Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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  1. “O abutre” (“Nightcrawler’)

    Por Ivson Alves do blog Colegunhas, uni-vos!

    O ABUTRE É ELA

    Muito já foi escrito sobre “O abutre” (“Nightcrawler’), de Dan Gilroy, filme baseado na vida dos cinegrafistas que circulam por Los Angeles à noite (“nightcrawler” é um verme, espécie de minhoca, de hábitos noturnos), ligados nas faixas de rádio da polícia e dos bombeiros, atentos a crimes, acidentes, incêndios e outras tragédias sanguinolentas, as quais filmam para vender aos canais de TV, que os apresentam para serem degustados no “breakfast” pelos americanos, junto com o café, as torradas, os ovos e o bacon.

    Os textos centram-se em Lou, personagem de Jack Gyllenhaal, um lúmpen que vive de pequenos golpes, enquanto é recusado por todos os possíveis empregadores, até topar com um “nightcrawler” e encontrar seu caminho pelos subterrâneos do mundo. Sem dúvida a atuação de Gyllenhaal, com sua magreza e olhos fundos e alucinados que não piscam, chama a atenção, mas, para mim, não é o personagem principal – este é Nina, defendida pela exuberante (ainda, aos 60 anos) Rene Russo, esposa do diretor.

    A partir daqui, um monte de “spoilers”, esteja avisado/a.

    Nina é a diretora da noite da emissora KWLA que compra o primeiro dos achados de Lou, vê nele “um bom olho” para cenas de sangue e acaba por ter com o verme noturno uma relação simbiótica. É nessa simbiose que reside, a meu ver, a força e a importância do personagem de Rene, especialmente se encarado sob o aspecto do jornalismo de hoje. Mais representativo deste tipo de jornalismo do que o de Gyllenhaal, na minha ótica.

    Duas cenas mostram essa maior importância, jornalisticamente falando, de Nina sobre Lou. A primeira é o megaesporro que ela dá quando o cinegrafista perde as imagens de um desastre de avião. “Eu quero o que você me prometeu!”, grita ela, descompondo Lou na frente de um operador. Ao assistir a essa cena, juro, vi um editor do Valor berrando com aquele coleguinha que, depois de feito matéria com Venina Velosa da Fonseca – na qual esta, preventivamente, tenta livrar a cara da sua participação nas falcatruas da Petrobras atirando lama nos outros -, não conseguiu mais nada de suas fontes. Após o esporro, Lou pira de vez e simplesmente cria suas próprias cenas de sangue – já nosso valoroso coleguinha arruma um car demitido por justa causa da Petrobras por roubo e o transforma em fonte confiável de uma “denúncia”sem pé nem cabeça.

    A segunda cena é bem no fim. Nela, outro chefe, Frank (Kevin Rahm), dono de consciência ética, informa a Nina que a matança que fez de Lou uma estrela não foi um triplo assassinato de uma tranquila família moradora de um afluente subúrbio angelino, mas um acerto de contas entre traficantes (algo do que, aliás, esse veterano repórter de geral e polícia desconfiou na hora). Nina responde como um editor ou colunista-amestrado do Grupo Globo (ou de outro veículo brasileiro) dizendo que a história que interessa ao canal é a cascata e não a verdade.

    Essas duas cenas mostram que o verdadeiro abutre é Nina. Lou – embora também manipule as vulnerabilidades de veterana de Nina e a tenha à mercê no fim – é apenas um “nightcrawler”, a minhoca norturna usada para fisgar o peixe que o veículos a que serve que comer.

    https://coleguinhas.wordpress.com/2015/01/25/o-abutre-e-ela/

     

     

  2. Uma lição dos gregos aos
    Uma lição dos gregos aos socialistas.
    Um bom alerta a certos partidos de esquerda que contemporizam com a direita não é mesmo?

    Eleitores gregos viram as costas aos socialistas
    Esquerda.Net

    PASOK, que dominou a política grega durante mais de três décadas, deve ficar em 5º ou 6º lugar.

    .O Partido Socialista Pan-Helénico já venceu eleições na Grécia com 48% dos votos, elegendo uma bancada de 172 lugares num Parlamento de 300. Nestas eleições terá em torno de 5% e elegerá um punhado de deputados, marcando assim um inédito processo de afundamento que é quase tão histórico quanto o resultado do Syriza.

