e trens.

    A Wagon Lits Cook criou tambem o carro dormitorio e o carro restaurante nos trens.

  4. Comunicação entre seres humanos e animais selvagens

    Primeiro caso de comunicação entre seres humanos e animais selvagens

    Uma espécie de aves se comunica com os membros de uma tribo africana para procurar mel

      
    El Pais    23 JUL 2016 – 09:44 BRT

    “Em 1588, João dos Santos, um missionário português em Sofala (atualmente Moçambique), via como com frequência um pequeno pássaro passava voando pelas fissuras das paredes de sua igreja para bicar a cera das velas que encontrava dentro. Esse tipo de pássaro, escreveu ele, também tinha o hábito peculiar de conduzir os homens até as colmeias piando e voando de árvore em árvore. Depois que os homens recolhiam o mel, os pássaros comiam a cera que restava”. Essa intuição, registrada há quase cinco séculos, foi relatada num artigo científico publicado nesta quinta-feira na revista Science por Claire Spottiswoode e vários colegas, que comprovaram que era certeira.

    Essa ave a que se referia o missionário se chama pássaro do mel (seu nome científico é Indicator indicator) e o caso de cooperação entre humanos e animais selvagens que foi relatado é uma raridade. As aves aportam sua capacidade de encontrar colmeias e os seres humanos usam fumaça para espantar as abelhas, uma ameaça para os pássaros do mel, que podem morrer de suas picadas. Como conta Spottiswoode, pesquisadora da Universidade de Cambridge (Reino Unido), trata-se de um caso excepcional de comunicação recíproca entre nossa espécie e as aves.

    Os yao, um dos povos de Moçambique, que se entendem com essas aves para conseguir mel, usam um som específico que soa como uma espécie de “brrr-hm” quando querem que os pássaros os levem ao seu objetivo. Essa chamada não é usada em outros contextos. Os cientistas testaram o som para verificar se melhorava as probabilidades de conseguir mel para os humanos em relação a outros tipos de chamada. Como explicam em seu artigo, quando foi emitido o mencionado som em expedições para procurar mel, as aves colaboraram em 66,7% das vezes, muito acima do que aconteceu quando foram emitidos sons de animais, que conseguiram a cooperação em 33,3% das vezes, ou de outras chamadas de humanos, com 25%. Além disso, o resultado final foi muito melhor quando a colaboração foi conseguida com a chamada específica. Em 81,3% dos casos, em uma busca que durava cerca de quinze minutos, chegaram às colmeias, bem acima das vezes que a comunicação começou com outros sons. No total, o som dos buscadores de mel conduziu ao objetivo final em 54,2% dos casos, longe dos 16,7% das outras chamadas.

    Foram observados casos de cooperação entre golfinhos e pescadores para obter mais presas

    “Os resultados mostram que um animal selvagem associa um significado e responde de modo adequado a um sinal humano de recrutamento […], comportamento associado até então a animais domésticos, como cães”, concluem os cientistas. “A principal diferença com os animais domésticos é que esses pássaros do mel são animais selvagens que vivem em liberdade”, explica Spottiswoode ao EL PAÍS. “Os animais domésticos tiveram seu material genético alterado pelos humanos, que selecionaram as características que lhes são úteis”, continua. “É verdade que algumas espécies, como os falcões ou cormorões, cooperam com os seres humanos sem terem sido modificados geneticamente, mas foram especificamente treinados e forçados. Os pássaros do mel, por outro lado, são animais selvagens que cooperam com os humanos sem qualquer controle ou intervenção por parte das pessoas”, conclui.

    O caso dos pássaros do mel é realmente extraordinário e só comparável à relação existente entre alguns golfinhos com pescadores artesanais. Desde o ano 70 de nossa era, quando Plínio, o Velho falou sobre esse tipo de colaboração na província romana de Gallia Narbonensis, na atual costa mediterrânea da França, episódios semelhantes foram relatados. No entanto, a falta de um artigo científico que o comprove impede garantir que se trata de um sistema de comunicação especializado como o das aves e humanos em busca de mel.

    A origem da colaboração entre humanos e aves poderia remontar ao ‘Homo erectus’ de 1,9 milhões de anos atrás

    Spottiswoode sustenta que esse tipo de comportamento das aves é provavelmente inato, embora refinado com a prática. “Os pássaros do mel, como os cucos, botam seus ovos nos ninhos de outras aves para tirar proveito delas, que ainda cuidam dos filhotes, de modo que estes não têm a oportunidade de aprender o comportamento de seus pais”, diz a pesquisadora. Embora seja difícil estimar o tempo necessário para o aparecimento e o desenvolvimento dessa parceria entre humanos e aves, a relação poderia remontar aos primeiros grupos humanos capazes de dominar o fogo necessário para espantar as abelhas. Richard Wrangham, um antropólogo da Universidade de Harvard, sugere que isso poderia ter acontecido com o Homo erectus há mais de um milhão de anos.

    Esse entendimento ancestral entre humanos e animais está desaparecendo em muitas partes da África e se conserva em lugares como a Reserva Nacional de Niassa, em Moçambique, onde a relação entre as pessoas e a vida selvagem ainda é estreita. A reserva, que tem o tamanho da Dinamarca, está ameaçada e com ela um dos poucos casos em que os homens se beneficiaram de trabalhar com outros seres vivos sem submetê-los

  5. Pilotos Brasileiros a Serviço de um Ditador Sanguinário

     Scramble, O Inacreditável… Mágico… Fantástico Realismo Da América Latina.

    Da Seção de Livros.

    Terminei a leitura de um livro divertido, delicioso!

    Tanto prazer de ler quanto em qualquer livro de Gabriel Garcia Marques

    Fácil, leve e muito, muito revelador… (deu até vontade de comer banana, torta de banana, sorvete de banana, banana frita)

    Porque da tendência latino-americana ao realismo mágico, bem a propósito de nosso Brasil atual…

    Trata o livro de um período de dois anos, ocorrido entre 1948 e 1950…

    Quando um grupo de aviadores brasileiros serviu ao maior déspota e tirano que a história pan-americana já registrou!

    Rafael Leônidas Trujillo Molina, ou Rafael Trujillo, como ficou conhecido o sanguinário ditador da República Dominicana, de 1930 a 1961.

    Trujillo foi um desses ditadores reais que nem o gênio literário de Gabriel Garcia Marques conseguiu igualar na ficção…

    Enquanto no livro O Outono do Patriarca, o escritor colombiano constrói a figura de um déspota que se auto-intitula Marechal do Universo, e manda derrubar dois quilômetros de habitações populares só porque impediam a visão livre do mar do caribe que sua amada clandestina desejava ter de sua janela…

    … no caso real, Rafael Trujillo nomeia seu filho, Ramfis Trujillo, coronel das Forças Armadas Dominicanas aos 3 anos de idade!

    E o menino comparece a todos os eventos oficiais do governo vestido a caráter, com farda de gala, e já ostentando algumas condecorações!

    Trujillo também muda o nome da capital dominicana, que se chamava São Domingos, para “Ciudad Trujillo”!

    E é criado nesse ambiente “macondiano” de Realismo Mágico, juntando o poder ilimitado do pai ao mimo paterno, que o menino desenvolve uma personalidade tenebrosa…

    Quando atinge a adolescência, Ramfis não faz ideia de limites…

    Sequer sabe se existem limites à sua vontade…

    Trata as Instituições Públicas do país como se fossem suas…

    E é assim que chego à parte do livro onde se narram os acontecimentos reais mágicos abaixo, algo pra deixar a Macondo, de Cem Anos de Solidão, como um testemunho de fé de uma beata que jurou pelo Pai, pela Mãe, e por sua virgindade, jamais mentir na vida…