    Andreas Papandreu fundou o Pasok em 1974 com base nos grupos de resistência de esquerda à ditadura dos coronéis (1967-1974). Nas primeiras eleições, o partido saltou para os 14% dos votos. Em 1977 já teria 25% dos votos e mais tarde chegaria a 48%.

    Ainda em 2009 o partido venceria as eleições com 43,9%. Mas a crise de 2011 e o apoio ao memorando com a troika e ao compromisso com a política de austeridade iriam destrui-lo com uma rapidez estonteante. Sucessivas expulsões, rupturas, crises provocadas pelo compromisso férreo com a política ditada pela troika que devastou o país, devastaram também o Pasok. A partir destas eleições, o partido do ministro das Finanças do governo da austeridade, Evangelos Venizelos, foi condenado à irrelevância

  3.  Miguel Nicolelis:
     Miguel Nicolelis:  Brain-to-brain communication has arrived. How we did it    

     

    TEDGlobal 2014

    You may remember neuroscientist Miguel Nicolelis — he built the brain-controlled exoskeleton that allowed a paralyzed man to kick the first ball of the 2014 World Cup. What’s he working on now? Building ways for two minds (rats and monkeys, for now) to send messages brain to brain. Watch to the end for an experiment that, as he says, will go to “the limit of your imagination.”

     

     

    http://www.ted.com/talks/miguel_nicolelis_brain_to_brain_communication_has_arrived_how_we_did_it#t-436962

     

     

  4. (Curdistão) Milícias

    (Curdistão) Milícias populares expulsam o Estado Islâmico para fora de Kobane

    https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/01/26/curdistao-milicias-populares-expulsam-o-estado-islamico-para-fora-de-kobane/4 G

    curdistão

    Kobane escreve nas páginas da História

    Por Lusbert (*)

    Finalmente, depois de mais de 4 meses de sofrimento, de interesses geopolíticos da NATO e dos Estados Unidos com a cumplicidade da Turquia, depois de Kobane ter estado só contra o monstro do ISIS (Estado Islâmico) e quando, depois de terem entrado na cidade, parecer um facto consumado a queda de Kobane;  depois de duríssimos confrontos, de numerosas baixas e mortes que deixaram mártires nas fileiras das YPG e YPJ, depois dos seus contra-ataques, os quais conseguiram libertar com esforço e perseverança, pouco a pouco, mais território;  desde que finalmente os Estados Unidos decidiram, face à pressão internacional e às manifestações de solidariedade por todo o mundo, mandar-lhes apoio; depois do apoio de algumas forças do Exército Livre Sírio (ELS) e da entrada dos Pershmerga;  podemos hoje, por fim, celebrar uma grande vitória conseguida através do povo em armas. Um povo com uma larga história de lutas atrás de si e que, depois de ter posto em prática o confederalismo democrático, aprofundou a revolução social e a conquista da autonomia democrática.

    Neste mapa vemos que no dia 25 de Janeiro o ISIS praticamente desapareceu de Kobane e, segundo fontes posteriores das próprias milícias, a cidade já está livre da presença do ISIS:

     Capturar

    Contudo, esta vitória não significa o fim da história. Depois da guerra, grande parte da cidade está em ruínas, em consequência dos intensos combates que ali se travaram, pelo que terá que haver uma árdua tarefa de reconstrução. Por outro lado, o cenário político será distinto: as alianças tácticas que as YPG e as YPG fizeram com outras forças  político-militares como ELS e os Peshmergas poderiam fazer que o regime de Barzani, do Curdistão iraquiano (alinhado com as potências ocidentais e em certa medida em conflito com o modelo confederalista democrático de Rojava) aumente a sua presença em Rojava, assim como poderiam alterar-se as relações entre Al-Assad e o PYD pela participação do ELS neste cenário. A isto há que juntar outro dado: se os Estados Unidos exigirá alguma coisa pela ajuda que deu às milícias curdas ou meterá o nariz no projecto de autonomia democrática de Rojava. Cabe destacar também que este triunfo não significa sequer o fim do ISIS e muito menos do jihaddismo. Os terroristas do Estado Islâmico continuarão a ser uma ameaça enquanto continuem a chegar às suas fileiras mais militantes e continuem a ter mais apoios e munições.

    Apesar de tudo esta vitória é uma grande injecção de moral e anima o resto dos povos do mundo a continuarem a luta pela emancipação social. Para mais é uma grande lição que corrobora o facto da guerra e da revolução se fazerem ao mesmo tempo e que será o povo a ser o seu próprio actor político.

    (*) Anarquista social, de tendência comunista libertaria e com certa simpatia pelo anti-desenvolvimentismo e pelo veganismo. Colaborador de regeneracionlibertaria.org

    Aqui: http://www.regeneracionlibertaria.org/kobane-escribe-en-las-paginas-de-la-historia

    kobani

  5. Aristóteles: Democracia é deturpação do regime constitucional

    Os Regimes políticos e as Formas de governo segundo Aristóteles

     

    http://www.brasilescola.com/filosofia/os-regimes-politicos-as-formas-governo-segundo-aristoteles.htm

    do livro A Política de Aristóteles (Melhor ler o livro)

    Em sua obra “Política”, Aristóteles distingue regimes políticos e formas ou modos de governo. O primeiro termo refere-se ao critério que separa quem governa e o número de governantes. Temos, pois, três regimes políticos: a monarquia (poder de um só), a oligarquia (poder de alguns poucos) e a democracia (poder de todos). O segundo (as formas de governo) refere-se a em vista de quê eles governam, ou seja, com qual finalidade. Para o filósofo, os governos devem governar em vista do que é justo, de interesse geral, o bem comum. Sendo assim, são classificadas seis formas de governo: aquele que é um só para todos (realeza), de alguns para todos (aristocracia) e de todos para todos (regime constitucional). Os outros três modos (tirania, oligarquia e democracia) são deturpações, degenerações dos anteriores, ou seja, não governam em vista do bem comum.

    Aristóteles faz uma análise crítica do meio pelo qual é distribuído o poder nas cidades (a cada um é dado o poder proporcional que lhe cabe). Para aqueles que assim pensam, a cidade se torna um modo doloroso da vida individual. Aristóteles, ao contrário, acredita que a coexistência política é o maior bem. Para os oligarcas e os democratas, “melhor seria viver sozinho, mas isso não é possível: precisamos do poder de todos para proteger o de cada um e dos outros” (Francis Wolff). A cidade se baseia na amizade e na não afeição, e não em um meio de defesa, pois não se trata do interesse de cada um, mas da felicidade de todos.

    Aristóteles propõe então cinco possibilidades de candidatos ao poder: a massa (pobre), a classe possuidora, os homens de valor, o melhor homem e o tirano. Este é descartado por seu poder ser baseado na força. A massa poderia privar os outros em nome de si. A minoria possuidora governaria por interesses próprios. Os homens virtuosos ou mesmo o melhor homem excluiria os outros da decisão. A princípio, Aristóteles acredita que o poder deve ser de todos os cidadãos. Mas essa democracia tem algumas restrições.

    Na democracia do tipo aristotélica, o povo é soberano. Todavia, existe uma restrição no conceito de liberdade, pois viver como bem entender contraria esse conceito para Aristóteles. As leis são a liberdade, a salvação, pois a partir do momento em que o povo faz o que quer, como se nada fosse impossível, a democracia se torna uma tirania. Viver como bem entender torna a democracia um individualismo, contrário ao que é o bem comum.

    A democracia segundo Aristóteles deve então ser totalmente soberana, mas com duas limitações: não deve ir além dos órgãos de deliberação e julgamento, pois estes são poderes coletivos expressos em uma constituição (o conjunto do povo é superior a cada um dos indivíduos) e não exigem competência técnica; a segunda limitação é o dever de agir de acordo com as leis.

    O filósofo põe em questão dois pontos:

    O homem excepcional (o rei);A regra geral (as leis).

    O rei está sujeito às paixões, mas pode se adaptar aos casos particulares; já as leis são fixas, racionais, mas não se adaptam a todas as situações em particular.

    Assim, Aristóteles mantém a ideia de que o povo delibera e julga melhor que o indivíduo, mas com o pré-requisito de que exista um número suficiente de homens de bem para qualificar as decisões, caso contrário, a realeza se mostra necessária.

    Por João Francisco P. Cabral
    Colaborador Brasil Escola
    Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU
    Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

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