    Os pilotos brasileiros dessa pouco conhecida e fantástica história foram contratados a peso de ouro para atacar a Venezuela, do presidente Rômulo Bittencourt, inimigo de Trujillo… (não da Rep. Dominicana)

    Não havia pilotos dominicanos de combate para tal ação…

    Os aviadores brasileiros, que não chegaram a atacar a Venezuela, assumem postos de instrução para formar a Força Aérea Dominicana e ensinar seus cadetes a pilotar…

    E o adolescente Ramfis, depois de suas farras noturnas com amigos bajuladores e meninas a quem desejava impressionar, atraído pelos novos aviões, passa a levá-los à base aérea para um tour de deleite juvenil…

    Invadem áreas restritas, sobem nas asas, tiram fotos, entram nas cabines, mexem nos controles dos aviões, como crianças que brincam com os instrumentos do carro de um pai permissivo…

    Atrapalham o serviço, põem em risco o equipamento, a segurança…

    Podem danificá-los…

    Os homens da base aérea, até mesmo seus oficiais, não ousam nem repreender o jovem Ramfis…

    As conseqüências podem ser mortais.

    A Força Aérea de um país servindo de parque de diversões para adolescentes que desejam impressionar o alvo feminino de suas conquistas…

    E o pior está por vir…

    Num dia qualquer de 1950, o faraônico Ramfis está num cinema…

    Assiste a um filme de guerra, que adora…

    No filme, vê encantado, uma cena de Scramble*…

    Sai do cinema direto pra falar com o Todo Poderoso, seu pai, Rafael…

    Diz que a Força Aérea da Rep. Dominicana precisa instalar um sistema de emergência com plantão de 24 horas por dia, como vira no filme…

    Servirá para defender o País, caso este seja atacado de surpresa por algum inimigo…

    Seu pedido ao pai, como não poderia deixar de ser, é atendido já no dia seguinte…

    Com muita resistência dos pilotos brasileiros, que não vêem nenhuma necessidade de um serviço aéreo de prontidão, o sistema é instalado e passa a ser imediatamente treinado…

    Passado algum tempo, para ver como estava sendo cumprida sua ordem, o Ditador aparece à noite, de surpresa, na Base Aérea e diz que quer testar seu novo “Sistema Nacional de Defesa”, nome pomposo que inventara para quatro modestos aviões AT-6 Texan de treinamento, adaptados rapidamente para servirem de caças e de prontidão aérea para qualquer eventual ataque externo!

    Orientado por um brasileiro, o Ditador aperta o botão da sirene, que emite um daqueles sons típicos de alarme em países prestes a serem bombardeados.

    E fica maravilhado quando vê a movimentação do campo e descobre que seus quatro aviões decolam armados em menos de 8 minutos!

    Corre para o palácio e acorda seu filho para narrar o que vira e dar-lhe os parabéns por tão brilhante ideia!

    E o jovem Ramfis, não cabendo em si de orgulho e auto-deificação, já na noite seguinte, leva seu séquito de bajuladores, amiguinhos e amiguinhas da alta sociedade dominicana para presenciarem o espetáculo de scramble da Força Aérea de seu País, resultado de sua brilhante ideia!

    E lá, na Base Aérea, vemos um janota mimado e “marechalizado”, dono do universo, apertar o botão de alarme de ataque aéreo a um País, apenas para divertimento de sua turma…

    E para grande aborrecimento e desespero do quadro inteiro de pessoal da Defesa Aérea Dominicana, aquilo vira o programa de fim de farra noturna predileto de um sempre alcoolizado jovem senhor, filho do ditador de uma autêntica República de Bananas!

    Tudo fantasticamente como num Realismo Mágico, de temer, como o Brasil.

    Horridus Bendegó

     

     

    * Scramble é um procedimento militar de ultra-emergência em base aérea que aciona um, ou mais pilotos, para entrar em ação imediatamente após alarme dado por alto-falantes.

     

     

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